AÇÕES DE SAÚDE PARA MELHORAR A QUALIDADE DO PLANEJAMENTO REPRODUTIVO
ESPECIALIZANDA: MARLEN CHANG GARCIA
ORIENTADORA: DANIELE VIEIRA DANTAS
Por planejamento familiar entende-se o conjunto de ações que têm como finalidade, contribuir para a saúde da mulher e da criança, permitindo às mulheres e aos homens, escolher quando querem ter filho, número de filhos, intervalo entre os nascimentos, tipo de educação, conforto, qualidade de vida e condições sociais e culturais que seus filhos terão.
O planejamento da reprodução é um direito humano e, portanto, deve estar ao alcance de todas e todos que desejam exercê-lo. Entretanto, a realidade é que não são todas as pessoas que têm esse direito, especialmente aquelas que vivem em situações de vulnerabilidade. Obstáculos como a qualidade e a disponibilidade de serviços da saúde incluindo o aconselhamento e o acesso a contraceptivos, somados às limitações de caráter socioeconômico são parte de um problema persistente que urge superar (FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2017).
A maioria das grávidas que chegam ao consultório para o controle pré-natal não planejaram a gestação e em alguns casos são diagnosticadas ao procurar assistência médica por outro motivo. É alarmante também o crescente número de adolescentes que se tornam mães e as mulheres maiores de trinta e cinco anos, principalmente no período perimenopaúsico, o qual acrescenta os riscos associados à gestação.
Hoje está sendo um grande desafio pra a equipe o desenvolvimento de ações encaminhadas à mudança desta situação, fundamentalmente pela falta de estratégias dirigidas a promover educação em saúde reprodutiva, motivo pelo qual foi desenvolvida esta microintervenção.
Na reunião de planejamento mensal da Equipe Básica de Saúde (EBS) da Unidade Básica de Saúde (UBS) Cobé, no mês de junho, foi feita um análise aprofundada do trabalho da equipe no que concerne aos temas de planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério para desenvolver ações que tenham impacto na comunidade a médio e longo prazo e permitam aos homens e mulheres exercer o direito reprodutivo de uma forma responsável.
Em relação ao planejamento reprodutivo, a EBS decidiu realizar de forma programada e embasada na literatura, palestras educativas por grupos de idade, sem distinção de sexo. Os temas escolhidos foram anatomia dos órgãos reprodutivos internos masculinos e feminino, Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), métodos contraceptivos, fertilidade masculina e feminina, diversidade de gêneros, climatério e menopausa, entre outros.
Sobre pré-natal e puerpério, a equipe decidiu trabalhar com mulheres em idade fértil, entre 12 e 49 anos, desenvolvendo palestras sobre maternidade e paternidade responsável, principais doenças da gravidez, parto normal e cesariano, alimentação saudável, medicamentos teratogênicos, puerpério fisiológico, aleitamento materno, sinais de alerta no recém-nascido, entre outros. Para as palestras serão utilizadas apresentações em Power Point, vídeos educativos, relatos de experiências individuais e cartazes.
Vale a pena ressaltar que, as ações educativas serão realizadas também com a população idosa, frequentemente esquecida quando se trata de sexualidade. Percebe-se que os idosos também têm dúvidas sobre esses temas e muitos estão envolvidos indiretamente no processo de pré-natal e puerpério, motivo pelo qual torna-se importante o conhecimento.
A equipe aprendeu com a experiência desenvolvida que é possível planejar ações educativas. Sabemos que temos muitos desafios pela frente, pelo fato de trabalhar em uma comunidade rural com baixo nível de escolaridade e renda, muitos preconceitos sobre o tema, jornadas de trabalho extensas e resistência da equipe em assumir responsabilidades em ações educativas por acreditar que são tarefas somente do médico e da enfermeira.
A reunião foi bastante satisfatória em relação ao planejamento de ações para melhorar a saúde reprodutiva da comunidade e a equipe apresentou-se bastante colaborativa. Apesar das dificuldades que temos pela frente, temos a certeza de que os resultados da intervenção educativa serão constatados a médio a longo prazo.
Sabemos que existem diversas formas de alcançar nossos objetivos, mas temos que começar transitando pelo caminho mais acessível, buscando parcerias com as secretarias municipais de educação e cultura e esportes, para em conjunto desenvolver ações que fortifiquem o binômio escola-família e o trinômio escola-família-UBS.
Resumindo, o grande desafio de conseguir desenvolver ações para melhorar a saúde reprodutiva de nossas comunidades é tarefa de todos. Em pleno século XXI, a complexa situação relativa ao planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério nos convidam a refletir se as atuais políticas mundiais, nacionais e fundamentalmente municipais estão projetadas tendo em vista a realidade da população, na qual ocorre o número crescente de gravidezes não planejadas, IST, complicações associadas ao parto e puérperio.
Desejo profundamente que nosso trabalho seja de utilidade e se reflita no estado de saúde da população e que nossa vontade e esforço sejam maiores que todos os obstáculos para conseguir nossos objetivos. Não tem nada melhor que lutar pelo bem-estar de nossos pacientes.
REFERÊNCIA
FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (UNFPA). Planejamento reprodutivo: a chave para o desenvolvimento sustentável. 2017. Disponível em: <www.unfpa.org.br/novo/index.php/noticias/ultimas/1596-planejamento-reprodutivo-a-chave-para-o-desenvolvimento-sustentavel>. Acesso em: 04 jul. 2018.
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