Titulo: Analise da Atenção à Saúde Mental na Atenção Primária à Saúde na UBS Marechal Deodoro da Fonseca . Brejo Grande. Sergipe.
2018
Especializado: Lisandra Ruiz Jimenez
Orientador (a) :Maria Helena Pires Araújo Barbosa
Este relato de experiência irá abordar a organização da rede de saúde mental na UBS Marechal Deodoro Da Fonseca do município de Brejo Grande do estado de Sergipe.
O objetivo fundamental da experencia está em lutar pela melhoria do atendimento, por parte da equipe, aos usuários que sofrem das doenças mentais. Identificando as debilidades e fortalezas do programa em nossa equipe.
A importância da intervenção em nossa UBS está no incremento dia a dia das doenças mentais no mundo tudo, na américa latina e no brasil. É relevante a prevalência mundial e nacional de transtornos mentais diagnosticados na APS, chegando a um terço da demanda, taxa esta que alcança e até ultrapassa os 50% quando se inclui o sofrimento difuso com sintomas psiquiátricos subsindrômicos. Os transtornos mentais são frequentes na população e mais prevalentes no sexo feminino, entre indivíduos com baixa escolaridade, baixa renda, tabagistas e mulheres vítimas de violência (Vidal 2013)
A depressão é uma doença mental que afeita ao mundo todo e as cifras vão em aumento. Aproximadamente 322 milhões de pessoas ,4,4% da população do mundo já foram diagnosticados, 18% mais que 10 anos atrais e aproximadamente 264 milhões sofrem de transtornos de ansiedade, 15% por encima que uma década atrais (2005-2015). A depressão é uma das causas mais comuns de incapacidade, ausências laborais e de perdidas económicas importantes. É mais frequente em mulheres, com uma incidência do 5,1% em comparação com os homes com uma incidência do 3,5% e a prevalência é maior entre adultos.
Brasil encabeça a lista dos países de Latino América com um 11,5 milhões da população deprimida o que representa o 5,8 % do total superando assim a média mundial, lidera também os transtornos de ansiedade, com um 9,3% do total da população brasileira, aproximadamente 18,6 milhões. (Carumbula 2017)
No município de Brejo Grande a equipe 001 brinda serviços de saúde a um total de 5038 usuários. A UBS posei o registro dos usuários em uso crônico de benzodiazepínicos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, antidepressivos e estabilizadores do humor com um registro de 221 usuários dependentes de esse grupo de medicamentos, o que representa o 4,6% do total dos usuários um alto grau do uso indiscriminado de medicamentos psicotrópicos, o que coincide com a situação mundial e nacional; órgãos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Internacional Narcotics Control Board (INCB), têm alertado acerca do uso indiscriminado e do insuficiente controle de medicamentos psicotrópicos nos países em desenvolvimento. No Brasil, esse alerta foi reforçado por estudos que mostraram uma grave realidade relacionada ao uso de benzodiazepínicos. (Wanderley 2013)
A UBS posei também o registro dos casos mais graves com um total de 23 casos, deles os diagnósticos com maior prevalência são a esquizofrenia paranoide (CID 10:F 20) com um total de 7 casos, seguido por o transtorno bipolar, transtornos dissociativos, transtorno de pânico, transtorno de ansiedade e retraso mental. Dos casos mais graves, no momento da intervenção, temos um caso em ingresso no Hospital Psiquiátrico do estado de Sergipe com o diagnóstico de esquizofrenia paranoide. Em no transcurso do ano temos registro de 4 intentos suicidas todos em mulheres menores de 30 anos.
No registro dos usuários consumidores de álcool e outras drogas temos um total de 42 alcoólatras, e de 29 usuários que usam outras drogas, deles temos somente um ingresso para desintoxicação. Certamente é uma realidade, e temos conhecimento de isso, que existe um sub registro tendo em conta as características dessas doenças e do impacto biopsicossocial do uso de substancias, não todos os usuários reconhecem o uso, nem para eles nem para nós.
Os usuários com doenças mentais são identificados, já seja pela família ou amigos, os agentes comunitários de saúde o pelos professionais da UBS em consulta, são agendados para consulta ou atendidos no dia, já seja em consulta ou na casa do usuário, tendo em conta a particularidade de cada caso, do mesmo jeito são encaminhados para os serviços especializados da Rede Psicossocial.
O município não tem Núcleo de Atenção à saúde da família (NASF), estamos na espera do credenciamento do Ministro da Saúde.
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de referência de nosso município é o CAPS do município de Pacatuba, onde são atendidos os usuários de três dos municípios vizinhos, nesse CAPS se oferece atendimento diário de adultos com transtornos mentais severos e persistentes, o que o classifica como II. O CAPS realiza Encontros Matriciais onde debatemos os casos novos e os mais preocupantes, também aproveitamos os encontros para incrementar o treinamento e os conhecimentos dos professionais da UBS.
Ademais dos encontros matriciais do CAPS a equipe se há reunido em mais de uma ocasião para discutir a politica da atenção da saúde mental, no mês passado a equipe se reuniu para discutir novamente a política da atenção da saúde mental, discutimos a forma do agendamento das consultas tendo em conta a particularidade de cada um dos usuários, a necessidade de diminuir mais o tempo de espera para o primer atendimento de pessoas em sofrimento psíquico na UBS, a urgência de realizar ações para os usuários com uso crônico dos medicamentos.
Na Etapa I da intervenção a equipe melhorou o instrumento para registrar as informações do programa tendo em conta a necessidade do que o instrumento fosse simples e mesmo assim tivesse a capacidade de documentar as relações com os pacientes. Sendo assim, o instrumento foi mostrado à equipe e foi avaliado por todos. Depois da discussão quedaram confeccionadas a Ficha do Registro dos usuários consumidores de álcool e outras drogas (Quadro 1) e a Ficha do Registro dos usuários consumidores de psicotrópicos (Quadro 2).
Em uma Segunda etapa rediscutimos um caso real, de forma anônima, que foi discutido no Encontro Matriciais do passado mês, com necessidade de atenção integral, para lembrar novamente a linha de cuidado assim como a rede de serviços da saúde mental e como ocorre a referência e a contra referência e a importância da comunicação com os serviços de saúde mental.
A conversa da equipe sobre os instrumentos e a linha de serviços da saúde mental foi amplia, discutimos várias temáticas no assunto coisas que sempre e importante falar para o atendimento dos usuários com doenças dessas caraterísticas: a importância do vinculo da equipe com o paciente e a família, a singularização do atendimento.
Discutimos a necessidade do treinamento continuo dos professionais e o conhecimento especifico sobre o assunto para garantir a integralidade do atendimento. É importante atuar como terapeutas e gestores da atenção dos pacientes referenciando aos serviços especializados ademais da humanização no atendimento do sofrimento humano.
A equipe discutiu novamente o abuso dos medicamentos assim como o auge da dependência pelo que se faz urgente aumentar as ações de saúde nas pessoas que fazem uso crônico dos medicamentos assim como com as famílias, sobre as consequências para a saúde. Aproveitando a oportunidade que as consultas desses usuários sejam agendadas em grupo, assim podemos fazer um grupo para discutir com eles o que sabem dos remédios.
A equipe discutiu o aumento de casos de intentos suicidas no que vá de ano , que comparando com o ano anterior e maior , da intervenção saímos com uma estratégia para a intervenção em grupos de idade com risco, assim como com os familiares dos usuários que já são identificados como risco suicida, com o apoio dos especialistas do CAPS.
Depois de muito discutir identificamos as maiores dificuldades do programa da atenção na saúde mental na UBS. A maior de todas que não depende do nosso trabalho é o feito que não temos ainda NASF. Outra das dificuldades, esta que pelas características dos usuários que apresentam este tipo de doenças, se faz difícil a aproximação a eles, sobre todo aos usuários de drogas e muito mais o registro deles na ficha.
A maior potencialidade do programa na nossa equipe é o apoio e os encontros matriciais do CAPS assim como como o interesse da equipe e dos gestores no melhoramento do programa. Outra das potencialidades foi que com o caso apresentado na etapa II da intervenção se demostrou a preparação da equipe para a resposta rápida e a atenção integral, além de que ainda precisamos melhorar muito vamos a continuar o treinamento com mais casos problemas, já que a equipe mostrou um melhor desenvolvimento com essa dinâmica.
Ao finalizar a intervenção discutimos sobre o importante papel da APS no diagnóstico precoce assim como no início rápido do tratamento a manutenção e a reabilitação dos usuários com problemas de saúde mental, e a importância que temos na reinserção das pessoas na sociedade. Esclarecemos que a APS tem como tarefa a detecção, o diagnostico e o manejo dos casos simples e referência dos casos que não podem ser acompanhados a esse nível.
Referencias
Carumbula Patricia.Colombia Depressão em América Latina Rev Sanar 16 outubro 2017[serial on the internet].2017 [cited 2018 junho 15] Available from https://www.sanar.org/depresion/depresion-en-america-latina
Vidal CEL, Yañez BFP, Chaves CVS, Yañez CFP, Michalaros IA, Almeida LAS. Transtornos mentais comuns e uso de psicofármacos em mulheres. Cad Saúde Colet [serial on the internet]. 2013 [cited 2018 junho 15];21(4):457-64. Available from :http://www.scielo.br/pdf/cadsc/v21n4/v21n4a15.pdf
Wanderley TC, Cavalcanti AL, Santos S. Práticas de saúde na atenção primária e uso de psicotrópicos: uma revisão sistemática da literatura. Rev Ciênc Méd Biol [serial on the internet]. 2013 [cited 2018 junho 23];12(1):121-6. Available from: http://www.portalseer.ufba.br/index.php/cmbio/ article/view/6774
Apêndices
Quadro 1: Ficha de Usuários dependentes de drogas. UBS Marechal Deodoro Equipe 1Brejo Grande.SE
M.A* |
SUS |
NOME |
DN** |
Dependência |
Acompanhamento |
Tempo de uso |
Quantidade |
Tratamento |
|
Álcool |
Outras drogas |
||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Fonte: Elaborado pelo autor.
*Micro área
**Data de nascimento
Quadro 2: Ficha dos usuários que usam psicotrópicos. UBS Marechal Deodoro Equipe 1 Brejo Grande. SE.
M.A* |
SUS |
NOME |
DN** |
Última consulta |
CID 10 |
Tempo de uso |
Psicotrópico |
||
CAPS |
UBS |
Particular |
|||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Fonte: Elaborado pelo autor.
*Micro área
**Data de nascimento
Ponto(s)