2 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

RELATO DE EXPERIÊNCIA

TÍTULO: PLANEJAMENTO REPRODUTIVO, PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO.

ESPECIALIZANDO: NADIESKA CELESTE TRILLO GONZÁLEZ

ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO

 

A saúde reprodutiva é um estado de bem-estar em relação aos aspectos pertinentes do sistema reprodutivo e as suas funções e processos, e não apenas ausência de doença ou enfermidade. A saúde reprodutiva implica que o sujeito possa ter uma vida sexual segura e satisfatória, tendo liberdade de decidir sobre quando e quantas vezes deve reproduzir (SÃO PAULO, 2016).

 

“Implícito nessa última condição está o direito de homens e mulheres de serem informados e de terem acesso a métodos eficientes, seguros, permissíveis e aceitáveis de planejamento familiar de sua escolha, assim como outros métodos de regulação da fecundidade, de sua escolha, que não sejam contrários à lei, e o direito de acesso a serviços apropriados de saúde que deem à mulher condições de atravessar, com segurança, a gestação e o parto e proporcionem aos casais a melhor chance de ter um filho sadio. A constelação de métodos, técnicas e serviços que contribuem para a saúde e o bem-estar reprodutivo, prevenindo e resolvendo problemas de saúde reprodutiva. Isso inclui também a saúde sexual, cuja finalidade é a intensificação das relações vitais e pessoais e não simples aconselhamento e assistência relativos à reprodução e a doenças sexualmente transmissíveis” (NACIONES UNIDAS, 1995, anexo, cap. VII, par. 7.2).

 

 

Chama-se de Planejamento Familiar, o conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal, pode ser realizado pelo homem e pela mulher, isoladamente, mesmo quando estes não querem instituir uma família, vem sendo amplamente discutida a utilização do termo planejamento reprodutivo em substituição a planejamento familiar, havendo a defesa de que se trata de uma concepção mais abrangente, é um importante recurso para a saúde de homens, mulheres e crianças. Contribui para uma prática sexual mais saudável, possibilita o espaçamento dos nascimentos e a recuperação do organismo da mulher após o parto, melhorando as condições que ela tem para cuidar dos filhos e para realizar outras atividades (BRASIL, 2013).

O acolhimento sobre saúde sexual na equipe em que atuo é feito sempre com escuta qualificada, aconselhamento e atividades educativas. Fazemos palestras com a população feminina, masculina e adolescentes, procuramos abordar sobre a existência de métodos contraceptivos e os disponíveis na unidade   que são: Orais, Injetáveis, de barreira, comportamentais e de emergência. E, no caso dos não disponíveis (DIU e esterilização), encaminhamos para a referência. Abordamos as características dos métodos, aceitabilidade, eficácia, efeitos secundários, modo de uso, disponibilidade e proteção contra IST/HIV. Mas também fazemos consultas, procurando encaixar à realidade de cada um, respeitando sua singularidade. Nos casos de infertilidade conjugal, realizo o acolhimento, solicito exames e encaminho para o especialista.

Até o presente momento, não tivemos casos de HIV/Aids. Mas, sempre realizamos ações educativas e incrementamos os testes rápidos. Através de reuniões da equipe, percebemos que na realidade da nossa área, temos muitas gestantes na adolescência. Então decidimos intensificar, palestras nas escolas incluindo pais, alunos e professores, para mobilizar esse grupo e tentar diminuir esse número.

As gestantes são captadas pelos agentes comunitário de saúde, que marcam as consultas com o enfermeiro e o médico. Nas consultas, procuro abordar os seguintes temas: se a gravidez foi planejada, histórico pessoal e familiar de doença, quantidade de gestações/partos/abortos, DUM/DPP, mudanças no organismo feminino, estimulo de alimentação saudável e atividade física. Solicito exames laboratoriais, USG, vacinação, vitaminas, tudo preconizado pelo ministério da saúde. Realizo exame físico e orientações, preencho cartão da gestante, deixo marcada a próxima consulta. Explano sobre os tipos de parto e sobre a maternidade onde será atendida; oriento sobre a importância e benefícios do aleitamento materno e cuidados com o recém-nascido, assim como o retorno à UBS após o parto, para consulta puerperal e teste do pezinho.

Caso seja diagnosticada alguma situação de risco habitual que possa ser resolvida na atenção básica, inicio logo o tratamento. Quando se trata de gestação de alto risco, encaminho a paciente para o centro de especialidade, mas não deixo de contra referencia-la.

As dificuldades que encontro na minha área são: demora na marcação de exames; demora para o laboratório do município entregar os resultados de exames; o fato de o laboratório não realizar todos os exames solicitados, e com isso os pacientes são encaminhados a outro município, tendo despesas com alimentação e transporte; o fato do município não liberar a realização de USG morfológica, e assim nem todas as gestantes têm condições para pagar por ela.

Diante dos problemas citados, e através de reuniões com a equipe, chegamos a conclusão que nenhuma gestante está desassistida, porém ainda temos uma quantidade significativa de gestação na adolescência. E também alguns problemas na realização dos exames. O que está ao nosso alcance, já estamos realizando, como: educação em saúde sexual principalmente nas escolas, planejamento familiar, IST/Aids. Quanto a logística dos exames, sempre tentamos dialogar com a gestão, para que assim facilite o acesso da gestante, a fim de seguir com um pré-natal de qualidade.

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, n. 26).

 

NACIONES UNIDAS. Informe de la Conferencia Internacional sobre la Población y el Desarrollo, El Cairo, 5 a 13 de septiembre de 1994. Nueva York: Naciones Unidas, 1995.

 

SÃO PAULO (Estado). Assembléia legislativa do Estado de São Paulo. Projeto de Lei Nº 706, de 2016. Cria a Política Estadual de Saúde Sexual e Reprodutiva, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.al.sp.gov.br/spl/2016/09/Propositura/1000004121_1000007948_Propositura.doc>. Acesso em Jul. 2018.

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