20 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

ATENÇÃO AOS USUÁRIOS DE DROGAS PSICOTRÓPICAS E EM SOFRIMENTO PSÍQUICO NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE SANTA LUZIA I NO MUNICÍPIO DE TOUROS/RN

 

Especializando: Joice Cristina Dantas Brandão Marinho

Orientadora: Maria Betânia Morais de Paiva

Colaboradores: Enfermeira Louyse Mayara, Agentes Comunitários de Saúde Ediene, Suely e Isis

 

          A saúde mental será, mais uma vez, abordada aqui tendo em vista a prevalência dos usuários em sofrimento psíquico em nossa Unidade Básica de Saúde (UBS).

          Como referido na primeira microintervenção, minha UBS conta com uma demanda de pacientes em sofrimento psíquico considerável, fato esse que motivou a criação de um grupo onde pudéssemos abordar determinados temas, permitindo a interação entre os próprios pacientes, aumentando o vínculo desses com a equipe.

          O grupo vem se reunindo quinzenalmente, apesar de alguns percalços, e tem se mostrado bastante produtivo pois tem levado os pacientes a se questionarem sobre a real necessidade do uso de psicotrópicos, uma vez que passaram a reconhecer os riscos do uso contínuo, além de atitudes alternativas como mudanças no estilo de vida, bem como traz um certo conforto quando eles percebem que problemas semelhantes aos seus são compartilhados por outras pessoas.

          Como o grupo foi criado a partir do convite dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) aos usuários, a unidade não possuía um levantamento real da quantidade total de usuários de drogas psicotrópicas registrados em prontuário com diagnóstico e terapêutica utilizada no momento. Seguindo a atividade proposta deste módulo, realizamos este levantamento, chegando aos seguintes dados:

 

TOTAL DE USUÁRIOS

145

MASCULINO

41%

FEMININO

59%

FAIXA ETÁRIA

 

15 – 30 ANOS

18%

31 – 40 ANOS

23%

41 – 60 ANOS

34%

>60 ANOS

25%

 

 

 

 

 

 

CLASSE DE DROGAS MAIS UTILIZADAS

 

BENZODIAZEPÍNICOS/ANSIOLÍTICOS

39%

ESTABILIZADOR DE HUMOR

4,5%

ANTICONVULSIVANTES

4%

ANTIPSICÓTICOS/NEUROLÉPTICOS

11,5%

ANTIDEPRESSIVOS

41%

 

PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS

TRANSTORNO DE ANSIEDADE

DEPRESSÃO

INSÔNIA

PSICOSE MANÍACO/DEPRESSIVA (ESQUIZOFRENIA)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

         Como esses dados foram retirados através da análise de prontuários, uma das maiores dificuldades em seus levantamentos foi o armazenamento inadequado dos prontuários e a desorganização nas pastas de armazenamento. Muitos prontuários encontravam-se em péssimo estado de conservação, sem registros na anamnese de quando o paciente iniciou o uso da medicação e sem o diagnóstico. Nesses casos específicos, o paciente foi chamado a UBS ou o ACS foi a casa desses para completarmos a anamnese e realizarmos o registro das informações.

          Com base nesses dados, a equipe pode planejar de forma mais específicas suas ações integradas, uma vez que o município conta com psicóloga do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) e com psiquiatra no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do município.

          O fluxo de atendimento de pacientes em sofrimento psíquico em minha UBS pode ser exemplificado com base neste relato de caso:

– Paciente 21 anos, masculino, natural e procedente de Touros/RN, marcou consulta médica na UBS queixando-se de estar ouvindo vozes em sua mente e que seus pensamentos “fugiam da cabeça”. Quadro iniciado há 1 mês, sem aparente fator emocional desencadeante e com piora progressiva. Nega comorbidades prévias e uso de drogas. Refere antecedentes familiares apenas de depressão (avó e tia).

          Esse paciente foi atendido na unidade e prioritariamente encaminhado ao CAPS e ao NASF, para atendimento com a psicóloga, sendo a consulta no CAPS prontamente agendada.

          Na UBS, comumente conseguimos resolver a maioria dos casos de transtorno de ansiedade, insônia e outros sofrimentos psíquicos menos graves sem a necessidade de encaminhar aos serviços de apoio. Porém, quando há necessidade desse suporte, o fluxo ocorre de maneira relativamente fácil na primeira consulta, da unidade para o CAPS ou para o NASF.

          Um dos problemas que temos tentado resolver trata-se da questão da contrarreferência desses pacientes com o diagnóstico dado pelo psiquiatra bem como as medicações prescritas e orientações. Infelizmente há uma falha neste ponto, que já foi discutida com tais serviços, e aguardamos esse “feedback” dos demais profissionais para darmos um seguimento adequado a esses pacientes na própria UBS.

          Como minha UBS apresenta essa quantidade considerável de pacientes usuários de drogas psicotrópicas e em sofrimento psíquico, ações voltadas para esta área são nossa prioridade. Apesar das dificuldades, temos tentado oferecer melhor qualidade de vida a esses pacientes utilizando o diagnóstico realizado através da análise dos prontuários, direcionando ações específicas para esses usuários.

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