11 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

CAPÍTULO IV: ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

FACILITADOR: TÚLIO FELIPE VIERA DE MELO

ESPECIALIZANDO: HENRY RODRÍGUEZ PEDROSO

           A Unidade Básica de Saúde Saudade onde eu trabalho encontra-se localizada em Serra Negra do Norte,  Rio Grande do Norte,  a equipe da unidade básica de saúde àqual estou vinculado possui um registro de todos os usuários em uso crônico de benzodiazepínicos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, antidepressivos, estabilizadores de humor, assim como os ansiolíticos e também temos registrados os casos mais graves de usuários em sofrimento psíquico.

            Nos reunimos mensalmente com o objetivo de promover a reuniões com grupos de pacientes e profissionais vinculados a atenção básica (equipe da ESF, ESB e NASF), proporcionando a eles conhecer mais acerca das condições psiquiátricas, desmistificando dessa maneira as patologias mentais reduzindo o preconceito em procurar atendimento para saúde mental, ademais se analisa os usuários que consumem medicamentos controlados, novos casos, desmame da medicação e óbitos.

          Durante a reunião foi proposto fazer um plano de intervenção focado na melhoria do acolhimento/atendimento através da realização de grupos de estudo e palestras educativas com o objetivo de aumentar o conhecimento dos pacientes sobre as patologias mentais. Realizamos o planejamento das visitas domiciliares a estas pessoas e o monitoramento e avaliação das condições de vida e o ambiente em que eles vivem. Com relação ao registro dos usuários que fazem uso de medicação psicotrópica, existe uma referência para o médico psiquiatra o qual realiza atendimento mensal no município, sendo os pacientes referenciados e agendado retorno de acordo com o sofrimento psíquico. Dessa forma, havendo necessidade de suporte por parte da equipe do NASF é feito encaminhamento.

         Sabendo da necessidade de apoio, o profissional, geralmente o psicólogo, faz atendimentos periódicos até que a necessidade em questão seja sanada. De modo que se o paciente apresenta perfil de tratamento com o CAPS, o mesmo será referenciado àquela instituição. Com relação a números precisos, a equipe do NASF não tem esse dado atualizado, sendo necessário fazer um levantamento da quantidade de usuários que fazem uso desta medicação. Com relação aos casos mais graves de usuários em sofrimento psíquico,  o registro é feito pelo profissional que acolheu, assim como os casos provenientes de uso de substância como álcool e outras drogas.

         A rede de saúde mental funciona da seguinte forma: uma vez identificado o usuário em sofrimento psíquico, através do Agente Comunitário de Saúde, profissional do NASF ou ESF, ou até mesmo em atendimento de urgência no município, o profissional que fizer o acolhimento a esta demanda avalia e este será referenciado ao serviço de acordo com a necessidade. Se o paciente encontra-se em crise, oferecendo risco a si ou terceiros, este deve ser encaminhado ao Hospital Regional do Seridó, para ser avaliado pelo médico de plantão, onde este deverá decidir se o paciente ficará usando leito ou não.

        Neste hospital tem uma sala de psiquiatria destinada a pacientes graves. Uma vez usando leito, o Serviço Social do hospital entra em contato com o CAPS III para agendamento de consulta com médico psiquiatra havendo vaga nos leitos do CAPS III o paciente é transferido para dar continuidade ao tratamento naquela instituição. Em casos não tão severos de sofrimento psíquico, o profissional direciona esse usuário ao ambulatório de psiquiatria do município, onde este irá ser acompanhado por consultas periódicas, seguida de conduta medicamentosa até que haja necessidade. Nos casos onde o paciente não necessite de uso de medicação psicotrópica, o usuário é referenciado ao serviço de psicologia do NASF. O paciente em sofrimento psíquico é atendido imediatamente pelo profissional da ESF, uma vez que a estratégia é porta de entrada.

        Preventivamente, os profissionais da equipe realizam pesquisas na população com o objetivo de conhecer os usuários que consumem medicamentos controlados, se faz monitoramento casa a casa com o apoio do agente comunitário para comprovar se os medicamentos são utilizados unicamente pelos pacientes. Realizamos busca ativa na comunidade em busca de novos casos que precisem de atendimento por problemas psiquiátricos ou de pessoas com problemas de drogas ilícitas.

         Realizamos a promoção da saúde na população durante as consulta médicas e durante as visitas domiciliares, a especialista em Psicologia ministra palestras à população sobre como tratar com os jovens com transtornos de comportamento e como se deve atender no núcleo familiar a uma pessoa com transtornos psiquiátricos.

         A equipe utiliza a estratégia de grupos terapêuticos como oferta para potencializar o cuidado e como metodologia, possibilita que este espaço possa trabalhar questões referentes ao senso de identidade coletividade, autoestima, autoexpressão, habilidades específicas, potencialidades e outras. A equipe entende que o grupo não deve estar centrado apenas no conhecimento dos profissionais de saúde e tem como intuito proporcionar um espaço de relações e trocas interpessoais, buscando reflexão crítica sobre os modos de vida individual e coletiva, levando-os ás expressão e á ressignificação de suas posições  assumidas na vida por meio do processo de co-responsabilização, gestão do cuidado e ampliação da autonomia dos sujeitos e coletividades.

       As potencialidades presentes são o registro dos usuários em uso crônico de benzodiazepínicos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, antidepressivos, estabilizadores de humor, assim como os ansiolíticos; registro dos casos mais graves de usuários em sofrimento psíquico; reuniões mensais com o objetivo de promover a inserção da equipe multifuncional.

       Já as fragilidades foram o baixo nível cultural dos pacientes que consomem medicamentos controlados; todos os pacientes são moradores da zona rural onde as visitas estão dificultadas porque os doentes ficam muito distantes; mais de 70% dos pacientes que tomam remédios controlados são idosos.

 

 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

     Guia prático de matriciamento em saúde mental / Dulce Helena Chiaverini (Organizadora) … [et al.]. [Brasília, DF]: Ministério da Saúde: Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva, 2011. CAMPOS, G.W.S. Saúde Paidéia. São Paulo: Editora Hucitec; 2003.

       BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n.154, de 24 de janeiro de 2008. Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília: Gabinete do Ministro, 2008. Seção 1, p.47-50. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde/DAPE. Saúde Mental no SUS: acesso ao tratamento e mudança do modelo de atenção. Relatório de Gestão 2003-2006. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.  

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