Título:Acompanhamento compartilhado dos Trastornos de Saúde Mental entre o Núcleo de Apoio da Família e a equipe da ESF Parque das Luzes.
Especializanda: Ana Lucia Pena Paredes.
Orientadora: Maria Helena Pires Araújo.
O sofrimento psíquico ou comprometimento de ordem psicológica e/ou mental é motivo frequente de consulta na Atenção Primária à Saúde (APS) que desempenha importante papel na pesquisa, acolhimento adequado, encaminhamento oportuno, diagnóstico precoce, início rápido do tratamento, manutenção do tratamento farmacológico dos quadros estáveis e na reabilitação psicossocial para os quadros de saúde mental.
Nesse sentido, salienta-se que as práticas em Saúde Mental na Atenção Primária devem ser realizadas por todos os profissionais de saúde e ter como elemento balizador o entendimento do território e a relação de vínculo da equipe de saúde com os usuários(6). É necessário também o apoio matricial com vistas a atingir à integralidade e à resolubilidade da atenção, por meio do trabalho interdisciplinar. Por conseguinte desenvolver ações para as pessoas com sofrimento psíquico no território, como indica o Padrão 4.36 do Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), é significativo para àqueles que estão envolvidos na qualificação da atenção aos transtornos da Saúde Mental. Tendo em conta que são insuficientes as ações desenvolvidas pela equipe de nossa unidade optamos por realizar a microintervenção alicerçada neste ponto. O objetivo é incrementar as ações desenvolvidas para as pessoas com sofrimento psíquico.
A equipe do Parque das Luzes possui registro dos usuários em uso crônico de benzodiazepínicos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, antidepressivos, estabilizadores de humor e dos ansiolíticos de um modo geral. Existe o registro do número dos casos mais graves de usuários em sofrimento psíquico e o registro dos usuários com necessidade decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas. O agendamento é prioritário para as pessoas em sofrimento psíquico e o tempo de espera para o primeiro atendimento de pessoas em sofrimento psíquico é mínimo e geralmente esses usuários são atendidos no mesmo dia.
Ainda sobre a atenção à saúde mental na unidade em que atuo, destaco que a equipe realiza ações para pessoas que fazem uso crônico dos medicamentos (benzodiazepínicos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, antidepressivos, estabilizadores de humor, bem como os ansiolíticos de um modo geral), mas ainda é insuficiente o acompanhamento, avaliação dos casos e o seguimento quando é indicada diminuição das doses pelo que é necessário continuar aperfeiçoando as atividades na atenção integral em saúde mental.
Na construção da microintervenção (quadro 6) o primeiro passo foi uma reunião da equipe de saúde. As estratégias foram manter a busca ativa e realizar o acompanhamento adequado às pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental; Continuar com a integração da Estratégia de Saúde da Família (ESF) com a equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). Para isso foram desenvolvidas atividades como: realizar a busca ativa de pessoas vulneráveis com sofrimento psíquico; Acolher adequadamente; Atualizar sistematicamente o livro de registro das pessoas que fazem uso dos medicamentos de saúde mental; Encaminhar os casos que requerem de serviço especializado; Planejar atividades conjuntas com o NASF-AB para realizar: a discussão de casos, a visita domiciliar compartilhada, as atividades de promoção de saúde e os encontros para atividades de educação permanente. Osrecursos humanos necessários para o desenvolvimento das atividades foram: médica, enfermeira, técnica de enfermagem, diretora da unidade básica de saúde, Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Já os recursos matérias utilizados foram o livro de registro de medicamentos de saúde mental, os livros de agendamento dos profissionais, as fichas de atendimento e os prontuários.
A microintervenção foi realizada nos durante todo o mês de julho e os mecanismos de avaliação consideraram a quantidade de casos com acompanhamento adequado e o número de atividades conjuntas realizadas com o NASF-AB. Para isso, utilizamos um instrumento de medição para monitorar e avaliar o comportamento do padrão avaliado como insatisfatório (Quadro 7).
Na execução da microintervenção selecionamos um caso de uma pessoa atendida na unidade básica que necessito de uma atenção integral em saúde mental. O caso é um home de 35 anos de idade que já tem diagnóstico de transtorno bipolar que é um problema em que as pessoas alternam entre períodos de muito bom humor e períodos de irritação ou depressão.
Com a finalidade de identificar a um usuário que necessitava de atenção integral em saúde mental e a construir uma linha de cuidado, realizei uma visita domiciliar com a ACS. Ao chegar ao domicílio à esposa do usuário relatou que ele não estava tomando o medicamento indicado pelo psiquiatra neste caso risperidona de 2mg, pois alegava que não precisava mais tomar o medicamento. Além disso, como antecedente familiar o avó materno, já falecido, também tinha diagnóstico de transtorno bipolar. Atualmente o núcleo familiar é composto pelo casal e uma filha de 8 anos de idade. Esta família por sua estrutura é uma família nuclear.
A ACS informou previamente a situação identificada e na reunião de equipe foi planejado uma visita domiciliar. Na visita o usuário encontrava-se muito irritado e decidimos que a consulta seria realizada no dia seguinte. Ele compareceu acompanhado pela esposa. Durante a consulta realizamos algumas ações de suporte emocional como estabelecer empatia, exercer escuta qualificada, proporcionar ao indivíduo um momento para refletir e o mesmo relatou que tinha dificuldades de comunicação com seu chefe no trabalho e tinha medo que o despedissem. Depois da anamnese e avaliação clínica fizemos atividades de promoção de saúde enfatizando os riscos de abandono do tratamento, incentivando a necessidade do uso do medicamento indicado e encaminhamos o caso para o psicólogo.
O caso foi discutido com a equipe do NASF-AB e com a participação conjunta da ESF. Com o apoio matricial e a colaboração da família, atualmente o usuário retomou o tratamento, realiza atividade física regular e moderada que o ajudam na estabilização de seu humor. Neste momento o transtorno bipolar está controlado, mas continuamos o seguimento compartilhado entre a ESF e o NASF-AB, assim como no acompanhamento da família, pois não sabemos quando o usuário pode ter agudização do caso novamente. É importante assinalar que os outros familiares que moram perto do usuário (mãe, pai e irmã) mostram-se muito colaborativos e eles são muito importantes na recuperação das pessoas com transtornos mentais.
Foram identificadas como fragilidades: não existe Centro de Atenção Psicossocial no território o que dificulta obter a contra referência dos casos que são referenciados para esse serviço e demora no atendimento dos casos pelo psiquiatra depois do agendamento. Como potencialidades foram identificadas: a existência do NASF-AB tipo 1 no município; Boa integração e comunicação da ESF com a equipe do NASF; Existência dos livros de registros das pessoas que fazem uso crônico de medicamentos para os transtornos de saúde mental; Registro do número dos casos mais graves de usuários em sofrimento psíquico; E o registro dos usuários com necessidade decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas.
Por fim, ressalta-se que a rede de pessoas e de serviços de saúde mental no território está organizada em: Unidade de Atenção Básica (UBS) a qual compete coordenar o cuidado das pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental do território adstrito; Realizar a referência para serviço do NASF-AB; Desenvolver ações conjuntas com o NASF-AB tais como: discussão de caso, atendimento individual compartilhada, atendimento domiciliar compartilhada, ações de educação permanente, dentre outras.
No município o NASF-AB tipo1 é composto por: psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapêuta, farmacêutico, nutricionista, assistente social e educador físico. Esses especialistas oferecem os serviços correspondentes às suas especialidades. Na articulação da ESF com o NASF-AB os casos que requerem da atenção da equipe do NAFS-AB são referenciados pela unidade básica e geralmente recebemos a contrareferência. A ESF recebe mensalmente o cronograma de trabalho de todos os integrantes do NASF-AB Àqueles que precisam de encaminhamento para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) esse é feito em parceira com a ESF e há uma boa comunicação entre as equipes por meio de contatos frequentes, reuniões presenciais, discussões de critérios, comunicação telefônica, dentre outras.
Os impactos alcançados ao longo do período foram: maior resolutividade dos casos que requerem atendimento integral em Saúde Mental; Aperfeiçoamento do trabalho compartilhado entre a ESF e o NASF-AB; Atualização sistemática dos livros de registros dos usuários de medicamentos de saúde mental e com necessidade decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas.
Com a continuidade da microintervenção esperamos que as ações efetivas no atendimento das pessoas com sofrimento psíquico sejam incorporadas à rotina diária dos serviços ofertados pela UBS e aquelas que ainda temos dificuldades tenham respostas positivas com as ações propostas. Afinal elas poderão complementar o atendimento integral aos usuários com transtornos de saúde mental como é recomendado pelo Programa Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica
.Quadro 6:Matriz de Intervenção do Padrão 4.36 da AMAQ para Unidade Básica Parque das Luzes no Município Jardim de Piranha do Estado Rio Grande do Norte
Descrição do Padrão: 4.36: A equipe de Atenção Básica desenvolve ações para as pessoas com sofrimento psíquico em seu território.
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Descrição da situação problema: São insuficientes as ações desenvolvidas pela equipe para as pessoas com sofrimento psíquico.
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Objetivo: Incrementar as ações desenvolvidas para as pessoas com sofrimento psíquico.
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Estratégia para alcançar os objetivos/metas |
Atividades a serem desenvolvidas (Detalhamento da execução)
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Recursos necessários para o desenvolvimento das atividades |
Resultados esperados |
Responsáveis |
Prazos |
Mecanismo e indicadores para avaliar o alcance dos resultados.
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Manter a pesquisa e acompanhamento adequado às pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental
Continuar com a integração da ESF com a Equipe de Apoio Matricial. |
Pesquisar as pessoas vulneráveis de sofrimento psíquico Acolhimento adequado. Atualização sistemática do livro de registro das pessoas que fazem uso dos medicamentos de saúde mental. Encaminhar os casos que requerem de serviço especializado.
Planejamento de atividades conjuntas: -Discussão de casos. -Visita domiciliar. Atividades de promoção de saúde. -Encontros para atividades de Educação permanente.
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Humanos: Médica, Enfermeira, Técnica de enfermagem Diretora , ACS Materiais: Livro de registro de medicamento de saúde mental. Livro de agendamento dos profissionais. Fichas de atendimento e prontuários.
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Melhor acompanhamento para a pessoa com sofrimento psíquico. Livro de registro atualizado. Atenção integral as pessoas com transtornos mentais.
Aperfeiçoar o trabalho compartilhado com a Equipe de apoio matricial. |
Médica Ana Pena; Enfermeira Maria José; Técnica de enfermagem Fabíola Paiva; Diretora Josélia Oliveira; ACS Andreza Carla, Maria de Fatima Fernanda Regis e Edileusa Bezerra. |
30 dias do mês de julho |
Quantidade de casos com acompanhamento adequado.
Numero de atividades conjuntas realizadas
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Fonte: Elaborada pelo próprio autor
Quadro 7:Instrumento de Acompanhamento dos usuários com transtornos de saúde mental
Numero De Cartão SUS |
Idade |
Sexo |
Agendamento programado |
Atendimento no dia |
Tipo de transtorno de saúde mental (CIAP- 2 ou CID-10) |
Encaminhamento ao NASF |
Seguimento compartilhado com o NASF |
Tempo de espera para o atendimento |
Integração ao grupo ajuda
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Fonte: Elaborado pelo próprio autor
Ponto(s)