22 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

INTERVENÇÂO EDUCATIVA SOBRE SAÚDE MENTAL NO EQUIPE BÁSICA DE SAÚDE MARLET NÓBREGA DA LUZ

 

DISCENTE: RICHARD CARVAJAL CASTRO

ORIENTADORA: DANIELE VIERA DANTAS

 

A tarefa de proteger e melhorar a saúde mental da população é complexa. Ainda que se tenha alcançado grandes avanços na compreensão e no tratamento das doenças mentais, o estigma que as rodeia ainda persiste. O médico de família também desempenha um papel importante na reintegração da pessoa com doença mental na sociedade, mas nem sempre é possível diferenciar com clareza uma doença mental de um comportamento normal.

A Política Nacional de Saúde Mental busca consolidar um modelo de atenção à saúde mental aberto e de base comunitária. Isto significa uma mudança do modelo de tratamento: no lugar do isolamento, o convívio com a família e a comunidade, e por isso que atualmente a família de uma pessoa com doença mental envolve-se mais do que nunca no tratamento.

Dada a proximidade com a comunidade, é necessário que nossa equipe de saúde da família tenha um meio específico para melhor cuidar desses pacientes, uma vez que necessitam de atenção especial. Isso significa que poderia ser um guia para que toda a equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS), em conjunto, participasse com os demais sistemas de atenção dos pacientes com doenças psiquiátricas, para garantir que nosso serviço de saúde seja capaz de receber os primeiros pacientes, dar uma solução para o problema e, se necessário, encaminhar o paciente para outro nível de atendimento como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), de maneira rápida e eficaz.

A fim de realizar uma avaliação integral da situação atual de nossos pacientes, na qual toda equipe da UBS participe, identificamos durante o ano que existem dificuldades que também são fatores de risco para agravar doença existente ou causar o surgimento de outras, tais como: eventos estressantes da vida, desemprego, uso excessivo de substâncias incluindo medicamentos, que pode causar situações de violência e aumentar a desigualdade social e a rejeição da sociedade em relação a essas pessoas.

Muitos fatores estão relacionados com a prevenção de doenças mentais, entre elas a promoção de estilo de vida saudável, a alimentação correta fornece boa nutrição, os exercícios físicos de acordo com as necessidades da pessoa e campanhas feitas para a prevenção do consumo de álcool e tabaco são ações necessárias para se ter uma saúde mental de qualidade.

Temos a garantia de que é melhor e mais produtivo evitar do que curar, portanto a importância da prevenção dessas doenças deve ser realizada em todos os níveis, começando pelos centros educativos, espaços públicos onde podemos reunir um grupo de pessoas e poder explicá-las, mostrá-las e convencê-los do que podem fazer com relação a esse assunto. A educação das pessoas, especialmente nessas questões de saúde, é fundamental, pois uma pessoa educada tem uma arma forte para enfrentar as dificuldades da vida.

Conseguimos um estreito vínculo entre nossas instituições de saúde, especialmente com os CAPS. Este centro em nosso município realiza um trabalho maravilhoso com esses pacientes, conseguiu reunir um grande grupo e reintegrar a sociedade, realizar atividades culturais, trabalhos comunitários, atividades de exibição, entre outros. Não podemos dizer que a rejeição que algumas pessoas manifestam por essas pessoas desapareceu completamente, mas podemos dizer que elas são muito menos persistentes com essas idéias.

As doenças mentais podem estar presentes em todas as idades, desde a criança até o idoso, por isso o nosso trabalho abrange todas as faixas etárias. Decidimos que seria muito produtivo estreitar ainda mais nosso vínculo com esses pacientes, discutir os casos mais vezes com o CAPS, mas sobretudo com a família, porque sabemos que quando esses pacientes são rejeitados pela família, são isolados ou são hospitalizados por longos períodos de tempo e estas doenças pioram o seu quadro. É por isso que nosso trabalho diário é baseado na reincorporação social e familiar desses pacientes.

Acredito que nossas ações foram satisfatórias neste ano, uma vez que nossa Equipe de Saúde da Família teve a oportunidade de cuidar de nossos pacientes com doenças mentais, alguns deles com uma longa história de evolução. Esses pacientes geralmente são caracterizados por pouco interesse no que acontece ao seu redor, importando-se apenas em autorizar seus medicamentos e a equipe da UBS trabalha para eliminar essa desmotivação. Para controle desses medicamentos, em nossa unidade, temos uma ficha conforme abaixo.

DADOS  COMPLETOS DO PACIENTE

DATA:

NOME

CPF:

CARTÃO SUS:

ENDEREÇO:

BAIRRO:

MEDICAÇÃO:

MEDICO:

CRM:

 

Na UBS, existem diversos casos e sintomatologia, no entanto a equipe discutiu o caso de paciente do sexo feminino, 52 anos, hipertensa, de Currais Novos, divorciada, vendedora, desempregada há menos de 6 meses. Ele mora com sua mãe idosa e um filho alcoólatra e fumante, também desempregado, que deixou a escola muito pequenho e repetidamente se reúne com membros de gangues de drogas, fato que o fez ser preso várias vezes. Ela compareceu a consulta sozinha, com um olhar que mostra sentimentos de grande tristeza e queixando-se de “falta de vontade de continuar vivendo”.

Quanto a história da doença atual, relata que a mais de 1 ano perdeu o emprego e sofreu uma crise de depressão, iniciou acompanhamento com psicóloga e melhorou utilizando terapia floral. Mudou de emprego passando a cuidar de dois idosos, porém com a morte destes, tornou a descompensar o quadro clínico. Seu único filho é usuário de drogas, o que causou uma deterioração no seu relacionamento conjugal porque ela protegia o comportamento negativo do filho e há 6 meses o marido a deixou, causando grande depressão, sentimentos de desespero e falta de interesse pela vida. Nos últimos meses intensificou as consultas com psicólogo, não apresentando melhora. Quando perguntada se faz algum tratamento, respondeu que um amigo lhe disse para tomar Rivotril (2,5mg/ml). Avaliando a paciente e a complexidade do caso, foi necessário encaminhá-la ao CAPS para uma avaliação abrangente por equipe multidisciplinar. Felizmente nossa UBS tem um NASF atuante na demanda de pacientes com doenças mentais que realiza um excelente trabalho.

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