ESTRATÉGIA EDUCATIVA NA CONSULTA PRÉ-NATAL DA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA BOM PASTOR
DISCENTE: MICHELLE ALBANO FERREIRA
ORIENTADORA: DANIELE VIEIRA DANTAS
Um dos grandes programas dentro da Estratégia Saúde da Família (ESF) com certeza é o Pré-natal. Sua importância se dá principalmente no fato de envolver o cuidado de dois seres humanos em uma única pessoa, e talvez muito mais do que isso, o cuidado de uma família inteira. No Pré-natal conseguimos identificar precocemente possíveis agravos a mãe e feto, bem como intervir de forma a promover saúde a esse binômio mãe-filho. Nessa visão, de promoção e proteção a saúde durante a gestação que optamos por trabalhar de forma a prover um fundamento sólido de conhecimento às mães sobre cuidados nutricionais e hábitos de vida saudáveis.
A ideia surgiu frente a alguns casos observados durante alguns atendimentos na unidade nos quais o simples reforço de informações nutricionais básicas solucionaria possíveis patologias e evitaria o tratamento medicamentoso. Ao trabalharmos essa questão com as gestantes na Atenção Básica ajudamos na prevenção de doenças das mais comuns e temidas dentro da obstetrícia: Diabetes gestacional e Doença Hipertensiva Gestacional. Além disso ainda ajudamos a gestante a manter um peso adequado.
Faz parte do acompanhamento Pré-natal a discussão sobre o assunto com a gestante, porém, geralmente o assunto é abordado uma única vez, e em geral se é dado por encerrado. Porém para a paciente não funciona bem assim, são tantas informações para serem absorvidas (não só sobre hábitos e alimentação, mas também sobre doenças, vacinas, remédios) que as informações que não são repetidas ao longo do processo são esquecidas ou deixadas de lado, resultando no alto índice de obesidade na gestação e de casos de diabetes gestacional e doença hipertensiva.
Lógico que nem toda diabetes gestacional e doença hipertensiva seja causada exclusivamente pela dieta, mas quando a não progressão e até a regressão dessas doenças são obtidas com controle dietético, é sinal que ou falhamos em orientar nossas pacientes, ou as mesmas não absorveram as informações.
Frente a tal problemática, optamos por criar uma forma de levar a informação a essas pacientes de uma forma mais continua, reforçando as orientações de maneira que fossem solidificadas. Optamos então por conversar em grupo com as gestantes antes da consulta. Antes de começar o atendimento individual, nós reunimos as gestantes agendadas no dia e seguíamos com uma conversa sobre alimentação de cada mulher, bem como de hábitos de vida (inclusive de familiares com os quais conviviam). Ao perceber qualquer inadequação sobre dieta ou hábitos colocávamos para discussão com as demais gestantes do grupo para só então procedermos com nossas orientações.
O objetivo maior dessas reuniões era trazer a realidade das pacientes (e não apenas ilustrar com casos externos a nossa realidade) e a partir disso reforçar conhecimentos tão importantes a todo aquele grupo ali representado. Além disso, sabemos que nem tudo é comentado no grupo por ser informações delicadas. Em nossa área de abrangência o consumo de drogas é acentuado. Por vezes as gestantes por mais que não consumam, convivem com usuários. Nesse momento que deixamos claro que qualquer outra dúvida ou questionamento que não seja feita no grupo seja levado a consulta pessoal para as possíveis orientações. E assim tem sido feito a cada dia de atendimento de Pré-natal.
O tempo de desenvolvimento das atividades ainda foi pouco pra avaliar resultados, porém foi possível observar que muitas pacientes se conscientizaram de que estavam desenvolvendo hábitos alimentares e de vida inadequados a sua saúde, em especial estando grávida. Mas apesar de não termos resultados, é possível prever que serão positivos, pois a ideia de se trabalhar dessa forma se deu justamente após um quadro de Diabetes gestacional que foi diagnosticado na unidade e controlado apenas com controle dietético e atividade física, baixando índices glicêmico até padrões de normalidade.
Com essa atividade nossa equipe pode observar que por vezes atividades simples, sem grande demanda tecnológica e de logística, conseguem levar informações essenciais na condução de um momento tão importante a vida da mulher e sua família. Outra questão é que aos poucos aprendemos a trabalhar com o que temos. Muitos questionaram a presença de nutricionista ou profissional de educação física para falar sobre o assunto, porém não dispormos de Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) em nossa unidade, então cabia aos profissionais mais habilitados abordar o essencial com as pacientes. A presença dos profissionais acima citados seria importantíssima, porém até o momento tem sido suficiente da forma que estamos abordando.
Até o momento tem sido muito gratificante ver o empenho da equipe e o envolvimento das gestantes, mesmo que de forma discreta pois muitas ainda não conseguem ter a abertura de participar.
Ainda estamos no inicio e a adesão tem sido adequada ao esperado, fato que nos deixa animados a permanecer diversificando a forma de atuar, prezando sempre pela objetividade e simplicidade na abordagem.
Pretendemos expandir essa ação, a princípio à consulta puerperal, para que possamos levar tais informações de forma mais reforçada durante essa consulta também.
Como sempre trabalhamos na Saúde Coletiva, a prevenção é o melhor tratamento. Portanto, se em algum momento falhamos com nossa missão, precisamos correr atrás e corrigir de forma a levar a melhor atenção dentro de nossas possibilidades, pois o que menos se espera de um momento tão esperado na vida de uma família é que a dádiva da concepção venha acompanhada de doença, tratamento e medicamentos.
Ponto(s)