CAPÍTULO IV: Doenças mentais com dignidade
Autora: Dayanis Lafargue Martìnez
Orientadora : Juliana Ferreira Lemos
As doenças mentais são um tema altamente debatido por profissionais de todo mundo porque representam aproximadamente o 12% do total das doenças crônicas não transmissíveis que afetam a humanidade. O impacto dos transtornos mentais é maior em adultos jovens os quais se enfrentam à estigmatização e discriminação em todas as partes do mundo. (Suíza OMS 2003)
Na Época Medieval foi muito discutido os fatores que originavam estas doenças mentais e em muitos casos se lhes atribuía causas espirituais e religiosas, sofrendo os portadores destas de maus-tratos físicos e acusações de bruxaria, chegando a ser condenados à morte. Depois do século XVII vários profissionais da saúde dedicaram-se a estudar estes casos considerando-os um estado de incapacidade mental, classificando-os segundo sua sintomatologia e tentando métodos eficazes para seu controle. (Suíza OMS 2003)
A saúde mental abarca uma ampla faixa de atividades direta ou indiretamente relacionadas com o componente de bem-estar mental. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde mental como um estado de bem-estar no qual o indivíduo consciente de suas próprias capacidades, pode enfrentar as tensões normais da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e ter a capacidade para fazer contribuições à comunidade. (Suíza OMS 2003)
Em Arauá – SE as doenças mentais são umas das queixas que mais apresentam os pacientes. Nossa equipe oferece serviço a quase 3000 habitantes dos quais aproximadamente 15 % sofre de alguma doença psiquiátrica que precisa de medicação permanente. A mais comum é Ansiedade com quase a metade deles, depois vem as Depressões e os transtornos psiquiátricos mais graves como Esquizofrenia em todas suas variantes e Bipolaridade.
Para debater sobre este tema a equipe se reuniu na sala multifuncional de nossa matriz em Olhos de Água com o objetivo de organizar o trabalho para conseguir uma identificação oportuna de fatores de risco de doenças mentais, para avaliar nosso trabalho até o momento, dando ênfases nas fragilidades para elaborar o plano de intervenção para promover a saúde mental de acordo com nossa área.
Para o melhor controle destes pacientes se elaborou entre todos uma planilha de registro de usuários de psicotrópicos do PSF 2 publicado no fórum do módulo (primeira etapa), com diversos dados pessoais e médicos que nos permite conhecer seus diagnósticos, a medicação que recebem, a frequência dos atendimentos para assim aperfeiçoar nosso trabalho. Da mesma maneira existe por parte dos agentes de saúde a identificação e controle de dos usuários com necessidade decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas.
O trabalho da equipe para detecção e tratamento destas doenças é apoiado pelo Psiquiatra que atende na sede do Hospital do município, além da Psíquico-pedagoga e Psicóloga que oferecem seus serviços no Centro de Atenção psicossocial (CAPS) do município ajudando-nos com os casos de Hiperatividade Infantil, Agressividade ou Déficit da Aprendizagem decorrente de doenças mentais em crianças. Em nossa área as Esquizofrenias são das doenças que provocam maior sofrimento psíquico nas pessoas e familiares; cursam com crises recorrentes e muitas vezes ficam agressivos e difícil de controlar para sua família, por tanto são agendadas as consultas na unidade de saúde de forma imediata ao acontecimento da crise atual. Para ter acesso ao serviço o paciente comparece a consulta e depois de uma avaliação minuciosa se o caso precisa ser encaminhado se faz referência escrita para atendimento especializado com o Psiquiatra do município ou para internação hospitalar segundo corresponda à intensidade da crise.
Depois de ser atendidos na instância no município o Psiquiatra envia uma contra referência indicando o diagnóstico do paciente, as medicações impostas e data de retorno para avaliação especializada. Não acontecendo igual quando o paciente é internado em hospitais estaduais onde não se faz está contra referência.
Para realizar esta segunda etapa da microintervenção se selecionou um paciente da área, masculino, na faixa etária de 40- 50 anos, com diagnostico de Esquizofrenia Paranoide desde a adolescência o qual nos últimos 6 meses apresentou várias descompensações da doença precisando atendimento especializado várias vezes no município e em duas ocasiões internação hospitalar por mais de um mês. Inicialmente se solicita autorização do paciente e familiar responsável para estar na consulta com o especialista e aceitam, logo pessoalmente falei com o psiquiatra do município e expliquei o projeto que se estava fazendo e sua autorização para participar da terapia dele com o paciente.
O especialista durante a terapia foi muito paciente, escutou todo os sintomas que o paciente referia, fez a medicação correspondente e explicou de forma detalhada ao familiar as doses da medicação e data de retorno. Depois de terminar a consulta o Psiquiatra explicou-me que estes pacientes precisavam de terapia ocupacional, o qual nosso município não contava por falta de recursos, já que requeria de outras dependências, de terapeutas especializados e materiais didáticos. Orientou sobre os parâmetros e modo de referência para o Hospital Psiquiátrico São José em Aracajú e Equilíbrio Clínica Dia as quais são referência em saúde mental do Estado Sergipe. Durante a entrevista me proporcionou ferramentas para poder lidar com estas doenças e as medicações mais utilizadas em cada patologia, além de dicas para lograr uma melhor empatia e aproximação a estes pacientes que são em ocasiões pouco receptivos a reconhecer que estão doentes, sendo isto de grande ajuda.
Devido ao alta incidência destas doenças, o pouco conhecimento que tem a população acerca delas e o estado de vulnerabilidade de alguns destes pacientes, se decide fazer uma Microintervenção no povoado de Sucupira, que é o que apresenta os maiores números de pessoas com doenças mentais de toda nossa área de abrangência.
Objetivo:
Faço a palestra na Associação de Moradores de Sucupira para propiciar maior número de capacidades para os asistentes e pacientes portadores de estas doenças, com a participação de toda a equipe dessa área, os quais além de apoiar as orientações, compartilharam experiencias pessoais do trabalho e familiares demostrando que isto pode acontecer em qualquer família sem importar status social, nível profissional ou idade. Se utilizou folhetos instrutivos cedidos pelo psiquiatra do município.
A explicação se faz em linguagem coloquial e didático, orientando sobre os sintomas fundamentais que alertam sobre o início de uma doença mental; a importância da detecção delas em idades iniciais. Se explica aos familiais que é imprescindível que os doentes realizem de forma adequada suas medicações para evitar recaídas. O respeito, apoio familiar e da sociedade que eles precisam para sua recuperação e reinserção social. Como se deve evitar qualquer forma de abuso e discriminação contra eles.
Oriento sobre os direitos que lhes assiste a estes pacientes como:
Após palestrar se deu a palavra aos participantes que consideraram oportuno haver debatido sobre o tema e fazer uma conscientização às pessoas sobre estas doenças e seus sintomas.
Considero que foi bem recebida à palestra, muitas pessoas ficaram agradecidas por que abordo um tópico da saúde pouco difundido e sensível. No pessoal todas as etapas da intervenção foram uma experiencia que enriqueceu meus conhecimentos como médica e ajudou-me a dar às doenças mentais a dignidade que precisavam.
Bibliografía:
1- Suiza. Ginebra. Mental Health Context. World Health Organization (OMS) 2003.Disponivel em: http://www.who.int/mental_health/policy/Maqueta_OMS_Contexto_Ind.pdf
Anexo
Prefeitura Municipal de Arauá – Sergipe
Secretaria Municipal de Saúde
Planilha de registro de usuários de psicotrópicos PSF 2
Nome completo |
Idade |
Cartão de SUS |
Endereço |
Doença psiquiátrica |
CID |
Medicamento psicotrópico |
Dose |
Data De consulta |
Acompanhamento pelo CAPS |
Observações |
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sim |
não |
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