Saúde mental nos indivíduos da Unidade de Planície das Mangueiras
Especializando: Aline Silva de Deus Mocitaiba
Tutor: Maria Helena Pires Araújo Barbosa
Sabemos que falar sobre saúde mental é algo complexo. Na UBS da zona norte de Natal pode-se observar, assim como outras inúmeras ESF que não há uma organização adequada para identificação dos pacientes com distúrbios psiquiátricos, sofrimento psíquico, uso de drogas ou medicações controladas. Quando há esse registro se dá de uma forma incompleta que deixa expectativa para novos dados serem inseridos. Na unidade sobre saúde mental, módulo do curso atual pude perceber a evolução do modelo hospitalocêntrico para dos dias atuais. Na unidade que atuo pude perceber que não há de uma forma adequado registro sobre pacientes que estão em uso de antidepressivos, ansiolíticos, benzodiazepinicos nem tampouco pacientes que fazem uso de estabilizadores de humor. Falar sobre saúde mental é algo bem difícil. Tem sido um desafio poder contribuir para saúde mental dos pacientes que necessitam de medicações, saber indicar e acompanhar esses pacientes também é importante, visto que a resolução desses casos contribuem para resolutividade mais rápida dos problemas e também percebemos que nem todos casos precisam ser referenciados.
Na unidade que atuo não há registro de casos graves, novos ou pacientes em sofrimento psíquico. Esses pacientes necessitam de cuidados especiais é uma prioridade em relação aos atendimentos durante consulta médica. Há pacientes em uso de medicações de controle especial ou ansiolíticos que são usuários de drogas como álcool e o crack, porém não há explícito em prontuário condição clínica do paciente nem tampouco de quais substâncias fazem uso. Na verdade o prontuário foi construído pra ser ferramenta onde pudéssemos encontrar todas informações sobre o paciente, porém isso é o que menos tenho visto em minha pouca experiência na prática clínica. Nem tampouco existe uma planilha para designar os casos com mais necessidade de acompanhamento mais próximo.
Quando iniciei trabalho nesta unidade tive um pouco de aversão a quantidade de medicação controlada usada por esses pacientes, visto que desconhecia a realidade de muitos deles também pela carga de receitas que precisam ser renovadas todo mês. Afim de fundamentar o uso dessas medicações de controle especial e receitas azuis propus para os Agentes comunitários de saúde a necessidade de conhecer esses pacientes com objetivo de colher suas histórias e a partir de então de acordo com minha avaliação encaminhar ao especialista caso julgasse necessário.
Esses pacientes são agendados durante consulta de rotina, ou comparecem na unidade e são atendidos por demanda espontânea não há um dia específico para atendê-los. O importante desta consulta é conhecer o paciente e entender pouco do diagnóstico que foi lhe dado e quem introduziu a medicação pela primeira vez se especialista ou não, se esses pacientes realmente tem necessidade de fazer uso contínuo de medicações. Esses pacientes são atendidos durante consulta médica com ordem de prioridade, considerando seu diagnóstico e quadro clínico apresentado no momento e então feito avaliação como anamnese mais detalhada sobre o seu diagnóstico atual e sobre suas medicações em uso.
São identificados os ACS dos paciente de suas respectivas áreas registrado em prontuário o atendimento com número de telefone e atualização sobre medicações de uso atual. Há pacientes que há uma década fazem uso de mesma medicação e então encaminho para psiquiatria para avaliar a necessidade de continuar ou diminuir a medicação.
Pude perceber que há grande parte número de pessoas da comunidade em uso de ansiolíticos e benzodiazepínicos sem indicação clínica. Que fazem uso dessas medicações devido ter tomado conhecimento de alguém que faz uso e acharam conveniente continuarem tomando medicação sem prescrição médica e sem indicação clínica .
Aos demais pacientes em sofrimento psíquico tenho contado e muito com ajuda do NASF que desenvolve trabalhos incríveis com grupos de pessoas com os mais variados distúrbios psiquiatricos.
Há realização de terapia de grupo todas as sextas feiras em que é realizado o “Café com sentimento” liderado por uma psicóloga maravilhosa que sempre faz identificação de casos interessantes que acabam sendo discutidos em grupo. Desde que cheguei na unidade existe atuação do grupo e considerei importante explorar pouco mais essa terapia, afim de minimizar o uso de medicações em pacientes sem indicação e reforçar o uso aos que realmente necessitam. A terapia realizada durante as sextas feitas atrai diversos tipos de pacientes em sofimento psíquico e são abordados vários temas durante a terapia. Os índivíduos contam seus problemas e há uma exposição dialogada sobre diversas condições da vida. A psicóloga traz poesia, musicas que trazem a reflexão desses cidadãos. A partir da ação em conjunto com NASF tenho obtido grandes resultados. As pessoas começam a compreender melhor sobre vida e suas adversidades.
A partir dessas reuniões e análise de diversos casos de pessoas em uso de medicações de controle especial resolvi criar uma planilha com informações mais precisas sobre esses pacientes como se usam alguma droga e que tipo de drogas usam; psicotrópicos em uso e há quanto tempo; se há risco de suicídio, a área que moram e os ACS responsáveis por sua área. Informações deste tipo foram mantidas em uma tabela com objetivo de melhor controle dos usuários destas medicações. Foi também muito enfatizado a importância da interação com outras pessoas, com a família e com grupos de apoio à saúde mental.
Saúde mental não é algo fácil de lidar, principalmente para mim que não tenho perfil da psiquiatria. No entanto esta unidade foi importante, visto que tenho que saber lidar com situações de pessoas com esse perfil que não vou a todo momento fazer encaminhamento para internamento ou para CAPS. Como clínica geral foi de fundamental importância aprender pouco mais a enfrentar essa situação, saber prescrever a medicação mais adequada para cada paciente, se houver indicação e o principal é criar terapias, novas oficinas junto com equipe do NASF e os agentes de saúde para acolhimento dessas pessoas.
Ponto(s)