Titulo : Cuidado em saúde mental na UBS Severina Medeiros Dantas
Especializando: Alfredo Rivero Troya
Orientador: Maria Helena Pires Araujo Barbosa
O cuidado em saúde mental faz parte da rede de atenção primária em saúde, porém ações não são comumente empregadas nas unidades básicas de saúde pois dependem de profissionais responsáveis, organização da gestão pública, aprimoramento na área e investimento para qualificação dos profissionais.
O uso de psicofármacos apresenta uma demanda considerável no município de Jaçanã-RN e na Unidade Básica de Saúde (UBS) Severina Medeiros Dantas é comum sua utilização. O uso desses medicamentos torna-se visível nos atendimentos individuais, visitas domiciliares e por meio dos relatos dos demais profissionais, principalmente dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). A unidade apresenta um livro de ata (orientação do Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica – PMAQ) para organização dos indivíduos que utilizam psicofármacos, porém não é muito utilizado.
Diante desta situação, criou-se um instrumento de registro direcionado aos ACS para diagnóstico dos indivíduos cadastrados em cada microárea e do território. Para desenvolver este instrumento inicialmente houve conversa com a enfermeira responsável pela unidade e a equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). Essa equipe é composta por psicóloga, nutricionista, assistente social, educador físico e fisioterapeuta. Naquele momento presencial foi abordada a necessidade da planilha. Após reunião com os ACS foi realizado o repasse das informações, as características de cada área e os possíveis casos a serem analisados.
Na planilha constam informações essenciais de cada usuário, como dados pessoais (nome, sobrenome, data de nascimento, sexo), prontuário, diagnóstico do transtorno mental, outras patologias associadas, tratamentos e observações adicionais, se necessárias. Uma cópia de cada instrumento foi entregue aos agentes de saúde para acompanhamento da área.
Concernente à organização da saúde mental em Jaçanã/RN, ressalta-se que ela está definida pela relação entre CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), NASF-AB e consórcio intermunicipal de saúde. O município não possui CAPS no município, e sim na cidade de referência da regional Santa Cruz/RN. O consórcio intermunicipal de saúde garante atendimento médico com psiquiatra e neurologista. Já no NASF-AB (psicóloga e assistente social).
Após a apresentação de alguns usuários escolhidos pelos ACS e em consonância com a psicóloga e assistente social do NASF-AB, foi selecionado um usuário para visita domiciliar e posteriior acompanhamento multiprofissional. Não houve articulação direta com o CAPS devido ao fato do usuário selecionado não apresentar problema psiquiátrico, mas neurológico. O caso escolhido é apresentado abaixo:
Indivíduo do sexo masculino, aposentado, 61 anos, possui familiares porém mora sozinho no município e possui auxílio de vizinhos para tarefas como preparar alimentação, acompanhamento em consultas e marcação de exames. As patologias diagnosticadas foram: diabetes melitus tipo II, hipertensão arterial sistêmica sem complicação, mal de Alzheimer, glaucoma de ângulo aberto, além de ser fumante compulsivo e apresentar perturbação do sono.
O tratamento anterior a intervenção, prescrita por neurologista e endocrinologista, estava baseado em uso contínuo de benzodiazepínico Diazepam 10 mg, 1 comprimido a noite (medicamento contraindicado para o glaucoma); Donepezila 5mg, 1 por dia; Glibenclamida 5mg, 1 unidade no café e outro no jantar; Metformina 850mg, 1 no café; Hidroclorotiazida 25mg 1 ao dia; Ácido Acetilsalicílico 100mg, 1/dia, Pilocarpina 2% 1 g de 12/12 hs em cada olho.
Na visita domiciliar e consequentemente com os retornos ao atendimento individual, foi retirado o medicamento benzodiazepínico, incentivado a prática de exercício físico e estimulado a participar do SCFV do município (grupo de idosos que participam de exercícios, orientações de saúde, orientação estudantil e trabalho com arte e cultura).
Em conjunto com a psicóloga foi orientado a cessar o fumo ou reduzir inicialmente e o usuário se comprometeu a não fumar após as 17 horas. A assistente social entrou em contato com os acompanhantes para orientação no auxílio ao mesmo.
Como dificuldades apresentadas destacam-se a falta de uma unidade de CAPS no município, ausência de equipe direcionada ao acompanhamento contínuo desses usuários, a organização dos ACS com a nova atividade a ser implantada, no caso do preenchimento da planilha e a falta de ações em grupos ou individuais para a atenção em saúde mental. Essa verificação indicou a necessidade de aprofundamento e organização da unidade e da secretaria de saúde.
As potencialidades relacionam-se ao melhor acompanhamento de usuários, visto que não há contra referência por parte de especialistas, melhor organização dos dados, perspectiva de ações a serem criadas para o trabalho em saúde mental e com a atenção ao usuário passa a contar com a avaliação e cuidado integral à saúde.
Ponto(s)