Titulo: A saúde mental da população do ESF VII de Baixa do Meio.
Especializando: Geliuska Castellano Girones
Orientador: Isaac Alencar Pinto
Este tema tão importante para a sociedade tem sido debatido em diferentes perspectivas: não é só a presença de transtornos, implicando também em bem-estar e equilíbrio entre a mente e o corpo, bem como a capacidade de reagir a situações e vivências da vida cotidiana. É a capacidade de apresentar um equilíbrio estável entre as aquisições interiores e as experiências ou pressões exercidas pelo exterior. Nesta unidade vou falar sobre como são desenvolvidas ações de saúde mental na área da minha unidade de saúde.
Existe na minha unidade um elevado número de pacientes que consumem medicamentos controlados como benzodiazepínicos e antidepressivos. Esses usuários não contam com um acompanhamento adequado e passam mais de um ano consumindo esses medicamentos sem acompanhamento, motivo pelo qual utilizamos essa situação para realizarmos uma análise a fundo sobre o tema da saúde mental em nosso território.
Durante a análise nossa equipe percebeu o alto número de usuário que consomem esses medicamentos, além do que não contamos com um registro continuo dos mesmos. Isso constituiu uma fragilidade para nossa equipe: não existe um controle dos pacientes que consumem medicamentos controlados ou regulados em nossas farmácias.
Para tanto, criamos o seguinte instrumento a fim de realizar o melhor acompanhamento de tais usuários:
Registro de pacientes que consomem medicamentos controlados |
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Prontuário |
Nome |
Idade |
Sexo |
Diagnostico |
Tto |
Tempo de Tto |
Outras doenças |
Outros Ttos |
Micro area |
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No caso de precisar continuar com o uso de medicamentes, esses usuários deverão ser avaliados pelo psicólogo da nossa área de saúde. Ele poderá encaminhar para o psiquiatra ou fazer acompanhamento regular em consulta ao paciente, assim como as visitas domiciliares com equipe. Em nossa área não contamos com CAPS (Centro de atenção psicossocial) o que constitui uma fragilidade. No entanto, possuímos NASF e uma adequada linha de cuidados para o paciente em sofrimento psíquico, a qual estamos aperfeiçoando a cada dia. Como dito anteriormente, esses pacientes serão avaliados mensalmente e para um melhor acompanhamento pela equipe, se decidiu fazer uma ficha de acompanhamento.
Na reunião se caracterizou a área de saúde no que diz respeito à saúde mental: não temos pacientes em situação da rua, temos um número elevado de pacientes alcóolicos e consumidores de álcool e outras drogas, elevado número de pacientes diagnosticados com doenças como ansiedade, transtorno bipolar, esquizofrenia, depressão, sendo quase a metade deles pacientes jovens.
Esta reunião considero ter sido muito importante, pois nela a equipe tomou medidas para diminuir o consumo de remédios controlados pelos usuários da nossa área. Se decidiu num primeiro momento fazer uma avaliação em consulta de cada um dos pacientes nessa situação, para isso se falou da importância dos agentes de saúde os quais constituem o ponto de partida para poder concluir nosso objetivo.
Eles terão que fazer o primeiro registro dos pacientes e citar para consultas mensais, na qual o médico reavaliará cada um deles, considerando a possibilidade de um novo diagnóstico ou novas técnicas terapêuticas, além de perceber quais deles realmente precisam de medicamentos controlados e quais deles já podem fazer o desmame.
Nas nossas unidades de saúde a linha de cuidado para o paciente que demanda cuidados em saúde mental é realizada da seguinte forma: o paciente chega a Estratégia de Saúde da Família para os cuidados básicos. Durante esse processo, os profissionais identificam o usuário como um paciente que precisa de atenção em saúde mental, agendando sua consulta.
Uma vez na consulta, é avaliado o paciente e seu entorno social, sem precisar necessariamente inseri-lo em tratamento medicamentos. Também avalia-se se ele deve ser encaminhado para o Núcleo de Apoio à família, além de serem realizadas visitas domiciliares.
Também dentro dessa linha de cuidado, o município de Guamaré dispõe de psiquiatras que fazem parte do suporte na saúde mental de nosso município. Não contamos com leitos psiquiátricos em nosso hospital, nem Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Em nosso município só temos o NASF para dialogar e melhorar a saúde mental de nossos usuários.
Apresentamos um exemplo do itinerário terapêutico realizado por um usuário de saúde mental de nosso município, acompanhado em nossa UBS: paciente ASF, do sexo masculino, 40 anos de idade, mora na área rural, casado há 10 anos, tem 2 filhas, trabalha na polícia municipal faz 5 anos.
O mesmo é estrófico, hipertenso, toma captopril 2 vezes no dia. Faz 15 dias ele, junto com seus colegas de trabalho, tiveram um confronto armado junto com uma quadrilha de narcotraficantes. Após esse incidente, está apresentando insônia, dor de cabeça, falta da concentração, perdeu a vontade de trabalhar, tem medo de sair para a rua e fica muito preocupado com a sua família.
Ele chega na consulta de maneira espontânea e é avaliado pela médica. Ao exame físico: PA 130/80 MMHG, abdômen normal, BC: 90, FR: 18. Diagnostico ao paciente com um Transtorno pós-situacional, foi indicado como tratamento paroxetina 20 mg 1 comprimido pela manhã de 9 horas e clonazepam 2mg 1 comprimido de 9 horas da noite, atestado médico por 15 dias.
Foi encaminhado para o NASF, para ser avaliado pelo psicólogo. O mesmo acompanhou ao paciente durante 15 dias e decidiu encaminhar para o psiquiatra do município, já que o mesmo não apresentava melhoria. O psiquiatra avalia ao paciente e decide acrescentar a dose de paroxetina para 2 comprimidos de manhã. O paciente retorna para o ESF para continuar fazendo os acompanhamentos mensais em consulta. Teve melhoria, está dormindo melhor, atualmente está trabalhando de novo e fazendo o desmame dos medicamentos.
Além do já discutido, também planejamos realizar atividades que visem a diminuição do uso de medicamentos psicotrópicos pelos usuários de saúde mental, tal como exposto na Matriz de Intervenção a seguir:
Matriz de intervenção
Descrição do problema: Existe um elevado número de usuários de medicamentos controlados (benzodiazepínicos, ansiolíticos, antidepressivos)
Objetivo: diminuir o consumo de medicamentos psicotrópicos pelos pacientes de nossa área de saúde.
Estratégias para alcançar os objetivos:
• Planejamento de consultas mensais.
• Interconsultas com o psicólogo.
• Registro de usuários de medicamentos controlados
Atividades a serem desenvolvidas:
• Aumento das visitas domiciliares.
• Criação de grupos terapêuticos.
• Capacitação dos profissionais em temas de saúde mental.
Recursos necessários para o desenvolvimento das atividades:
Prontuários, caderneta, folhetos, fichas de cadastro, e-SUS, camisinhas, contraceptivos, canetas, Esfigmômetro, estetoscópio
Responsáveis: Médico
Prazo: 60 dias.
Mecanismo e indicadores para avaliar o alcance dos resultados:
• Diminuição do número de pacientes usuários de medicamentos controlados.
• Aumento do fluxo de pacientes nas consultas de saúde mental programadas.
Ponto(s)