SAÚDE MENTAL NA VIVÊNCIA DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA
ESPECIALIZANDO: MAYLIN AROCHE RAMIREZ
ORIENTADORA: DANIELE VIEIRA DANTAS
Quando cheguei na Unidade Básica de Saúde (UBS) Frutilândia II, município de Assu, Rio Grande do Norte (RN), onde trabalho atualmente, já havia ocorrido a avaliação do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), então já existiam os documentos exigidos, dentre eles os arquivos de saúde mental.
No decorrer do tempo em que estou trabalhando nesta Unidade, tomei conhecimento sobre o que é o PMAQ-AB e sobre os seus principais objetivos, bem como sobre os objetos avaliados. Assim, conheci as fichas que foram utilizadas na avaliação, que servem para facilitar o trabalho da equipe.
No que diz respeito a saúde mental, foi feito um arquivo contendo os principais dados dos pacientes, tais como o nome, data de nascimento, medicamentos de uso continuo, número do prontuário e o Agente Comunitário de Saúde (ACS) de sua área.
Diante disso, foram realizadas reuniões com a equipe para que pudéssemos melhor organizar os registros dos pacientes de saúde mental. Considerando que nem todos os usuários frequentam a UBS, os ACS fizeram o trabalho de busca ativa deles nas residências e foi feita uma lista atualizada com todos os usuários.
Com os novos dados, foi possível conhecer melhor a situação de cada paciente, quais os casos mais graves, quais deles frequentam a Unidade e quem são aqueles que fazem acompanhamento em outras referências.
Em relação ao acompanhamento dos pacientes, este é realizado no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), geralmente os casos mais simples são agendados a cada três meses e os mais complexos, mensalmente.
A renovação das receitas controladas é feita por mim na UBS. O dia de renovação das receitas controladas dos usuários faz parte do cronograma médico e é realizado nas sextas-feiras, à tarde. As consultas são agendadas no decorrer da semana, geralmente são marcados 15 usuários. Para a renovação é necessário que o paciente traga a comprovação do uso da medicação. Em geral, os usuários possuem uma carteirinha de controle medicamentoso, além disso, faz-se necessário deixar no ato do agendamento uma cópia da receita anterior, com isso torna-se mais fácil a prescrição.
É importante que estes pacientes em uso contínuo de medicação controlada, sejam avaliados regularmente pelo especialista, então é feito encaminhamento a cada três meses, para que seja feita uma avaliação mais detalhada do usuário, da medicação e posologia utilizada.
Como em qualquer atendimento existem dificuldades, e em saúde mental não é diferente, principalmente porque a demanda de pacientes é muito grande, em toda a cidade do Assu. Existem muitos pacientes dependentes de medicação controlada, muitos que nem procuram tratamento.
Há pessoas que não querem parar a medicação, como exemplo os pacientes que fazem tratamento para ansiedade e o médico avalia que já podem deixar o medicamento. Essas pessoas acreditam que se parar de tomar a medicação ou diminuir a dosagem vão adoecer novamente e assim permanecem em uso desses medicamentos.
Diante da experiência acima relatada, vejo como maior problema que a crescente demanda de usuários de psicotrópicos. Na Unidade, após a atualização da lista de usuários vejo pacientes cada vez mais jovens e até crianças que já tomam medicação.
Outro problema identificado é em relação a falta de informações sobre os usuários de crack e outras drogas. Existe uma dificuldade muito grande em captar essas pessoas, isso acontece talvez por medo, pois eles pensam que serão denunciados.
Sobre essa questão foi pensado uma forma de como resolver e foi visto que a melhor solução seria um trabalho individual com o usuário e a família, começando pela presença do ACS em suas residências. A figura do Agente é muito importante porque eles estão mais presentes na área e possuem um vinculo maior com a comunidade.
Um caso que chama a atenção e foi discutido pela equipe, nesta microintervenção, é de um adolescente com 16 anos que está com depressão, não quer sair de casa, não quer contato com outras pessoas e deixou até mesmo de estudar. Tomamos conhecimento deste caso através da mãe do rapaz, que procurou a Unidade com medo do filho fazer algo contra a própria vida.
Então, com a ajuda da equipe do CAPS, enfermeira e psicóloga, realizamos uma visita em sua residência e foi feito o encaminhamento para a Unidade de referência, enquanto isso a equipe da UBS mantém o acompanhamento através de visitas domiciliares. Continuamos com o apoio dos profissionais do CAPS e a melhora do jovem já é visível.
Por fim, vejo que a saúde mental é um dos principais desafios na Atenção Básica, na minha realidade se dá principalmente por essa alta demanda e muitas vezes pela falta de entendimento da população. Porém foi visto que a atualização dos dados foi melhor para conhecer os usuários e os seus problemas, sendo assim, mais fácil de atendê-los.
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