RELATO DE EXPERIÊNCIA
TÍTULO: ALTA INCIDÊNCIA DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NO POVOADO COLONIA SERGIPE
ESPECIALIZANDO: SACHIL GRETTEL NEYRA TAMAYO
ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO
A gravidez na adolescência é uma realidade que abrange a todas as classes sociais agravadas pelas sequelas da estrutura familiar, considerado um problema social a ser encarado não só pela família, mas em todas as esferas da sociedade. A adolescente que engravida e o recém-nascido desta tem maior probabilidade de sofrer intercorrências médicas durante a gravidez e até mesmo após a mesma. Alguns autores relatam que as características psicológicas como ansiedade e depressão, caracterizam um risco para estas (DIAS; TEIXEIRA, 2010).
A gestação não planejada na adolescência tem consequência para a educação, saúde, emprego. Diariamente, 20 mil adolescentes com menos de 18 anos dão a luz e 200 falecem em decorrência de complicações da gravidez ou parto. A adolescência é uma etapa na vida humana caracterizado pela transição entre a infância e a vida adulta. Neste período ocorre o desenvolvimento físico, emocional,mental, e sexual. Ocorre também uma busca do indivíduo a fim de atingir as expectativas culturais da sociedade em que vive. Esta fase inicia-se com as mudanças corporais da puberdade e se finda quando a pessoa consolida seu crescimento e sua personalidade. E assim atinge progressivamente sua independência econômica, além da insincero em seu grupo social (DIA; GOMES, 2000).
O intervalo temporal da adolescência segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) está entre 10 e 19 anos e pela Organização das Raçoes Unidas (ONU) entre 15 e 24 anos, sendo este usado principalmente para fins estadísticos e políticos. Pode-se encontrar ainda o termo jovem adulto que engloba faixa etária de 20 a 24 anos de idade. Hoje se convencionou agrupar ambos os critérios e denominar adolescência e juventude ou jovens e adolescentes em programas comunitários. A adolescência é o período da vida humana entre a puberdade e a virilidade, a mocidade e a juventude, sendo um período de transformações no corpo, na mente e na forma de relacionado indivíduo (CHELALA, 2000).
A gestação na adolescência, não recebia atenção no século xx e contínua como nos dias atuais, pois não era compreendida como uma questão de saúde pública. Durante a década de 90, no Brasil, houve um crescimento importante da proporção de nascimentos em mães com menos de 20 anos. Ao chegar o bebé, a adolescente transforma sua identidade, passando de filha a mãe. A percepção com relação ao futuro é afetada e necessitam assumir maiores responsabilidades durante a gravidez e após o nascimento do recém-nascido (CHALEM, E. et al., 2007).
A gravidez em qualquer época é uma situação que normalmente gera alterações do papel social da mulher, na adolescência, as alterações assumem um maior risco, pois é um período da vida em que há uma superposição de crises vitais, a de um organismo infantil para um organismo adulto. O motivo pelo qual ocorre a gravidez na adolescência é o fato de que os jovens têm relações sexuais sem o uso de métodos contraceptivos, por tanto precisam existir dois comportamentos para que aconteça a gestação na adolescência: falta de métodos contraceptivos e atividade sexual deles o início da vida sexual na adolescência ocorre cada vez mais cedo, assim como a gravidez na adolescência (FONSECA; ARAÚJO, 2004).
A Falta de informação sobre os métodos contraceptivos tem como resultado a maioria das gravidez na adolescência, por isso deve haver uma boa divulgação de informações sobre o uso correto dos métodos contraceptivos, assim como a garantia de acesso aos mesmos. Os adolescentes ao procurar os serviços de saúde em busca de métodos anticoncepcionais, devem ser bem informados sobre seu uso e sobre todos os aspectos da sua sexualidade, devem cadastrar-se no programa de planejamento familiar, onde será orientado sobre todos os métodos contraceptivo e suas ventagens e desvantagens, além de ficar sem dúvidas acerca dos mesmos, para que possam escolher qual ou quais deseja adotar para usar. A maternidade na adolescência é vista como um fator que altera o ciclo natural de desenvolvimento das jovens,pelo fato de ela ter que assumir um novo papel, o de mãe e algumas vezes de esposa,de modo brusco e definitivo, muitas vezes incompatível com a condição de adolescente. Desde o ponto de vista social a gravidez na adolescência pode estar associada com pobreza, evasão escolar, desemprego, separação conjugal, e diminuição desoportunidades de mobilidade social,estas adolescente muitas vezes são filhas de mães que engravidaram também na adolescência (MICHELAZZO et al., 2004)
A gravidez neste período da vida tem sido considerado como fator de risco do ponto de vista médico tanto para a mãe como para o filho, tem maior incidência de complicações medicas durante a gravidez e mesmo após esse evento que gestante de outras faixas etárias. Algumas complicações como tentativa de abortamento, anemia, desnutrição, sobrepeso, hipertensão, (pré) eclampsia, desproporção cefaloplégica, depresso pós-parto estão associadas á experiência de gravidez na adolescência (VIEIRA, 2013).
A área de abrangência do PSF Colonia Sergipe possui um número significativo de gestantes adolescentes, com a maioria referindo a gravidez indesejada. Sendo assim este trabalho justifica necessidade de orientar, esclarecer e prevenir os usuários da área do PSF sobre os riscos e consequências que a gravidez na adolescência pode acarretar, além de fornecer suporte psicológico às mães que já se encontram nesta situação.
No momento do planejamento a equipe discutiu sobre os problemas identificados, levantou quais seriam suas causa e pensou sobre as estratégias, identificou e relacionou as atividades prioritárias. O problema prioritário é a incidência elevada de gravidez na adolescência no primeiro trimestre do ano 2018 de um total de 31 grávidas 12 delas tinham idade menor de 19 anos. Cabe ressaltar as deficiências de informações e da necessidade da equipe de divulgar os riscos da mesma, assim como os métodos como evitá-la.
Durante as consultas foi possível perceber a falta de informação e de prevenção, constituindo-se pontos chaves para justificar tal incidência. Como por exemplo muitas não sabiam como iniciar a anticoncepção hormonal, não faziam o seu uso corretamente,não sabiam como proceder caso esquecessem de usar uma pílula, a vezes abandonavam os anticoncepcionais orais por reações adversas, mesmo sabendo do risco da gravidez. A maioria não fazia uso da pratica do coito interrompido e de métodos contraceptivos de barrera, como a camisinha, havendo assim proteção para as DSTs. Pode ser desencadilhando pela falta de comunicação em casa onde os pais responsabilidade. O nível sociocultural é um fator importante, outro fator influente é a falta de informação nas escolas, A independência desmedida, a falta de cumplicidade e a vergonha de abordar assuntos sexuais em momentos de reunião familiar são fatores que implicam neste aspecto.
As principais consequências de uma gravidez refletem-se no campo psicológico os adolescentes não estão preparados para assumir as responsabilidades da paternidade, a adolescente tem problemas emocionais devido a mudança rápida no seu corpo, risco de saúde do feto e da mãe, risco de parto prematuro e baixo peso ao nascimento do bebé, a mudança de estilo de vida, o abandono escolar, a impossibilidade de realizar sonos que caracterizam os jovens, o abandono pelo pai da criança, pais adolescentes muitas vezes tem dificuldade econômica. As mães adolescentes são obrigadas a abandonar a escola, o que reduz a sua capacidade de ganho, que limita suas possibilidades de construir um futuro para si e para os filhos. As consequências para o bebé: problemas na vinculação afetiva, problemas de comportamento, negligência e maus tratos, problemas escolares.
Os atendimentos de alta e média complexidade são realizados nas cidades de Estância, Lagarto, Itabaiana e Aracaju. A equipe de saúde realiza consultas agendadas e visita domiciliar o que responde aos diferentes programas de Atenção Primária de Saúde, sistema de vigilância epidemiológico como campanha de vacinação, programa de atenção a mulher (citologia orgânica e planejamento familiar). Todo paciente com quadro agudo é atendido por demanda espontânea.
A equipe realiza mensalmente reunião para informação estatística e análises de dificuldades no processo de trabalho apresentado no mês. Nas consultas do dia a dia percebemos que um dos problemas na comunidade era a gravidez entre as adolescentes. Diante de essa inquietação foi realizada uma reunião com a equipe durante a produção mensal para expor o problema e fazer estratégias para melhorar esta situação. Várias ideias surgiram tais como fazer palestras na sala de espera da consulta, nas escolhas, criar grupos de adolescentes na população, enfatizar sobre o tema nas visitas domiciliares, ter métodos anticonceptivos na UBS a disposição deles e trabalhar com o risco preconcepcional.
A Estratégia Saúde da Família (ESF) prioriza ações de prevenção, promoção, recuperação de saúde das pessoas de forma integral e contínua, que os profissionais e população criam vínculos de corresponsabilidade, esta problemática tornam mais viável a proposta deste estudo. Em nossa área de abrangência, para identificar os problemas, primeiro conhecemos a situação da comunidade através de diferentes fontes de informação. Foi consenso da equipe que era necessário elaborar um plano de ação utilizando o método de Planejamento Estratégico Situacional (PES) para alcançar objetivo proposto.
Dos problemas identificados foi priorizado a incidência de gravidez na adolescência. O objetivo foi propor um plano de intervenção para diminuir a incidência de gestações em adolescentes na nossa área. Foram propostas intervenções que possam garantir redução da incidência destas gestações e, também, prevenir e fornecer suporte para adolescentes que estejam nesta situação.
A partir dessa trajetória, elaborou-se um plano de ação, mostrado no quadro 1:
Quadro 1: Plano de ação para prevenção de gravidez na adolescência, 2018.
NO CRÍTICO |
OPERAÇÃO / PROJETO |
RESULTADOS ESPERADOS |
PRODUTOS |
RECURSOS NECESSÁRIOS |
Falta de ducative em continuar a vida ducativeal/escolar após gravidez |
Preparação para o Futuro Apoio e orientação aos adolescentes que se encentram nesta situação |
Ao permitir que os adolescentes deixem de ducative as escolas |
Palestras Educativas pela equipe de saúde sobre incentivar as grávidas adolescentes a continuar a vida ducativeal/escolar após a gravidez visitas domiciliares pela equipe de saúde Acompanhamento psicológico. |
Cognitivo-comportamental sobre o tema Política conseguir local, mobilização Social ducative rial com a rede Financeiro para recursos audiovisuais folhetos educativos etc |
Niveo informação. |
Saber Mais aumentar o nível de informação. Dos adolescentes sobre os mecanismos de prevenção e gravidez não planejada |
Diminuir o número de gravidez indesejada na adolescência, assim como a incidência de DST |
Palestras Educativas pela equipe de Saúde sobre prevenção da gravidez na adolescência Campanha na duca escolar Programa escolar Capacitação dos pais Criar grupos de adolescentes |
Cognitivo conhecimento sobre estratégias de comunicação Organização ducative a agenda (parceria com o setor educação) e mobilização social |
Processo de trabalho Da Equipe da Saúde da Família inadequado para enfrentar o problema |
Linha de cuidado ducative a linha de cuidado para evitar a gravidez na adolescência |
Diminuir a gravidez na adolescência |
Linha de cuidado para evitar a gravidez na adolescência Recursos humanos capacitados sobre o tema |
Cognitivo elaboração de projeto de linha de cuidado Poliarticulado entre os setores da saúde e adesão dos profissionais |
Baixo Nível Cultural |
Fomentar uma cultura ducative nos adolescentes |
Aumentar os conhecimentos dos adolescentes |
Palestras educativas pela equipe de saúde para melhorar acultura das adolescentes Incorporação dos adolescentes nas escolhas |
Cognitivo-comportamental sobre o tema Político conseguir local mobilização social Intersecto rial com rede Financie-o para recursos audiovisuais folhetos educativos etc. |
Fonte: Elaboração própria, 2018.
Concluimos que a gravidez na adolescência é uma realidade que faz refletir sobre o tema para propor modos de lidar com a situação, é um problema relacionado a sexualidade do adolescente, que tem consequências para a mãe, para a criança, sendo uma situação que faz parte do dia a dia. Os jovens estão iniciando cada vez mais cedo sua relação sexual e sem proteção não fazem uso dos métodos anticonceptivo e os desconhecem .Existem acoes preventivas que podem ser realizadas nas escolas, as unidades de saúdes precisam desenvolver grupos educativos para as adolescentes e familiares, criar espaços para acompanhamento de mães adolescentes e seus bebés, as unidades de saúde devem garantir ter métodos contraceptivos para oferecer aos adolescentes reducente assim a incidência de gravidez na adolescência.
Referências
CHALEM, E.et al. Gravidez na adolescência: Perfil sócio demográfico e comportamental de uma população da periferia de São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v 23,n. 1, p 177-186, 2007.
CHELALA, C. A. Gravidez em Adolescentes nas Américas: A saúde do mundo, Genebra, 2000. 22 p.
DIAS, A. C. G.; TEIXEIRA, M. A. P. Gravidez na adolescência: um olhar sobre um fenômeno complexo. Paidéia, Ribeirão Preto, v. 20, n. 45, 2010.
DIA. A. C. G; GOMES,W. B. Conversas, em família, sobre sexualidade e gravidez na adolescência: percepção das jovens gestantes. Psicol Reflex.Crit. v.13, n.1. Porto Alegre, 2000.
FONSECA, A. L, B.; ARAÚJO, N, G. Maternidade Precoce: Uma das consequências do abandono escolar e do desemprego. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano. v.14, n. 2, p. 16 – 22. SP, 2004.
GURGEL, M. G. I.; ALVES, M. D. S.; VIEIRA, N. F. C.; PINHEIRO, P. N. C.; BARROSO,G. T. Gravidez na adolescência: tendência na produção científica de enfermagem. Esc Anna Nery Rev Enferm. v.12, n.4, p.799-05. 2008.
MICHELAZZO, D.et al. Indicadores sociais de grávidas adolescentes: Estudo de caso-controle. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 26, n. 8, p.633-639. 2004.
VIEIRA, T. S. Planejamento Familiar para adolescentes: potencialidades e limitações. C&D- Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.1, p.25- 41, jan./jun. 2013.v
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