13 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: A SAÚDE MENTAL: UM DESAFIO NA MEDICINA ATUAL.

ESPECIALIZANDO: ISNAYEISI BERNAL RODRIGUEZ

ORIENTADORA: MARIA BETÂNIA MORAIS DE PAIVA

COLABORADORES: EQUIPE DE SAUDE E PACIENTES

 

Reconhece-se o grande número de pessoas consumindo, fazendo uso nocivo das mais diversas substâncias e entrando no processo de dependência química, podendo acarretar problemas graves de saúde e de comportamentos, além dos riscos de acidentes e mortes no trânsito (CARMO ,2003).

É possível constatar que os tratamentos de dependentes químicos que incluem a participação e o envolvimento da família obtém maior possibilidade de sucesso do que aqueles que trabalham apenas no indivíduo (NOGUEIRA,2009). Um fator importante para o sucesso do tratamento desses pacientes é, antes de tudo, a vontade e desejo próprio de querer realizar a terapia e um suporte indispensável é a participação da família, ambos os fatores contribuem para a melhora desses pacientes e suas doenças, relacionado ao fator social, educativo e psicológico.

          Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) os transtornos mentais e comportamentais são condições clinicamente significativas caracterizadas por alterações do modo de pensar e do humor, emoções ou por comportamentos associados com angústia pessoal e/ou deterioração do funcionamento. Defende, ainda, que a incidência de comportamentos anormais só pode ser considerada como transtorno quando as anormalidades forem sustentadas ou recorrentes e resultem em certa deterioração ou perturbação do funcionamento pessoal em uma ou mais esferas da vida. Não se trata da insuficiência de uma capacidade mental, mas da alteração ou perda de capacidades, que pode ter diferentes graus de gravidade (WHO, 2002).

        Os agravos mentais mais comuns encontrados na população atual são: o transtorno de ansiedade, transtorno de depressão, assim como, as doenças com deteriorizacão cognitivo como por exemplo, as demências. Todas elas têm uma frequência relativamente comum e afetam uma grande porcentagem da população, sendo a pessoa adulta e idosa as mais frequentes.

       Dentro de nossa população existem vários casos que são portadores de diferentes agravos mentais, mais temos um caso de uma senhora de 56 anos, hipertensa, que apresentou um transtorno de depressão severo por vários anos causados, principalmente, por problemas familiares e financeiros. Essa paciente recebeu os primeiros cuidados na Unidade Básica de Saúde (UBS), pois chegou a nosso atendimento apresentando crise hipertensiva persistente, motivada por um quadro de depressão levando a descuidar-se do tratamento da hipertensão com a interrupção da medicação.

        Após consulta e diante do caso em questão, a equipe achou necessário articular a avaliação imediata de especialistas na área de saúde mental, uma vez que além do descontrole da hipertensão, o quadro clínico apresentado já estava comprometendo a integridade física da paciente que já não realizava tarefas básicas como a higiene pessoal e o fato de morar sozinha contribuía para o agravamento da situação.  

        Nessa direção, foi necessário realizar avaliação com as seguintes especialidades: clínico geral, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta sendo assim, um trabalho multidisciplinar. A paciente foi encaminhada para nutricionista e clínico geral para estabilizar a hipertensão arterial e recuperar o estado nutricionais ficando 07 dias internada. Após esse período de internação foi atendida por psicólogo e fisioterapeuta que colaboram para a estabilização da paciente. Atualmente a usuária encontra-se em acompanhamento na UBS em parceria com a rede de cuidado em saúde mental, sendo já observado evidencias positivas na saúde física e mental.   

        Em nosso município já existe um fluxo de articulação da rede de saúde mental com algumas exceções, como foi neste caso em particular. Quando identificamos um caso de transtorno mental é feita uma primeira avaliação pela equipe da UBS na perspectiva de esclarecer o motivo ou causa que desencadeou a doença. Desse modo, realizamos a primeira abordagem de acordo com as diretrizes preconizadas pela atenção básica com foco na promoção da saúde, prevenção de doenças e reabilitação, porém para um cuidado integral se faz necessário a articulação com outros setores e atores.

       Na operacionalização da rede de cuidado em saúde mental contamos com consultas no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e colaboração do Núcleo Ampliado em Saúde da Família (NASF), ambos têm como estratégia a interação com a população das UBS com cronograma elaborado mensalmente estabelecendo-se um dia de atendimento para cada equipe, com possibilidades de novas agendas a depender da necessidade do território. Para casos mais complexos que demandam uma maior densidade tecnológica, a gestão municipal disponibilizou uma agenda fixa semanal com a psiquiatra para avaliação.

É por isso que em nossa equipe se trabalha no dia a dia para ajudar a todas as pessoas com transtornos psíquicos e que façam uso de qualquer substância ou medicamento, em parceria com a família CAPS-NASF para melhorar as condições de vida, de trabalho, o ambiente social em que são desenvolvidos e o mais importante alcançar um estado de saúde mental mais equilibrado possível, sem a necessidade do consumo inadequado e indiscriminado de medicamentos.

Na minha área de saúde são muitos os pacientes que utilizam medicamentos psicotrópicos e com caso comprovados de dependência. Os mais comuns são as benzodiazepinas como, por exemplo, diazepam, clonazepam, assim como, os antidepressivos mais usados pela população como a amitriptilina e nortriptilina.

Nossa equipe elaborou um instrumento que servirá  para um  melhor controle dos pacientes e acompanhamento pela equipe e pelos centros de apoio do município.

Na construção do instrumento de monitoramento foram priorizados aspectos relativos aos dados pessoais para identificar cada paciente, depois surgiu a ideia de criar uma escala cronológica onde o profissional da saúde possa fazer perguntas simples, mas necessárias para chegar a um diagnóstico com critérios da doença ou dependência de forma mais consistente. Na reunião de equipe para a elaboração do instrumento houve alguns conflitos relativos a aspectos a serem incluídos no documento de registro como, por exemplo: a presença ou não do nomes de pacientes que realizaram a última renovação da receita, mais depois de várias discussões chegamos à conclusão de que era necessário porque dessa maneira estávamos controlando a frequência com que era consumido o medicamento assim como, a dependência e não apenas o fato de ser avaliado ou não pelo especialista.

Desse modo, os aspectos contemplados no instrumento são a data da primeira consulta na UBS, se apresentou acompanhamentos com psiquiatra ou psicólogo, assim como, data da última renovação das receitas, entre outros.

Além dos dados coletados já mencionados, os ACS criaram um registro com informações importantes para conhecer aqueles pacientes que fazem uso de medicação por 2 anos seguidos; se tem feito alguma avaliação recente pelos especialistas da saúde mental com psiquiatra ou psicólogo ou mesmo, se passou por algum tipo de avaliação com outros profissionais da rede municipal. Serviram de base para a alimentação do instrumento, as consultas realizadas neste último mês no campo da saúde mental em nossa unidade.

Como fragilidade destacamos a dificuldade de avaliações sistemáticas destes pacientes na rede especializada em virtude da alta demanda de consultas para psiquiatria, gerando uma demanda reprimida e fila de espera em todo município. Somos 15 UBS com número elevado de pacientes que faz uso indiscriminado psicotrópicos.

Achei muito interessante a possibilidade de ofertar ao paciente a consulta do psiquiatra em colaboração com o grupo NASF, dessa forma a população conta com outra oportunidade de cuidado e avaliação especializada de seu quadro clínico.

Porém contamos com o apoio, primeiramente, da equipe que é uma fortaleza viva, somados aos nossos psicólogos que realizam um trabalho indispensável com estes pacientes no âmbito da atenção básica. Dessa forma, conseguimos resolver muitos casos sem precisar de uma intervenção pelo psiquiatra, já para os casos mais vulneráveis e complicados no manejo terapêutico e individual, temos conseguido atendimento especializado em tempo hábil, a partir da interlocução da equipe com a rede de atenção a saúde mental.

 Outro fator que merece destaque diz respeito ao apoio das famílias destes pacientes, pois sem a participação do núcleo familiar não seria possível maiores avanços. A família é nosso primeiro referencial, embora saibamos que existem muitas famílias que não prestam os devidos cuidados aos parentes com transtorno ou dependência química. Trabalhar o contexto familiar com diferentes abordagens é fundamental para melhorar a qualidade de vida de pacientes com transtornos mentais na perspectiva de um cuidado integral e humanizado.

 

 

        FICHA DE ATENDIMENTO À SAÚDE MENTAL

 

 

DADOS PESSOAIS

 

Nome completo do paciente:

Data de nascimento:

Sexo:

Raça:

Cartão SUS:

Endereço:

Telefone:

ACS da microárea:

 

 

DADOS CLÍNICOS DA CONSULTA

 

<. É a primeira consulta na UBS: SIM (  )  NÃO ( )

<. Data da primeira consulta pelo Psiquiatra:

<. Data da primeira consulta com Psicólogo:

<. Tem acompanhamento atual com a equipe do NASF ou CAPS: SIM (  ) NÃO ( )

<. Foi internado: SIM (  ) NÃO ( )     Data:                          Tempo:

<. Faz uso de alguma droga:                Qual:                    Tempo:         

<. Faz uso de psicofármacos:               Qual:                    Tempo:

<. Motivo ou causa do uso:

<. Última renovação da receita:                                 Por quem foi feita:

<. Apresenta alguma doença associada:

<. Qual:

<. Medicamentos em uso na atualidade:

 

 

 

CRITÉRIOS FINAIS:

 

 

DATA:

 

 

ASSINATURA E CARIMBO MÉDICO.

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

CARMO, G. A. V. A. Dependência química e relações familiares: a importância da família no tratamento da. 130 f. Dissertação (Mestrado em psicologia) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2003.

NOGUEIRA, B. T. Quem procura Sasha. Revista Trip, São Paulo, n. 179, jul. 2009. Disponível em: < http://revistatrip.uol.com.br/trip/quem-procura-sasha>. Acesso em: 30 jan. 2015.

WHO. Relatório mundial de saúde: saúde mental: nova concepção, nova esperança. 2002. 207p. Disponível em: . Acesso em: 31 out. 2016.

 

 

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