PLANEJAMENTO REPRODUTIVO, PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA TEPEQUEM, EM AMAJARI, RR.
ESPECIALIZANDO: ZURAMY RODRIGUEZ CERVANTES
ORIENTADOR: ROMANNINY HEVILLYN SILVA COSTA
Esse relato de experiência será feito sobre a microintervenção realizada a respeito do planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério da Estratégia de Saúde da Família – ESF Tepequem, com o objetivo de relatar as ações programadas e estratégias de educação em saúde voltadas para o atendimento as gestantes na unidade, de forma a abordar o planejamento familiar, o pré-natal e o puerpério.
Após identificar as potencialidades e fragilidades neste acompanhamento, foi observado que na Unidade Tepequem o atendimento ao pré-natal e puerpério é feito na unidade em consultas de enfermagem e da médica clínica geral, onde a gestante é acompanhada e a caderneta é preenchida adequadamente e exames complementares são solicitados conforme a recomendação. Há uma preocupação com as ISTs, que são diagnosticadas e tratadas.
Referente ao atendimento em pré-natal e puerpério, a Unidade realiza busca ativa das gestantes para serem incluídas no atendimento de pré-natal, com o trabalho dos Agentes comunitários de saúde, que estabelecem o primeiro contato com as gestantes e encaminham para a Unidade, inclusive as adolescentes, pois é feito um levantamento periódico das gestantes do bairro, incluindo as que fazem pré-natal em serviço privado, de modo a não deixar nenhuma gestante sem cobertura e garantindo seu direito a saúde.
Antes de minha chegada a ESF Tepequem, já existia o trabalho com atendimento em consultas de pré-natal, mas não existia o grupo de gestantes implantado, apenas existia a ideia da outra gestão que passou por lá. Existia apenas as consultas de acompanhamento do pré-natal, nas quais eram oferecidas orientações, porém muito superficialmente devido ao pouco tempo de atendimento.
Assim, minha experiência se deu ao implantar o grupo de gestantes na Unidade Tepequem, tendo em vista que não existia uma forma de educação em saúde voltada para as gestantes, sendo de muita importância estabelecer essa estratégia.
O puerpério/gestação é uma etapa de muita importância, pois a mulher vai sofrer uma série de mudanças no organismo até a volta à normalidade, e um período delicado por si só, pois a mulher precisa de um atendimento e acolhimento de qualidade pela equipe multidisciplinar e não apenas no momento das consultas de pré-natal.
É por isso que a equipe de saúde deve estar atenta durante o seguimento pré-natal para detectar precocemente qualquer alteração que se podem diagnosticar desde na gravidez sintomas de alarme de que a gestante pode desenvolver, que podem ser perigosas tanto para a mãe quanto para o recém-nascido.
Para implementar o grupo de gestantes na Unidade, foi preciso elaborar um Planejamento e capacitar a equipe para atender a essa demanda. Conforme o desenvolvimento do grupo de educação em saúde, foi elaborado um quadro de operações com o nó crítico do problema:
Quadro 1 – Operações sobre o nó crítico – Unidade Básica de Saúde Tepequem, município de Amajarí, RR.
Nó crítico
|
Não existência do grupo de gestantes
|
Operação |
Implantação do grupo de gestantes na ESF Tepequem |
Projeto |
Grupo Gestante Saudável |
Resultados esperados
|
Compreensão e esclarecimento de dúvidas sobre a gestação e puerpério pelas gestantes em 50%. Melhor acompanhamento e acolhimento das gestantes pela Unidade de Saúde em 100%. |
Recursos necessários
|
Cognitivos: Conhecimento sobre o tema. Políticos: parceria, mobilização social. Financeiros: disponibilização de materiais educativos relacionados ao pré-natal e puerpério. |
Atores sociais/ responsabilidades
|
Gestores municipais e da Unidade Básica da Saúde.
|
Recursos críticos
|
Adesão da população
|
Controle dos recursos críticos / Viabilidade
|
Secretaria da Saúde. Viabilidade: Possível, com a interação. |
Ação estratégica de motivação
|
Favorável |
Responsáveis:
|
Equipe de Saúde. |
Cronograma / Prazo
|
Quinzenal |
Gestão, acompanhamento e avaliação. |
Seguimento e controle sistemático por intermédio de consultas programadas. |
Fonte: Próprio autor.
– AÇÕES PROGRAMADAS PARA A IMPLANTAÇÃO DO GRUPO DE GESTANTES
De acordo com o Ministério da Saúde, as ações de promoção à saúde, prevenção de agravos e de assistência à criança pressupõem o compromisso de prover qualidade de vida para que a criança possa crescer e desenvolver todo o seu potencial. O objetivo das linhas de cuidado da criança é reduzir a mortalidade materna e neonatal e dar continuidade ao desenvolvimento e crescimento infantil (BRASIL, 2010).
Quadro 2 – Ações programadas – Unidade Básica de Saúde Tepequem, município de Amajarí, RR.
Nó crítico da intervenção: Não existência do grupo de gestantes -Primeira ação: Capacitação sobre acompanhamento e desenvolvimento infantil, bem como acompanhamento no pré-natal e puerpério para toda a equipe de saúde da família da Unidade, no período de três semanas; -Segunda ação: Visita domiciliar com agentes comunitários de saúde para convidar as gestantes a participarem das rodas de conversa/grupo, no período de um mês; -Terceira ação: Planejamento das ações educativas com a escolha dos temas a serem debatidos pelo grupo, no período de um mês; -Quarta ação: Iniciar as atividades grupais que serão desenvolvidas por meio de rodas de conversa com as gestantes; |
Fonte: Próprio autor.
Em uma busca na literatura, há uma recomendação do Ministério da Saúde (2010) e do núcleo de Telessaúde do Rio Grande do Sul (2017), para a formação de grupos de gestante, pois são importantes estratégias para trabalhar com a promoção da saúde e educação em saúde no pré-natal e puerpério.
Segundo o núcleo de Telessaúde do Rio Grande do Sul (2017), as reuniões devem acontecer em forma de “roda de conversa”, onde o coordenador do grupo tenha a função de complementar os conhecimentos já próprios daquela população, indicando o que é mais correto. Não é aconselhável que sejam realizadas reuniões de grupos em forma de palestra, o ideal é deixá-las falar sobre suas dúvidas e seus medos durante a gravidez e mesmo após ela.
Portanto, ao implementar o grupo de gestantes e trabalhar com elas há mais de um ano, pude observar uma grande melhoria e ampliação de conhecimentos sobre a saúde da criança e da puérpera, pois os temas debatidos nas rodas de conversa em grupo serviram para esclarecer e preparar a gestante para essa nova fase de sua vida, com o apoio dos protocolos de saúde e o desempenho da equipe, que contribuíram para elevar a qualidade de vida das gestantes atendidas pela ESF Tepequem.
Em relação a promoção no pré-natal e puerpério, realiza-se o acompanhamento nas consultas de pré-natal, grupo de gestantes com vários temas abordando a gestação e o puerpério. O grupo de gestantes é realizado uma vez na semana, onde temos o total de 25 gestantes atualmente, acontecendo orientações também na sala de espera.
Essa experiência foi muito enriquecedora das práticas de saúde locais, para mim e para minha equipe, pois esta foi capacitada com o acolhimento para melhor atender as gestantes. Com a realização da educação em saúde em grupo, os conteúdos se disseminam melhor, o convívio social é estimulado, assim como a troca de experiência entre elas, fazendo com que a participação no grupo se torne um hábito junto ao ato de querer saber sempre mais sobre sua gestação.
No começo da implementação do grupo, foram encontrados alguns desafios para o seu desenvolvimento como a falta de interesse das gestantes em participar e a falta de recursos materiais a serem utilizados, mas com o passar do tempo as gestantes foram aderindo a essa ideia e buscamos parceria com a Secretaria Municipal de Saúde que nos ajuda com o material de divulgação do grupo.
O que eu mais gostei enquanto médica com a implantação do grupo é que podemos passar informações sobre puerpério e pré-natal de forma grupal, facilitando meu trabalho e sanando as dúvidas das gestantes de maneira mais rápida do que se fosse individual nas consultas. O que eu não gostei nessa experiencia foi das dificuldades que surgiram no começo como a não participação de todas as gestantes, mas que foram superadas com muita persistência.
Acredito que ainda podem ser feitas muitas ações para melhorar essa estratégia de educação em saúde. Gostaria de poder implementar no futuro, o dia da Gestante, com um evento de alcance municipal, no qual todas as equipes de Saúde da Família possam participar, criando um cronograma para as gestantes, mas isso são pensamentos futuros.
A literatura mostra ainda que as ações educativas são relevantes para esclarecer as dúvidas das mulheres e contribuir para sua adesão aos procedimentos propostos e possíveis tratamentos. As atividades podem ser desenvolvidas na forma de discussões em grupo, rodas de conversa, dramatizações ou outros mecanismos que, de maneira dinâmica, possam facilitar a troca de experiências entre todos os envolvidos no processo. Devem ser trabalhados alguns conceitos e cuidados, com a participação ativa da gestante, no contexto social e suas transformações, englobando a família, particularmente o companheiro, se ela assim o desejar (AMARAL; SOUSA; CECATTI, 2010).
Portanto, posso refletir sobre essa experiencia de maneira positiva, algo que saiu do papel e foi implementado e está mudando a vida das pessoas atendidas, com hábitos saudáveis, informações sobre seu processo de gravidez que são realmente valiosas para estas gestantes, que gostam e participam de forma ativa das reuniões grupais. A equipe Tepequem está muito empenhada em continuar oferecendo essas ações, pois só temos a ganhar com esta forma de promoção de saúde.
REFERENCIAS
AMARAL, Eliana M.; SOUSA, Francisco L. P. de; CECATTI, José G. Secretaria da saúde. Coordenadoria de Planejamento em Saúde. Assessoria Técnica em Saúde da Mulher. Atenção à gestante e à puérpera no SUS – SP: manual técnico do pré-natal e puerpério / organizado por Karina Calife, Tania Lago, Carmen Lavras – São Paulo: SES/SP, 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da Criança. 2010. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29865>. Acesso em 25 de junho de 2018.
BRASIL. BVS. Biblioteca Virtual em Saúde. Como estruturar um grupo de gestantes? Núcleo de Telessaúde do Rio Grande do Sul. 2010. Disponível em: < http://aps.bvs.br/aps/como-estruturar-um-grupo-de-gestantes/>. Acesso em 25 de junho de 2018.
Ponto(s)