2 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: Saúde Mental e a importância do acompanhamento e tratamento adequado

ESPECIALIZANDO: Alex Remulo da Silva

ORIENTADORA: Maria Helena Pires Araújo Barbosa

 

  Esta microintervenção trata da atenção à saúde mental na Atenção Primária à Saúde (APS). Ela traz um relato de experiência estruturado em três etapas. A primeira etapa descreve as reuniões realizadas em equipe e discussões sobre a criação da planilha. A segunda etapa desta Microintervenção traz detalhes sobre a escolha de um usuário da UBS de Campo da Santa Cruz atendido pelo médico da Unidade. A terceira etapa relata a experiência sobre as etapas do processo de desenvolvimento desta Microintervenção IV.

 A primeira etapa teve como objetivo reunir em uma única planilha os registros existentes dos usuários que recebem cuidados na área da saúde mental – de acordo com o Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ) – na Unidade Básica de Saúde Campo da Santa Cruz, no município de Macaíba-RN, quanto ao medicamento utilizado e tipo de acompanhamento recebido.

            Levando em consideração que o Ministério da Saúde – por meio das políticas de expansão, formulação, formação e avaliação da Atenção Básica – vem estimulando ações que remetem a dimensão subjetiva dos usuários e aos problemas mais graves de saúde mental da população neste nível de atenção (BRASIL, 2003). Sendo assim, percebeu-se a necessidade em desenvolver um trabalho mais pertinente e individual na Unidade Básica de Saúde de Campo de Santa Cruz, em Macaíba-RN.  Afinal, a Estratégia Saúde da Família (ESF), tomada enquanto diretriz para reorganização da Atenção Básica (AB) no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), tornou-se fundamental para a atenção das pessoas portadoras de transtornos mentais e seus familiares (BRASIL, 2007).

            Vale ressaltar que nos últimos anos inúmeras transformações foram feitas no modelo de atenção em saúde mental. Tais mudanças, no centro da Reforma Psiquiátrica, tangem ações voltadas à inclusão social, cidadania e autonomia das pessoas portadoras de transtornos mentais. (CAÇAPAVA JÚNIOR, 2009). Nessa ótica vê-se, portanto, protagonismo do movimento social de profissionais, usuários e familiares que têm favorecido ao longo do processo mudanças na legislação e a proposição de novos modelos de atenção em saúde mental (SACARENO, 2001).

            Considerando a capacidade dos profissionais em gerir um movimento social a fim de desenvolver um trabalho pertinente e individualizado, isto é, analisar cada usuário da Unidade Básica de Saúde (UBS) Campo de Santa Cruz de forma mais detalhada e precisa, criou-se uma planilha, contendo todos os dados necessários e suficientes para conhecer e estudar melhor o caso de cada usuário com diagnóstico de transtorno mental daquela unidade, conforme mostra a imagem a seguir:

 

 

            A planilha armazena informações como o nome do indivíduo; data de nascimento; diagnóstico atual; medicamento em uso; acompanhamento psiquiátrico; acompanhamento pelo CAPS; e acompanhamento pela ESF. Os dados são retirados de uma ficha cadastral preenchida pelo usuário da UBS, conforme mostra a imagem abaixo:

 

 

            Na segunda etapa desta Microintervenção IV foi desenvolvida uma atenção individualizada. A intenção da equipe foi a de conhecer de forma mais precisa o diagnóstico dos usuários portadores de sofrimento psíquico que são acompanhados na Unidade Básica de Saúde Campo de Santa Cruz.

De acordo com estudos divulgados da Organização Mundial da Saúde (OMS), realizado em 14 países de diferentes condições socioeconômicas (inclusive o Brasil), apontou que, apesar de consideráveis variações, a prevalência de transtornos mentais na população atendida em serviços de atenção primária de saúde, era de 24,0%, sendo que a depressão, ansiedade e transtornos decorrentes do uso de substancias psicoativas eram os diagnósticos mais frequentes. (OMS, 2001).

Sendo assim, foi escolhido um usuário da UBS Campo de Santa Cruz para realizar esta atividade e observar como se desenvolve a linha de cuidado, conforme é detalho na terceira etapa desta microintervenção, que traz o relato de experiência dessa atividade.

            A terceira parte consta de um relato de experiência onde são expostas as etapas do processo de construção dessa microintervenção. Para isso, foram realizadas algumas reuniões na unidade Estratégia Saúde da Família Campo da Santa Cruz (ESF) a fim de traçar planos que favorecessem a realização do objetivo proposto. Na primeira etapa, foi realizada uma reunião com a equipe para discutirmos sobre a criação de um instrumento de registro de usuários que necessitam de cuidados na área da saúde mental. Nesse primeiro momento, a dificuldade encontrada foi o transtorno em reunir a equipe para reunião e discursão sobre a criação da planilha, no entanto, os encontros foram possíveis e benéficos, resultando na criação da ficha cadastral e da planilha eletrônica.

Na segunda etapa foi escolhido um usuário atendido pelo médico da UBS Campo de Santa Cruz. A mulher, 48 anos, apresentava como diagnóstico o Transtorno Bipolar CID (Classificação Internacional de Doenças) F313; fazia uso dos seguintes medicamentos: Amitriptilina 25mg 2 vezes ao dia, Diazepan 0,5mg 1 vez ao dia; e está sendo acompanhada pelo médico da ESF a cada três meses e pelo psiquiatra a cada 6 meses.

A linha de cuidado para essa usuária apresenta: acompanhamento pela psicóloga do Núcleo de Ampliado de Saúde da Família da Família e Atenção Básica (NASF-AB), enfermeira e médico da Estratégia Saúde da Família (ESF), onde será proporcionado um encontro entre a usuária e os profissionais da AB a cada 15 dias. Cada reunião ocorrerá com um profissional por vez.

É importante ressaltar que no município de Macaíba-RN conta com Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e NASF-AB. Também contamos com um Centro de Especialidades, onde um psiquiatra faz o acompanhamento destes usuários. Todavia, a ESF Campo da Santa Cruz, não faz integração adequada com o CAPS, em virtude deste Centro de Atenção não ter em seu quadro profissional um Psiquiatra. Desta forma é feito uma interação entre a UBS Campo de Santa Cruz e o NASF, onde há disponível uma psicóloga e um psiquiatra que atente no Centro de Referência Posto da Maré, que comporta 22 especialidades.

Quanto aos inconvenientes encontrados nesta segunda etapa, que buscou estabelecer a linha de cuidado, pode ser citada a dificuldade de estabelecer um diálogo com o psiquiatra do Centro de Referência Posto da Maré, uma vez que a UBS não possui uma contrarreferência com indicações e planos de ação, e ainda, informações quanto à continuidade dos medicamentos, anteriormente, prescritos ao usuário. Desta forma, a os profissionais da UBS não tem conhecimento quanto a uma possível troca de medicamento, aumento ou diminuição da dosagem.

            No entanto, para minimizar os problemas provocados pela falta de diálogo, foi criada uma ficha cadastral (ficha para referência e contrarreferência). Nessa iniciativa da UBS, o usuário é encaminhado à avaliação psiquiátrica no Centro de Referência munido da ficha cadastral, onde serão preenchidos as indicações e o plano de ação estabelecido pelo psiquiatra do Centro de Referência. Ao retornar à UBS o usuário deve comparecer em posse da ficha preenchida, facilitando assim a comunicação entre os profissionais e o acompanhamento desse usuário. Para que essa ação seja posta em prática está sendo aguardada uma resposta do diretor e dos profissionais do Centro de Referência de especialidades Posto da Maré. Ainda é precoce para afirmar sobre o sucesso deste projeto, uma vez que foi iniciado recentemente. Houveram apenas duas reuniões, no entanto, a expectativa é de que este plano de ação seja aceito e bem sucedido.

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