RELATO DE EXPERIÊNCIA
TÍTULO: PLANEJAMENTO FAMILIAR, ATENÇÃO PRÉ-NATAL E PUERPERIO
ESPECIALIZANDO: WILDER ALVAREZ MACIA
ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO
O Planejamento Reprodutivo é o conjunto das ações de saúde que visam garantir à população um direito básico de cidadania previsto na Constituição: o direito de ter ou não filhos. Essas ações devem se pautar no Artigo 226, parágrafo 7, da Constituição da República Federativa do Brasil. Neste documento reafirma-se a liberdade de o indivíduo decidir época de constituir prole, número de filhos e intervalo entre eles (BRASIL, 2006).
Até a década de 70 a saúde pública tinha caráter pró-natalista e a medicina reforçava as diferenças entre os sexos, enfatizando a função da mulher de reproduzir. Na década de 1980, os movimentos sociais passam a contestar o regime político vigente e a reivindicar a reformulação do modelo de saúde pública do Brasil. Amplos debates ocorreram envolvendo sanitaristas profissionais de saúde, pesquisadores, sindicalistas, feministas e políticos que lutavam pela reforma da saúde brasileira, pautada nos princípios da universalidade, equidade e integralidade.O uso de contraceptivos orais difundiu-se pelo país, incentivado por médicos e pela propaganda do setor farmacêutico, sem diretrizes estruturadas de planejamento reprodutivo para os serviços de saúde. A transição demográfica, no Brasil, foi efetivada sem uma política oficial que justificasse a queda da fecundidade (BRASIL, 2006).
Em 2004, o Ministério da Saúde elaborou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, em parceria com diversos setores da sociedade, em especial com o movimento de mulheres e com os gestores do SUS. Essa política reflete o compromisso com a implementação de ações de saúde que contribuam para a garantia dos direitos humanos das mulheres e reduzam a morbimortalidade por causas previsíveis e evitáveis. Enfatiza a melhoria da atenção obstétrica, o planejamento familiar, a atenção ao abortamento inseguro e às mulheres e às adolescentes em situação de violência doméstica e sexual. Além disso, amplia as ações para grupos historicamente alijados das políticas públicas nas suas especificidades e necessidades (BRASIL, 2004).
Em 22 de março de 2005, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional dos Direitos Sexuais e dos Direitos Reprodutivos. Entre as diretrizes e ações propostas por essa política estão: a ampliação da oferta de métodos anticoncepcionais reversíveis no SUS, incentivo à implementação de atividades educativas em saúde sexual e saúde reprodutiva para usuários (as) da rede SUS; capacitação dos profissionais da Atenção Básica em saúde sexual e saúde reprodutiva; ampliação do acesso à esterilização cirúrgica voluntária (laqueadura tubária e vasectomia) no SUS; implantação e implementação de redes integradas para atenção às mulheres e aos adolescentes em situação de violência doméstica e sexual; ampliação dos serviços de referência para a realização do aborto previsto em lei e garantia de atenção humanizada e qualificada às mulheres em situação de abortamento; entre outras ações (BRASIL, 2006).
Depois de conhecer alguns conceitos e características importantes sobre o planejamento reprodutivo, eu vou fazer umas reflexões sobre as estratégias realizadas pala equipe de saúde em melhora da saúde reprodutiva e planejamento familiar.Esta reflexão foi feita sobre a base das experiências e percepções de trabalho, das características da população e de cada paciente individual. É importante falar sobre isso porque os resultados sempre dependem muito de como pensam, dos costumes e do nível intelectual de cada paciente e,ainda mais, quando se trata de planejamento reprodutivo.
Em minha equipe de saúde todos conhecem a importância que tem para uma família um bom planejamento familiar, por isso a responsabilidade de realizar atividades educativas, preventivas e assistenciais que garantem atendimento integral para a concepção e contracepção, tanto para a mulher quanto para o homem. A primeira ação é trabalhar com o risco preconcepcional, porque, logicamente, a maioria dos problemas e dificuldades sempre estão relacionados com aquelas pessoas que querem ter filhos e que possuem algum risco. Com elas promovemos ações educativas (exemplo: orientação sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis), realiza palestras educativas sobre saúde reprodutiva e a importância do ambiente familiar para o desenvolvimento adequado da gestante, sobre ter uma idade adequada para ter filhos, a importância que o filho seja planejado e desejado, inclusive explicamos os perigos relacionados com a gravidez na adolescência.
Então, para aquelas pessoas que nesse momento, não podem ou não querem ter filhos, ofertamos métodos contraceptivos, sempre levando em conta os menos prejudiciais e de fácil manejo para evitar complicações. Também encaminhamos para realização de laqueadura naqueles casos que satisfizeram a maternidade, anticoncepção de emergência e conselho para escolha do método certo, tendo em conta as individualidades de cada casal e acompanhamento com reavaliação.
A nossa equipe realiza atividades de prevenção de DST pela alta frequência que tem em nossa população. São feitas palestras sobre como evita-las, como é o contagio, principais sintomas e suas complicações. Também orientamos onde buscar ajuda quando sentir algum sintoma. Nestes casos fazemos também notificação e encaminhamento para tratamento em unidade de referência bem como acompanhamento permanente dos pacientes e os seus contatos. Aqueles pacientes que não precisam de encaminhamento são atendidos na unidade pelos protocolos.Ao final de cada mês nossa equipe se reúne para discutir sobre os casos mais complicados.
Nossa UBT trabalha para garantir que todas as gestantes foram diagnosticadas antes das 12 semanas, pelo que fazemos uma busca ativa nas áreas de saúde, através dos agentes comunitários de saúde ou pela demanda espontânea das mulheres com atraso menstrual e com vida sexual ativa, com o objetivo de oferecer um acompanhamento adequado, de acordo com a classificação de risco, também para evitar perder exames importantes para elas. Já na primeira consulta preenchemos seu cartão de gestante com todos os dados pessoais, exemplo: nome, idade, endereço, todo ou relacionado com ela antes e durante a gestação, depois são solicitados os exames complementares, que se repetem em cada trimestre. (Hemograma, Urina, Glicemia, Exame das Fezes, Tiragem sanguínea, VDRL, HIV, Sorologia para hepatite B e Toxoplasmose,). Também solicitamos teste de Coombs e test. de tolerância oral á glicose sim precisa.
Toda gestante ao terminar a consulta é orientada sobre tudo que estiver relacionado com a gestação, prevenção de doenças como hipertensão arterial, diabetes, doenças sexualmente transmissível (DST), sobre a alimentação e como evitar anemias, desnutrição, orientamos sobre a importância de manter hábitos saudáveis para evitar as doenças mencionadas.
Uma vez no período de puerpério as gestantes são atendidas nos primeiros sete dias do nascimento da criança, onde é feita uma consulta completa para ela e a criança procurando sinais de complicações, febre hemorragias, dores, (coloração das mucosas, mensuração de temperatura, pressão arterial, exame clinico de mamas, palpação abdominal , volume, cor e odor dos lóquios). Logo orientamos a importância dos cuidados da criança como evitar acidentes, importância do leite materna, que aleitamento materno que deve ser exclusivo até os primeiros seis meses da vida porque evita infecções, é mais saudável, evita anemia e desnutrição na criança, não precisa de preparação, sendo importantepara criação do vínculo e apoio familiar para o normal desenvolvimento do recém-nascido e da sua mãe, bem como orientações sobre a utilização de métodos contraceptivos para garantir que uma próxima gravidez seja planejada, a importância das consultas de puericultura, entre outras.
Como consideração final, penso que temos que continuar melhorando mais nosso trabalho, principalmentenas buscas ativas de gestantes para evitar a gravidez tardia, evitar gestações na adolescência,onde os filhos sejam planejados pelos pais e trabalhar mais com o risco preconcepcional,que é onde mais dificuldades existem.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde na escola. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações. Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
CARVALHO, M. L. O.; PIROTTA, K. C. M.; SCHOR, N. Apoio: a forma predominante de participação masculina na regulação da fecundidade do casal. Saude soc., São Paulo, v.9, n.1-2, p.61-76, 2000.
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