PLANEJAMENTO REPRODUTIVO, PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO
ESPECIALIZADA: RAIANA MACIEL MIRANDA
ORIENTADORA: DANIELE VIEIRA DANTAS
A autonomia do individuo é um fundamento que sempre deve ser preservado no processo de saúde. Logo, graças ao avanço da medicina e a variedade de meios e informações existentes, tem-se a liberdade de decidir quando, como, com quem se deseja reproduzir. Assim, a saúde reprodutiva é um tema pouco discutido, devido às barreiras sociais e religiosas envolvidas nesse assunto. No entanto, cabe ao profissional de saúde junto ao paciente promover o cuidado a fim de garantir com segurança o direito ao acesso a serviços que permitam o planejamento reprodutivo, assistência do pré-natal, parto e puerpério.
O planejamento reprodutivo na minha Unidade de Saúde ocorre basicamente mediante consultas com a enfermagem. A paciente que tem interesse em iniciar o planejamento marca consulta com a enfermeira e são feitas as orientações e escolha do método. Se houver algum caso que necessite uma abordagem mais individualizada, dúvida em relação ao método ou necessidade de esclarecimento mais detalhado, a paciente é encaminhada para o médico. Porém, também aproveitamos o momento do pré-natal e consulta do puerpério para discutir com a paciente o planejamento reprodutivo.
Pensando na melhoria das ações de planejamento reprodutivo, Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Natal promoveu, nos dias seis e sete se junho de 2018, um “Treinamento em inserção de DIU pós-parto e pós-aborto para Hospitais/Maternidades e Atenção Básica” na tentativa de capacitar seus servidores para implantação desse método contraceptivo.
Logo no primeiro dia tivemos uma aula teórica/prática coma médica Emily Oliveira na qual foi discutido sobre as vantagens, desvantagens e indicações desse método, como também pudemos simular sua implantação através de um mamão (Figura 1), uma espécie de laboratório de habilidades. No dia seguinte fomos a Maternidade Leide Morais onde se pode visualizar na prática a inserção do Dispositivo Intra Uterino (DIU). Foi uma atividade bastante interessante, pois além da revisão teórica tivemos a oportunidade de manusear o DIU e entender algumas peculiaridades de sua inserção.
Figura 1. Laboratório de Habilidades para inserção do DIU realizado no treinamento da SMS de Natal.
Dessa forma, foi o primeiro passo dado no caminho de capacitar e permitir a implantação e acompanhamento de mulheres que desejam utilizar esse método ainda pouco discutido e oferecido no planejamento familiar. Para a verdadeira implantação teria que ter novas oficinas de capacitação e treinamento de inserção.
Assim, em reunião de equipe refletimos sobre as estratégias realizadas nesse assunto através da Lista de Questões fornecida no texto da Microintervenção em que discutimos nossas ações em relação ao planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério. Identificamos que as ações coletivas referentes à sexualidade e planejamento familiar são pouco ou quase nunca abordadas. Desse modo, pensamos em incluir a abordagem desses temas dentro dos próprios grupos já existentes na unidade como o grupo de idosos, gestantes, saúde mental, atividade física e hipertensos.
Conversando com a equipe e alguns membros do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) presentes (Figura 2) achamos que seria interessante ampliar a discussão sobre métodos contraceptivos, em especial o DIU, método de alta eficácia e durabilidade o qual muitas mulheres pouco ouvem falar e terminam não optando pelo seu uso. Dessa forma, com auxílio do treinamento realizado, na reunião do grupo de gestantes discutimos sobre esse método. Dialogamos sobre a possibilidade de implantação no pós-parto imediato, período em que o DIU tem menos chances de expulsão, suas vantagens, desvantagens e indicações. Assim, foi uma ótima oportunidade de promoção à saúde discutindo sobre o planejamento familiar na intenção de evitar gravidezes em intervalos curtos as quais acompanham vários riscos maternos e nutricionais ao lactente. Percebi que foi um excelente momento em que as pacientes tiraram suas dúvidas, foi desmistificado vários pontos em relação a esse método, ficando assim como mais uma opção para aquelas que têm interesse em utiliza-lo.
Figura 2. Reunião da Equipe 35 junto a membros do NASF na Unidade Saúde da Família (USF) de Santarém.
Outra proposta que estamos amadurecendo é a discursão sobre sexualidade e diversidade de gêneros. Tema muito pouco discutido e que está se tornando cada vez mais atual. A finalidade é aproximar essa população da unidade, entender suas particularidades e necessidades para a promoção da saúde. No entanto, a princípio temos que entender melhor esse universo, identificar aqueles que querem e se sentem confortáveis em discutir o tema a fim de discorrê-lo da forma mais amena e natural possível, pois sabemos das dificuldades de aceitação, bem como as barreiras sociais e religiosas envolvidas.
Portanto, foi um excelente espaço para aperfeiçoar e refletir sobre o planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério. Tivemos oportunidade de identificador nossas potencialidades, fragilidades, como também nossos acertos. Sabemos que as atividades coletivas muitas vezes têm um alcance muito maior que as individuais, então por que não ampliar e debater esses assuntos no coletivo a fim de tornar mais efetivo nosso processo de promoção e educação em saúde.
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