TÍTULO: AÇÔES PARA MELHORAR O ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES COM PROBLEMAS DE SAÚDE MENTAL NA UBS DR. PEDRO DIÓGENES JÚNIOR.
ESPECIALIZANDA: KENIA DEL CARMEN CESPEDES SANCHEZ
ORIENTADORA: MARIA BETÂNIA MORAIS DE PAIVA
COLABORADORA: ENFERMEIRA: ANTÔNIA ROMILLIA FILGUEIRA
A estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) para efetivar suas diretrizes e assegurar à população brasileira o acesso a cuidados primários e à melhoria de sua qualidade de vida é Estratégia de Saúde da Família (ESF). Acreditamos que articulações entre ESF atenção à saúde mental na lógica da reforma psiquiátrica podem ocorrer, uma vez que ambos têm princípios e diretrizes entre os quais destacam-se a busca em romper com o modelo médico hegemônico, o desafio de tomar a família em sua dimensão sociocultural como objeto de atenção, de planejar e executar ações num determinado território, promover cidadania/participação comunitária e constituir novas tecnologias para melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Mas, as aproximações destes modelos situam-se mais nas convergências “do modo que deveria ser” de cada um. Observa-se um relativo desconhecimento da realidade sobre as necessidades de saúde mental na atenção primária em todo o Brasil, pois apesar da marcante presença das demandas de saúde mental nas áreas de abrangência da ESF as equipes, frequentemente, expressam dificuldades de identificação e acompanhamento das pessoas com transtorno mental nas comunidades. Associado a isso, observa-se que os indicadores disponíveis nos sistemas de informação municipal, regional e nacional dão conta somente de informações sobre internações em hospitais psiquiátricos ou de internações por transtorno mental em hospitais gerais e de atendimento em Centro de atenção Psicossocial (LUCCHESE et al, 2009).
Atender saúde mental no nível primário é um processo complexo, há operação de uma “complexidade invertida”, ao tomarmos o pressuposto tradicional de que temos no SUS uma hierarquização, e que a cada um dos níveis de atenção à saúde (primário, secundário, terciário) corresponde um nível de complexidade (do menor para o maior), temos que o cuidado hospitalar é mais complexo. Entretanto, a complexidade observada aí é somente aquela relacionada ao consumo de “tecnologias duras”, ou àquelas tecnologias materiais relacionados à indústria farmacêutica e de equipamentos médicos. No campo da atenção psiquiátrica, observamos que os procedimentos realizados nos hospitais psiquiátricos são “procedimentos simples e que tendem à simplificação”, pois a própria vida do paciente nesses locais vai se conduzindo, quanto maior for o período de internação, numa lógica de perda da complexidade e padronização simplificada típica da institucionalização: horário de acordar, de banho, de alimentação; local único de circulação, até mesmo o lazer é padronizado em locais e acontecimentos repetitivos. De certo modo, o mundo é posto dentro da instituição, pois há um controle total do controle total dos espaços-tempos nos hospitais psiquiátricos (LUCCHESE et al, 2009).
De modo muito diverso, ao abordarmos a atenção à saúde mental no nível primário, assumimos o desafio de trabalhar com as pessoas em sofrimento mental no seu mundo real e esse cuidado é “complexo, porque está situado no atravessamento do território geográfico com o território existencial, somos obrigados a fabricar mundos” ou, a habitar mundos criados por pessoas que vivenciam experiências diferentes, como por exemplo, o mundo de quem usa drogas ou de quem apresenta um delírio numa determinada comunidade (LUCCHESE et al, 2009).
Depois de fazer uma reflexão sobre a saúde mental em minha UBS e tendo presente que é um requisito do Programa de Melhoria de Acesso e da Qualidade da Atenção (PMAQ), chegamos à conclusão que ainda existem muitas dificuldades no registro de informações sobre os pacientes portadores de doenças mentais na área, para isso foi necessário criar um instrumento onde se registra os dados do paciente de acordo com as informações que precisa para avaliar o PMAQ.
Este instrumento foi mostrado na reunião com toda equipe sendo realizada uma conversa e exposto ações para sua realização. Assim, para elaboração foi sugerido fazer uma tabela onde fossem preenchidos os dados mais importantes do paciente como: o número de cartão SUS, agendamento programado, atendimento de urgência, idade, sexo, início dos primeiros sintomas, diagnóstico, uso de drogas, seguimento em ESF, seguimento em NASF, seguimento no CAPS e encaminhamento para outras especialidades. Outra das ações sugeridas pela equipe é fazer um livro onde se registre o controle dos pacientes que fazem uso crônico dos medicamentos como as Benzodiazepinas, antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, que são os medicamentos mais utilizados pelos pacientes. Nessa reunião os profissionais ficaram muito entusiasmados com a proposta dos novos instrumentos, considerando-se um ganho de conhecimento, foram também explicadas todas as dúvidas acerca do manejo destes pacientes tanto na atenção básica, como no CAPS. A partir da proposta observa-se um melhor acompanhamento dos pacientes com doenças mentais e um controle dos medicamento.
Dentro das dificuldades nesse processo percebeu-se que existe muita dependência e um abuso excessivo no uso de medicamentos controlados e muitos destes pacientes tomam a medicação sem prescrição médica. Mediante á dificuldade elencada para fazer um melhor acompanhamento destes pacientes, foi proposta pela equipe fazer as consultas de saúde mental, sendo definida um dia no cronograma, nas quartas feira a tarde, assim como, a renovação de receitas.
A rede de saúde mental em meu município está composta por um CAPS 2 e dos Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) cada um eles atendem 6 postos de saúde. Na UBS a qual faço parte tem (NASF) composta por psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, educador físico assistente social e nutricionista. Os pacientes com estas doenças primeiramente são atendidos em consulta pela médica, onde se faz uma avaliação do paciente e chega ao diagnóstico, aqueles que tenham uma doença leve e pode ser tratado na unidade se encaminha para a psicólogo e aqueles que a doença requeira ser tratada pelo especialistas, são encaminhados para o CAPS que está integrado por um equipe multiprofissional Assistente social, Educador físico, monitor de pedagogia e Psiquiatra , onde são acolhidos pela assistente social que faz o cadastro do paciente, a anamnese do paciente e coloca no prontuários, depois se encaminha para o Psiquiatra, que realiza uma avaliação do estado de saúde e classificação e de acordo com a doença ele elabora um plano de tratamento e encaminha para os demais especialistas da equipe.
Para a realização da microintervençao foi escolhida a uma paciente de nossa área de saúde, de 43 de anos de idade, com antecedentes de Retardo Mental, ela é acompanhada pela equipe, também tem acompanhamento do NASF nas visitas domiciliares e pelo CAPS a cada seis meses, onde primeiro se faz a consulta no posto de saúde e depois se encaminha, existe contra referência por parte dos especialistas do CAPS eles enviam o laudo explicando o estado de saúde da paciente e o tratamento de base, sim tive alguma mudança.
A articulação entre equipe do NASF e CAPS foi exitosa, depois da microintervenção, observaram-se mudanças nos atendimentos e um melhor acompanhamento dos usuários.
De forma geral, a população fica feliz, pois é responsabilidade da equipe o cuidado continuado de pessoas em seu território. Esperamos seguir dando continuidade, realizando reuniões mensalmente com a equipe para trabalhar em o aperfeiçoamento e acompanhamento das pessoas com essas doenças.
REFERÊNCIA
LUCCHESE, R. et al. Saúde mental no Programa Saúde da Família: caminhos e impasses de uma trajetória necessária. Cadernos de saúde pública, v. 25, p. 2033-2042, 2009.
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