PREVENÇÃO DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS NOS JOVENS DA COMUNIDADE
ESPECIALIZANDA: LISBETH PÉREZ MENÉNDEZ
ORIENTADORA: DANIELLE VIEIRA DANTAS
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são causas frequentes de busca por serviço de saúde, podendo provocar complicações como infertilidade, abortamento espontâneo, malformações congênitas e até câncer (BRASIL, 2006; CARRET et al., 2004). Os adolescentes e adultos jovens são os mais acometidos com as IST, uma vez que frequentemente têm relações sexuais com múltiplos parceiros e sem prevenção (BRASIL, 2017).
Na adolescência, outros fatores também podem aumentar a vulnerabilidade as IST, como a baixa idade da menarca que pode levar ao início precoce da atividade sexual, instabilidade emocional da faixa etária, baixo nível educacional e socioeconómico, modelo hegemônico de comportamento de gênero e uso de álcool e drogas (CARNEIRO, 2017; TAQUETTE; VILHENA; PAULA, 2004).
Nesse contexto, as IST apresentam-se como problema de saúde no Brasil e os mais jovens são um grupo vulnerável. Observando os casos dessas infecções na Unidade Básica de Saúde (UBS) Mãe Cristina, em conjunto com a enfermagem, notamos alta incidência nas consultas, principalmente entre as mulheres jovens. Sendo, neste ano, a notificação de casos positivos de sífilis e do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) maior do que no ano passado.
Por este motivo, decidimos realizar uma microintervenção que permitisse reduzir esse dado e com o apoio dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) formar um grupo de jovens, composto por homens e mulheres de até 24 anos. O nosso objetivo com esse grupo é realizar palestras mensais, nas primeiras sextas-feiras de cada mês, abordando as principais inquietudes sobre esse tema, tipos de doenças, prevenção, consequências e riscos das IST.
Primeiramente foi elaborado um questionário no qual cada participante da palestra respondeu individualmente sobre comportamento sexual, história de IST e o que conhecia sobre o tema. O instrumento auto-aplicado, possuía apenas o número de identificação e era respondido de forma anônima visando evitar constragimentos e fornecimento de informações incorretas.
A primeira palestra foi realizada em 15 de junho de 2018 com a participação de 18 jovens. Depois de aplicado o questionário, foi discutida a importância, uso correto, vantagens e desvantagens do preservativo masculino e feminino, risco do sexo oral e anal sem proteção, sexualidade e preconceitos existentes, com esclarecimento de dúvidas dos participantes. Além disso, foram usadas imagens didáticas e modelos e se ofereceu preservativos masculinos e femininos. Um dos aspectos que mais impactou os participantes foi os dados estatísticos da incidência de sífilis e HIV no município. E para a próxima palestras ficou acordado abordar as consequências do HIV.
É importante lembrar que a abordagem das IST deve levar em conta as necessidades e as preferências das pessoas. Para isso, uma boa comunicaçao clínica é essencial e deve estar embasada em evidências. Isso permitirá que o usuário possa tomar decisões informadas sobre o assunto juntamente com seu parceiro. Lembrando sempre de respeitar o sigilo para evitar o estigma que essas doenças ainda possuem.
Com esta microintervenção se espera orientar o maior número de jovens sobre a sexualidade responsável e aumentar os conhecimentos sobre as IST, diminuindo assim o número de incidência na comunidade. Para as próximas atividades se espera uma maior participação de jovens e melhores recursos educativos. Uma das dificuldades apresentadas na realização foi a falta de um local adequado com capacidade para mais pessoas em nossa UBS.
A microintervenção foi satisfatória pois despertou o interesse dos jovens pelo tema e permitiu uma maior comunicação deles com o equipe de saúde. Na equipe, é importante também trabalhar a capacitação dos ACS uma vez que estão mais perto da comunidade e podem ajudar na orientação dos jovens.
A abordagem das IST deve ser periódica, devido impacto significativo na saúde das pessoas e o aumento das estatísticas nos últimos anos. A sociedade deve trabalhar para diminuição do preconceito e a familia deve estar envolvida nesta luta em conjunto com os profissionais da saúde.
Sendo assim, deve ficar claro que assim como a vacinação, o acesso dos jovens a informações sobre prevenção de IST é uma preocupação genuína que deve envolver o governo, a escola e principalmente os responsáveis. Quanto mais diálogo, menos dúvida e o jovem terá menos risco de contrair uma doença que pode afetá-lo para o resto da vida.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. HIV/Aids, hepatites e outras DST. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
CARNEIRO, J. Seis doenças sexualmente transmissíveis em alta entre jovens brasileiros; saiba como evitá-las. 2017. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-39093771>. Acesso em: 20 jun. 2018.
CARRET, M. L. V. et al. Sintomas de doenças sexualmente transmissíveis em adultos: prevalência e fatores de risco. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 76-84, fev. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102004000100011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 19 jul. 2018.
TAQUETTE, S. R.; VILHENA, M. M.; PAULA, M. C. Doenças sexualmente transmissíveis na adolescência: estudo de fatores de risco. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 37, n. 3, p. 210-4, jun. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822004000300003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 19 jul. 2018.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MARANHÃO. Doenças Transmissíveis. São Luís: EDUFMA, 2017.
Ponto(s)