4 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

TÍTULO: ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL NA APS EM SANTO AMARO DAS BROTAS (SE)

ESPECIALIZANDO: RAFAEL CINTRA ALCOLEA

ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO

 

    Desde os anos setenta e acompanhando a trajetória da reforma sanitária, o processo da reforma psiquiátrica vem  alterando conceitos e práticas na atenção aos transtornos mentais no país. O foco fundamental deste movimento é a desinstitucionalização, sendo sua luta principal a redução do número de leitos nos manicômios e a implementação de ampla rede comunitária de serviços substitutivos (BRASIL, 2007).

     Neste sentido a Atenção Básica de Saúde desempenha um importante papel no processo da reforma psiquiátrica brasileira. É bom destacar que nosso município Santo Amaro das Brotas tem uma população que não supera os 20.000 habitantes pelo que não dispõe de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico, tais como: os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

     Por tal motivo foi pactuado abrir um CAPS regional localizado no município  mais próximo geograficamente (Maruim), para o atendimento de pessoas com problemas de saúde mental, pertencentes aos municípios Santo Amaro Das Brotas e Maruim; e assim alcançar o limite populacional orientado pelo Ministério de Saúde.

    O mesmo foi aberto desde o 2006 com atendimento para pessoas de toda faixa etária que sofrem transtornos mentais severos e persistentes e usuários de álcool e outras drogas. 

    O pessoal de nosso município com problemas de saúde mental é direcionado ao CAPS em transporte público duas vezes por semana. O CAPS Funciona de manhã e de tarde, durante os dias úteis da semana. A equipe multiprofissional do CAPS está composta por um médico psiquiatra, uma enfermeira com formação em saúde mental, uma psicóloga, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, psicopedagoga, professora de educação física entre outros profissionais necessários ao projeto terapêutico.No CAPS os casos de urgência psiquiátrica são encaminhados para a Unidade de Urgência Clínica e Mental do Hospital São José, localizado na capital do Estado de Sergipe.

Dentro das atividades propostas no centro para os pacientes podemos destacar:

 

v  Atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior ou nível médio.

v  Visitas domiciliares.

v  Atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros).

v  Atendimento à família.

v  Atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, entre outras).

 

    Em nosso município existe uma alta demanda de atendimentos em saúde mental. Ao enfrentar esta problemática decidimos encaminhar ações que permitam melhorar a linha de cuidado em Saúde Mental. No premer momento foi criada uma ficha espelho ou planilha onde fica o registro com as informações de nossos usuários que fazem uso de medicações controladas (psicotrópicos), sendo necessário apresentar ela na reunião da equipe do mês em curso, onde se elaboraram as estratégias necessárias para no transcurso do ano completar as informações.

    Nesta ficha conta com os seguintes dados pessoais como som a identidade pessoal, data de nascimento, cartão nacional de saúde, endereço e telefone de contato. Depois disso, descrevemos em formato de tabela os diagnósticos, com os medicamentos, apresentação e as doses terapêuticas, numa sequência lógica, com avaliação ou não pelo psiquiatra.Além disso, decidimos colocar também em forma de tabela as datas das consultas médicas agendadas para obtenção de receita de psicotrópicos e comparecimentos, para ter um maior controle da adesão ao tratamento.

    Podemos demonstrar como funciona o acionar terapêutico dos pacientes de saúde mental em nossa área com um exemplo simples de um caso em estudo.   Trata-se de um paciente de 65 anos, sexo masculino, casado, nível superior completo,aposentado, que mora com sua esposa, de 54 anos profissional da área de saúde, nível superior completo. Ele, desde a aposentadoria, há cerca de 2 anos, apresentava-se desanimado, sem interesse em participar de qualquer atividade laborativa, com perda de libido e tendendo a isolar-se socialmente, mais sentimentos de tristeza, ideias negativistas ou de morte. Todo isso foi encontrado no paciente em uma consulta de demanda espontânea não programada, pelo que foi necessária uma mobilização integral em saúde mental para realizar a construção de sua linha de cuidado.

     Para a construção da linha de cuidado, agendamos consulta ao usuário para o outro dia, avaliamos a ele, e a equipe toda determinou que deveria ser avaliado pelo psiquiatra. Se fez a coordenação com o CAPS regional, se agendou consulta para o outro dia, foi avaliado e medicado, e o psiquiatra retornou à ligação para o posto de saúde para nos informar que decidiu incorporar psicoterapia e atividades físicas, como tratamento adjuvante não farmacológico, e que o acompanhamento do usuário fosse em conjunto com o posto de saúde, e desta forma, ele está compensado, melhorando sua qualidade de vida.

     Assumir um compromisso com todos os pacientes de nossa área é uma forma de responsabilização em relação à produção de saúde, à busca da eficácia das práticas e à promoção da equidade, da integralidade e da cidadania, efetivando os princípios do SUS.

 

 

Referências

 

BRASIL.Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde/DAPE. Saúde Mental no SUS: acesso ao tratamento e mudança do modelo da atenção. Relatório de Gestão 2003-2006. Brasília: Ministério da Saúde; 2007.

 

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