TÍTULO: Atenção à Saúde Mental na Unidade Básica De Saúde ¨Josefa Alves dos Santos¨, município de São Vicente-RN.
ESPECIALIZANDO: ARISBEL GONZALEZ MCKENN
ORIENTADOR: ISAAC ALENCAR PINTO
COLABORADORES:
A abordagem de transtornos da saúde mental, no contexto da atenção primária à saúde, é essencial, porque a atenção primária é a porta de entrada para o sistema de saúde da grande maioria dos pacientes. Desde 1948, a Organização Mundial de saúde (OMS) define “saúde” como “um estado de completa física, mental e bem-estar social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade”. Nesse sentido, a saúde mental é um ponto importante para a promoção integral da saúde do sujeito.
Nosso município, possui uma população de mais de 7.000 habitantes e a rede de saúde mental que suporta a atenção básica é composta de Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF).
Na urgência e nos casos que precisam internação, o município conta com uma Unidade Mista, que encaminha para o Hospital Regional Mariano Coelho, onde o mesmo regula para o CAPS de Caicó. A saúde mental possui uma rede pouco estruturada, pois só temos médico de plantão 3 dias da semana e o Hospital Regional de Currais Novos não tem leitos de internamento para pacientes em crise.
Nossa Unidade Básica de Saúde (UBS) possui um registro dos pacientes que fazem uso de medicamentos psicotrópicos, benzodiazepinas, antidepressivos, ansiolíticos e anticonvulsivantes. Mas este é incompleto, pois não registra o número real de pessoas que fazem abuso desses fármacos, com indicações duvidosas e durante períodos de tempo que podem prolongar-se indefinidamente.
Além disso, pacientes vinculados ao uso abusivo do álcool ou outras drogas, problemas vinculados a violência e diversas outras formas de sofrimento psíquico passam de forma despercebida ou são pouco acompanhadas.
Tendo como base essas deficiências, nossa equipe de saúde conjuntamente com a psicóloga do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) e a farmacêutica da Farmácia Municipal, começou a elaborar um instrumento para registrar de forma adequada as informações das pessoas em uso de Psicotropicos e os casos mais graves em sofrimento psíquico. (Ver anexo 1).
Nosso objetivo na elaboração deste instrumento é identificar o perfil das pessoas que fazem uso abusivo e incontrolado de psicofarmacos para planejar estratégias de intervenção e promoção do uso racional dos medicamentos.
Primeiramente convocamos nossos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) para realizar uma pesquisa ativa em suas respectivas áreas daqueles pacientes que fazem uso de psicotrópicos, usuários de drogas e álcool e os casos mais graves de sofrimento psíquico. Depois de obter os dados, prosseguimos ao registro em caderno.
Seguidamente e apoiando-nos em consultas programadas ou visitas domiciliares interdisciplinares, começamos a avaliação das pessoas pesquisadas. Neste ponto o principal problema foi que nosso município não possui CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e os pacientes que faziam uso de medicamentos sem avaliação do Psiquiatra ou precisavam de ser atendidos por ele tinham que se referenciar para o município de Caicó.
Daqui surgiram outras dificuldades:
Para diminuir estas dificuldades realizamos a visita domiciliar, a qual possibilita conhecer a realidade do portador de transtorno mental e sua família. Durante estas, realizamos atividades de acompanhamento no uso adequado da medicação, aquisição de receitas de psicotrópicos, esclarecemos dúvidas dos familiares sobre a doença mental e orientamos para o manejo de comportamentos do familiar com o sofrimento mental, com o objetivo de melhorar o convívio entre os familiares, incluir a família no tratamento e, sobretudo, estreitar o vínculo.
Entre os atendidos tivemos o caso da paciente ARS, de 23 anos. A mesma foi levada a nossa consulta pela mãe, pois a 3 meses estava apresentando insônia, perda de peso consequente a anorexia, falta de ar e alucinações visuais e auditivas. A mesma relatou que tudo começou a cerca de 1 ano, depois de sofrer um acidente de moto, na qual sofreu de multiples fraturas na coluna vertebral.
A situação fez com que ela começasse a fazer uso do cigarro e outras drogas de forma habitual. Depois da avaliação de seu estado de saúde, encaminhamos para o NASF para atendimento com a psicóloga a qual determinou que tinha que ser avaliada por Psiquiatra no CAPS do município de Caicó.
No CAPS foi diagnosticada com síndrome de estresse pós-traumático e transtornos mentais decorrentes de substâncias psicoativas. Atualmente há o acompanhamento periódico pelos especialistas, nossos profissionais e pela psicóloga. Mantemos o vínculo com a família e a paciente para acompanhamento ao longo do tempo, o que permite identificar os fatores de risco que possam aparecer e intervir se for necessário.
Além das dificuldades que possam se apresentar em nosso município, em relação aos pacientes com transtornos mentais, as principais potencialidades para inclusão do doente mental e o êxito da microintervenção são:
Ponto(s)