TITULO:Melhorando a saúde mental da população santanense.
ESPECIALIZANDO: Ladys Elena Jimenez Acanda
ORIENTADOR: Cleyton Cézar Souto Silva
No Brasil são muitas as pessoas que buscam ajuda profissional por causa de sofrimento mental, geralmente com queixas de tristeza e/ou ansiedade. Cerca de uma em cada quatro pessoas que procuram a Atenção Básica tem algum transtorno mental. Alguns estudos mostram que se incluirmos também aqueles que têm um sofrimento mental pouco abaixo do limiar diagnóstico (os chamados casos subclínicos) a proporção chega a uma pessoa em sofrimento a cada duas pessoas que procuram a Atenção Básica, cifra bastante alarmante como para não menosprezar os pacientes com essas doenças procurando ajuda profissional BRASIL, 2013).
Entendemos que a saúde mental não está dissociada da saúde geral. E por isso faz-se necessário reconhecer que as demandas de saúde mental estão presentes em diversas queixas relatadas pelos pacientes que chegam aos serviços de saúde, em especial da Atenção Básica. Cabe aos profissionais da equipe o desafio de perceber e intervir sobre estas questões (BRASIL, 2013).
Devido à alta procura pelos serviços especializados em saúde mental, e a consequente fila de espera, essa demanda acaba retornando à UBS que se constitui em único meio de acesso disponível. Assim, forma-se a demanda reprimida que retorna em busca de atendimento. Essa é uma dificuldade enfrentada pelos profissionais, mas principalmente pelos usuários, que, não tendo sua necessidade atendida, transitam pelo sistema. Assim, há uma sobrecarga dos serviços em decorrência da ausência de resolutividade que, por sua vez, potencializa o sofrimento dos usuários e familiares (PAIANO, 2016).
No nosso município infelizmente não contamos com uma Rede de atenção psicossocial bem estruturada, somente existe um Centro de Atenção Psicossocial para dependentes de Álcool e outras drogas (CAPS AD), um Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPS I) para crianças e adolescentes até 18 anos, não contamos com CAPS para adultos, tendo só um Psiquiatra no município que trabalha numa UBS de referencia, atendendo os casos que são encaminhados desde todas as unidades, ficando insuficiente em relação á alta demanda de pacientes que procuram ajuda profissional e precisam ser avaliados pelo especialista.
Em relação aos requisitos mínimos que solicita o PMAQ, considero que a unidade cumpre com os mesmos, mais os registros não são feitos com a qualidade requerida, faltando muitos dados importantes neles, existindo também um número importante de pacientes sem cadastrar. Para dar solução a esse problema a equipe aproveitou o ambiente programado para a reunião na quinta feira no horário da tarde, e foi construída uma planilha ou ficha espelho onde foram esplanados mais detalhadamente todos os requisitos que o PMAQ solicita no momento da entrevista; dito instrumento teve uma aceitação positiva por cada um dos membros da equipe, e o cadastro dos pacientes começou ser feito ao dia seguinte da reunião. Até o momento tem se evidenciado algum avanço em quanto ao cadastro, mais como ponto negativo, acho que o trabalho esta indo muito devagar devido á complexidade dos pacientes que são usuários de álcool e drogas, pois muitas vezes se negam a oferecer a informação que se precisa e a cooperar com o ACS.
Na segunda parte de nossa micro intervenção foi construída uma linha de cuidado para um paciente de nossa área de abrangência que precisou uma atenção integral em saúde mental. Tratou-se de um paciente de 52 anos, casado, não trabalha, mora com seus pais idosos e hipertensos, e com sua esposa que não tem nenhuma doença, ele é usuário habitual de álcool sem tratamento, que começou há seis anos com uma síndrome depressivo após a morte do seu único filho jovem, que foi assassinado, ele conta para nós, que naquela época foi referenciado para o Psiquiatra apresentando muita depressão e transtornos do sono, foi avaliado pelo médico e indicou tratamento com Diazepam de 5 mg, tomar 1 cp de 12 em 12 horas. O paciente continuou fazendo o tratamento irregularmente acompanhado da ingestão de álcool.
A ACS encarregada desse micro área notificou a situação e foi planejada uma visita no domicilio dele conjuntamente com o NASF, sendo feita uma avaliação integral ao paciente e `a família, logo após foi decidido encaminhar para o Psiquiatra e para o CAPS para dependentes de Álcool e outras drogas, pelo motivo de ter muito tempo tomando uma Benzodiazepina, além de ser usuário de álcool. Felizmente não se apresentou nenhum problema na hora de conseguir vaga para a avaliação pelo especialista nem para o CAPS, pelo que cabe sinalar que por enquanto o serviço no município funciona corretamente para aqueles que precisam do serviço.
Atendendo ao escasso número de especialistas com que conta o município, é necessário que a equipe de saúde esteja melhor preparada sobre como agir em presença de pacientes com estas patologias, ainda tem muito para fazer pela frente para atender as demandas da população. Seria bom fazer uma capacitação dos ACS para fazer o acolhimento e orientação destes pacientes com transtornos mentais.
A experiência do trabalho em equipe foi ótima, compartilhamos as tarefas e dessa forma com a participação de todos conseguimos que o paciente tivesse o acompanhamento que precisava, no entanto, ainda faltou a retroalimentação por parte do especialista e do CAPS, pois nunca enviam a contra-referencia, e a informação que temos do paciente é apenas o que ele possa nos contar, muitas vezes nem conhecem o nome da medicação que foi indicada. Isso repercute negativamente na hora de continuar o acompanhamento do paciente na atenção básica.
Referencias:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Saúde mental / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica, Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
176 p. : il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 34
Paiano, Marcelle; Maftum, Mariluci Alves; Lourenço ,Maria do Carmo; Haddad, Sonia Silva Marcon. AMBULATÓRIO DE SAÚDE MENTAL: FRAGILIDADES APONTADAS POR PROFISSIONAIS. 12 sep 2016 available em<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104… access on 4 agosto,2018.
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