TITULO: Atenção à Saúde Mental na Atenção Primária à Saúde na UBS Centro do municipio Laranjal do Jari/AP.
ESPECIALIZANDO: DAYME TORRES ALBA.
ORIENTADOR:CLEYTON CESAR SOUTO SILVA .
A saúde mental é, em termos gerais, o estado de equilíbrio entre uma pessoa e seu ambiente sociocultural que garante a participação laboral, intelectual e de relacionamento para alcançar o bem-estar e a qualidade de vida .É definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como : “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças ou enfermidades”. “No entanto, o mental atinge dimensões mais complexas do que o funcionamento puramente orgânico do indivíduo. (OMS, 2005)
A saúde mental está relacionada ao raciocínio, emoções e comportamento em diferentes situações da vida cotidiana. Também ajuda a determinar como gerenciar o estresse, conviver com outras pessoas e tomar decisões importantes. Como outras formas de saúde, a saúde mental é importante em todas as fases da vida, desde a infância e adolescência, até a idade adulta. Segundo estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS) os problemas de saúde mental são responsáveis por cerca de 15% da carga global da doença.
No Brasil, aproximadamente 15 a 20% da população brasileira apresentam algum tipo de sofrimento psicossocial, necessitando de cuidados no campo da saúde mental (MEROTO, 2009).
Déficits na saúde mental contribuem para muitas doenças somáticas e afetivas, como a depressão ou ansiedade. Estima-se que a depressão severa representa, atualmente, a quarta causa de incapacidade e está próxima a ser a segunda causa de incapacidade em escala mundial. (MEROTO, 2009).
Diante desses dados, surge a necessidade de se elevar a atenção em saúde mental a um maior nível de importância, como uma prioridade máxima das políticas públicas do Estado. É necessário o estabelecimento de um sistema de atenção à saúde apropriado, acessível que reúna todos os elementos fundamentais para promover um enfoque cooperativo, integral de bem-estar a todos
A questão da saúde mental, além disso, não diz respeito apenas aos aspectos da atenção após o surgimento de transtornos mentais evidentes, mas também corresponde ao campo de prevenção dos mesmos com a promoção de um ambiente sociocultural determinado por aspectos como a autoestima, relações interpessoais e outros elementos que devem provir da educação primária de crianças e jovens. Essa preocupação não diz respeito apenas a especialistas como psicólogos educacionais, assistentes sociais e psicólogos, mas faz parte das responsabilidades do governo de uma nação, da formação no núcleo familiar, de um ambiente de convivência saudável no bairro, da responsabilidade assumida pela mídia e da orientação consciente para a saúde mental na escola e nos espaços de trabalho e estudo em geral. (Graciela Pardo 2004.).
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é considerada um importante instrumento para o fortalecimento da rede de atenção em saúde mental uma vez que, converge para a proposta de assistência pautada nos princípios da Reforma Psiquiátrica e do SUS. (Brasília, DF, 2009.)
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) foi criada em 1994, pelo Governo Federal, sendo considerada uma das formas de atenção primária em saúde e objetiva reverter o modelo assistencial biomédico centrado na doença e no tratamento, para um modelo com foco na saúde e na família (Brasília, DF, 2009.)
Nos últimos anos, o Ministério da Saúde vem estimulando a inclusão de políticas de expansão, formulação, formação e avaliação da Atenção Básica direcionadas aos problemas de saúde mental e aos usuários, enfatizando a criação de equipes nessa rede de atenção com fortes vínculos com os profissionais da saúde mental. A implementação dessas políticas tem se fundamentado em três planos: administrativo, com o processo de descentralização; assistencial, através da Estratégia de Saúde da Família e os Agentes Comunitários; e político, por meio do controle social (BRASIL, 2007).
A ESF é a porta de entrada do sistema de saúde, trabalha integrada com a atenção primária à saúde, constituindo-se, portanto, como uma das parceiras para integração das ações de saúde mental. Esta Estratégia tem como diretrizes a universalidade, a integralidade na atenção, a territorialização e a formação de vínculo com a população. Tem como foco o trabalho em equipe multidisciplinar, com ênfase na promoção da saúde e prevenção, recuperação e reabilitação dos indivíduos, com estímulo à participação da comunidade e controle social, consolidando assim o Sistema Único de Saúde (DUNCAN et al, 2004).
O conceito de território presente na ESF estabelece uma forte interface com os princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira, com suas diretrizes de territorialização e responsabilização pela demanda, possibilitando uma nova visão em saúde mental, superando o modelo biomédico tradicional para um modelo em que o sujeito é o foco da atenção, sendo considerado como sujeito social. (BRASIL, 2007)
A dinâmica de saúde mental na atenção básica permite também uma melhor organização no atendimento, tratando as pessoas com problemas mentais na sua própria realidade, encaminhando ao CAPS apenas os casos graves, diminuindo, assim a sobrecarga desse serviço e, consequentemente, possibilitando uma melhor assistência. (BRASIL, 2007)
Requisitos do Programa de Melhoria de Acesso e da Qualidade da Atenção – PMAQ na UBS Centro para a Atenção de cuidado em Saúde Mental no território.
A equipe Santarém número 003 da UBS Centro realiza consultas e possui registro dos usuários do território em uso crônico de benzodiazepínicos, anti-psicóticos, anti-convulsivantes, anti-depressivos, e estabilizadores de humor e utiliza algumas estratégias especificas para cuidar destes casos com o atendimentos com profissionais de Saúde mental ( NASF como apoio matricial ),os usuários de maior risco e gravidade são encaminhados para outro ponto de atenção e serviços que temos no município como CAPS I e Hospital de emergência.
Nossa equipe de saúde tem identificado os usuários de crack, álcool e outras drogas para os quais são realizadas diferentes ações de saúde.
As principais ações de saúde mental realizadas pelos profissionais da ESF são consulta individual, grupo terapêutico, visita domiciliar, escuta atenta, orientação, acolhimento, relato de experiência do profissional e o direcionamento de casos na equipe da ESF, palestras, grupos de apoio, ações de prevenção e promoção, realizando o cuidado compartilhado com outros pontos da rede de atenção psicossocial, tentando sempre ter alguma ajuda da equipe de saúde, da comunidade a que pertencem e dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF).
A rede de pessoas e de serviços de saúde mental no meu território está organizado da seguinte forma:
Minha equipe de saúde cumprindo com as diretrizes da PNAB, está composto por uma enfermeira especialista na saúde da família, uma técnica em enfermagem, vários ACS, odontologista, uma técnica de odontologia e um médico realizando a Especialização na saúde da família.
Contamos com apoio das equipes multiprofissionais (NASF) como núcleo de apoio matricial que está composto por: Nutricionista, assistente social, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo e educador físico, compartilhados com outras UBS.O NASF tipo 2 apoia as práticas em saúde mental no território atuando em consultas interdisciplinares de obstetrícia e pediatria.
Além contamos com um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) modalidade I, que funciona de segunda a sexta feira ,8 houras por dia está integrado por um psicólogo, um psiquiatra, duas enfermeiras, duas técnicas de enfermagem, um assistente social, um Psicopedagoga, e um musico-terapeuta. Este centro atende todas as demandas de transtornos mentais persistentes, graves incluindo os usuários de álcool, crack e outras drogas, caracterizado como um serviço comunitário e aberto do SUS, sendo referência para tratamento de pessoas em sofrimento psíquico. Com prestação de serviço aos pacientes encaminhados pela UBS e por demandas espontâneas aos usuários já conhecidos com história de alguma doença mental.
O Centro de Atenção Psicossocial do meu município utiliza como instrumento de trabalho em equipe o Projeto Terapêutico Singular (PTS), geralmente este projeto é dedicado à discussão dos casos clínicos entre toda a equipe multidisciplinar pela diversidade de opiniões e conhecimentos com o objetivo de ajudar o paciente com a terapia precisa ou mais prudente.
Construção de linha de Cuidado a uma usuária em sofrimento psíquico:
Trata-se de uma paciente do sexo feminino, 63 anos, raça negra, com histórico de saúde, que chega ao meu consultório referindo vários sintomas há mais de 1 mês como depressão constante, palpitações, desconforto gástrico (um salto no estômago como se estivesse com medo), ansiedade, chora com facilidade, falta de sono e falta de concentração. Ela diz que começou com todos esses sintomas após a perda do marido, que morreu de um ataque cardíaco de uma forma muito inesperada.
Todo esse tempo de consulta a paciente foi ouvida sem interrupção, num ambiente calmo, fazendo com que a paciente se sinta confortável e segura .
Nessa consulta médica, foi explicado que na UBS proporcionamos uma consulta de apoio à saúde da família com o NASF, composta por vários especialistas, incluindo uma psicóloga que poderia ajudá-la em sua condição, além de ter outros serviços como: O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS-1), no município para um bom acolhimento e acompanhamento em caso de agravamento de seu sofrimento psíquico.
Após fazer uma avaliação clínica do paciente diagnosticou – se Transtorno Ansioso – Depressivo Misto para o qual foi indicado tratamento farmacológico com ansiolíticos e antidepressivos em dose mínima e encaminhamento à consulta do NASF para melhor avaliação e tratamento com o psicólogo.
Após várias consultas e terapias com o psicólogo da área, a paciente está melhorando gradativamente, atualmente com tratamento prescrito pelo psicólogo em dose de manutenção, além de ser acompanhado pela equipe de saúde por meio de visitas domiciliares e inserção nos grupos terapêuticos que são oferecidos pela ESF.
Nossa equipe aprendeu com o trabalho desta intervenção a importância da saúde mental na atenção primária à saúde, e nos permitiu elevar os conhecimento sobre o acompanhamento dos pacientes com doenças mentais. Tendo em consideração que na avaliação do AMAQ os registros não se encontram com dados suficientes foi elaborado pela equipe um instrumento onde se coleta a maior informação possível para um melhor acompanhamento, seguimento e continuidade do tratamento a pacientes com sofrimento psíquico, que compartilho em arquivo anexo.
Como dificuldade encontramos a falta de coleta de dados e informações a partir da base que é o trabalho dos ACS que são aqueles que trabalham diretamente com a comunidade com o objetivo de oferecer uma atenção de maior qualidade a nossos pacientes.
Dentro das potencialidades, temos a integralidade da equipe multidisciplinar para garantir uma assistência de qualidade, considerando que o papel da Atenção Básica é justamente de prevenção, promoção e reabilitação da saúde, buscando ferramentas de trabalho para melhorar a resolutividade do serviço prestado. Intensificando as ações de matriciamento da ESF/NASF, que vem dando um bom resultado.
Espera-se encontrar um processo de trabalho integral que possibilite o acolhimento, o vínculo, a construção de espaços de trocas e de valorização das subjetividades, propiciando a provisão de recursos para a melhoria da saúde mental nas pessoas, a fim de levar uma vida saudável, fortalecer a ação comunitária, criação de ambientes de apoio, desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação dos serviços de saúde.
REFERÊNCIAS
– Simpósio “Saúde mental e física ao longo da vida”, 11 de outubro de 2005, sede da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Washington, D.C.
-BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Relatório de Gestão 2003-2006. Saúde Mental no SUS: acesso ao tratamento e mudança do modelo de atenção. Brasília: Editoria do Ministério da Saúde, 2007.
– BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de atenção básica. Diretrizes do NASF, Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Versão preliminar. Brasília, DF, 2009.
– Saúde mental. Graciela Pardo 1, A. «Adolescência e depressão». 2004.
UBS Centro (equipe 003) Santarém
SAÚDE MENTAL- Registro de pacientes em acompanhamento
NO |
NOME DO PCTE |
IDADE |
SEXO |
ACS |
ENDEREÇO |
DIAGNOSTICO |
MEDICAMENTOS EM USO |
ACOMPANHAMENTO |
USUARIOS DEPENDIENTES
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BENZO DIAZE PÌNI COS |
ANTI PSI COTI COS |
ANTI CON VULSI VAN TES |
ANTI DEPRE SIVOS |
ESTA BILI ZADO RES DE HU MOR |
CLI NICO GE RAL |
N A S F |
C A P S I |
HOSP. GE RAL |
C R A C K S |
A L C O O L |
OU TRAS DRO GAS |
PRÒ XIMA CON SUL TA |
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Ponto(s)