16 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: PLANEJAMENTO REPRODUTIVO, PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO 

ESPECIALIZANDO: WALLÉRIO AMÉRICO ALVES DOS SANTOS

ORIENTADOR: TÚLIO FELIPE VIEIRA DE MELO

A atenção pré-natal é fundamental na proteção da mulher e prevenção de complicações durante o período gestacional e puerperal. O acompanhamento qualificado, durante esse período, possibilita a identificação de possíveis riscos a gestação e propicia uma intervenção precoce sobre os fatores complicadores à saúde das mães e de seus recém-nascido, reduzindo assim os índices de morbimortalidade materna e infantil1.

O Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), lançado em 2000, ampliou as ações já adotadas pelo Ministério da Saúde (MS) na área de atenção à gestante, adotando medidas para assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto, puerpério e neonatal2.

Em 2011, com o intuito de fortalecer essas ações, o MS lançou a rede de cuidados materno-infantil, conhecida como Rede Cegonha. Essa rede de atenção assegura às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como às crianças, o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis, objetivando a redução da mortalidade materna e neonatal, propondo um novo modelo de atenção ao parto, nascimento e à saúde da criança3.

A Rede Cegonha estabeleceu um pacote de ações com a finalidade de assegurar um atendimento de qualidade, seguro e humanizado para todas as mulheres, disponibilizando uma assistência completa, desde o planejamento familiar, passando pelos momentos da confirmação da gravidez, pré-natal, parto, puerpério, e ainda, os dois primeiros anos de vida da criança3.

O município de Lagoa de Velhos realizou sua adesão à Rede Cegonha em 22 de maio de 2012, e evolui gradativamente, buscando oferecer uma assistência de pré-natal de qualidade. Fundamentado nessa temática, toda equipe da Atenção Básica e Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) se reuniu para discutir estratégias para melhoria da qualidade do pré-natal ofertado à população, buscando implementar estratégias voltadas para esta demanda.

Neste encontro, foram apontados alguns questionamentos sobre os componentes organizacionais da Rede Cegonha – Pré-Natal, parto e nascimento, puerpério e atenção integral à saúde da Criança e sistema logístico. A partir de então, toda equipe optou por montar uma intervenção envolvendo a reativação do grupo de gestante – inativado há mais de um ano – e também, devido ao crescente número de jovens grávidas no município, implementar um grupo específico para adolescentes, objetivando a discussão acerca de assuntos referentes a sexualidade e planejamento familiar. No entanto, o formato e as datas dos encontros para este grupo serão debatidos na próxima reunião de Equipe.

A intervenção direcionada ao grupo de gestantes foi organizada em três momentos. Dos quais, os dois primeiros, abordaram diferentes conteúdos por meio de palestras, enquanto no terceiro momento foi proposto uma roda de conversa, envolvendo a participação de todos os presentes, esclarecendo dúvidas e enfatizando pontos importantes.

No primeiro momento foi explanado o tema “Direitos das mulheres no período gravídico-puerperal”, fundamentada na cartilha “Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê”, desenvolvida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Ministério da Saúde em 20114.  A equipe explanou sobre algumas políticas públicas voltadas para este público, como: Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal, Política Nacional de Atenção Integral à Mulher e Política de Atenção Integral à Saúde da Criança. Dentre essas, a equipe deu ênfase aos direitos assegurados a gestante (o direito à saúde na gravidez com a realização de um pré-natal, um parto e um pós-parto de qualidade; licença maternidade, estabilidade trabalhista durante o período gravídico-puerperal e alguns direitos sociais.

Os direitos dos bebês também foram abordados nesse momento, dentre eles destacamos o direito de ser registrado gratuitamente; receber a Caderneta de Saúde da Criança; realizar gratuitamente todos os testes de triagem (pezinho, orelhinha, coraçãozinho, linguinha e olhinho); receber gratuitamente as vacinas indicadas no calendário básico de vacinação; mamar exclusivamente no peito durante os primeiros 6 meses de vida; ser acompanhado pela família e pelos profissionais de saúde em seu crescimento e desenvolvimento; ser acompanhado pelos pais durante a internação em hospitais; ter uma família e convivência com a comunidade; viver num lugar limpo, ensolarado e arejado e viver em ambiente afetuoso e sem violência.

No segundo momento, foram abordados os benefícios do parto fisiológico e apresentado o conceito do “Plano de Parto”. Essa discussão foi fundamentada na cartilha da UNICEF e dentre os benefícios do parto fisiológico foi elencado o menor tempo de internamento e recuperação pós-parto mais rápida, menor risco de infecção, favorecimento da produção de leite materno, retração uterina mais rápida, redução do risco de fenômenos tromboembólicos, melhora o funcionamento intestinal, entre outros5.

No terceiro momento, a roda de conversa foi repleta de discussões entre os presentes e, portanto, a partir da escuta ativa das gestantes, a estimulação da construção da autonomia dos sujeitos por meio da problematização, baseada na troca de experiências e da reflexão dos assuntos abordados anteriormente.

Esta microintervenção evidencia pontecialidades e fragilidades inerentes a atenção a saúde no período gravídico/puerperal. As principais potencialidades elencadas são: boa estrutura da Unidade Básica de Saúde, bom acolhimento do usuário da AB, assiduidade da equipe, facilidade no acesso aos serviços de saúde e reuniões periódicas em grupos. Já as fragilidades encontradas foram o tempo prolongado de espera para o início das consultas médicas e a dificuldade nas realizações dos exames complementares.

 

REFERÊNCIAS

 1. NUNES, Juliana Teixeira et al. Qualidade da assistência pré-natal no Brasil: revisão de artigos publicados de 2005 a 2015. Cad. Saúde Colet., 2016, Rio de Janeiro, 24 (2): 252-261.

2. PORTARIA Nº 569, DE 01 DE JUNHO DE 2000

3. PORTARIA Nº 1.459, DE 24 DE JUNHO DE 2011 Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS – a Rede Cegonha.

4. UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê. [Internet]. São Paulo: Globo; 2011.  Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/pt/br_guiagestantebebe.pdf.

5. UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância. Quem Espera Espera. [Internet]; 2017.  Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/pt/quem_espera_espera.pdfv

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