CAPÍTULO III: Planejamento reprodutivo, Pré-Natal e Puerpério
Caracterização das ações de educação em saúde no pré-natal feitas pela equipe da ESF, depôs de uma matriz de intervenção.
Nome do Aluno: Karel Gomez Garcia
Nome do Orientador: Cleyton Cezar Souto Sila
A saúde da mulher tem sido fonte de grande preocupação e discussão com vistas a melhorar cada vez mais a assistência prestada à mulher. Nesse aspecto a vivência gestacional e o nascimento do filho é um momento único e peculiar em sua vida. Por isso, esses momentos merecem ser tratados de forma particular e especial por meio de profissionais qualificados, pela equipe multiprofissional, por gestores e governo (VIEIRA, 2011).
Segundo dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2018), nas últimas décadas o Brasil conseguiu reduzir a taxa de mortalidade materna de 143 para 62 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos. Porém, o país não atingiu a meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), que era diminuir a mortalidade para 30 a cada 100 mil nascimentos.
Fatores que contribuem com essa incidência são a dificuldade de acesso aos serviços de pré-natal, estrutura precária da rede pública e falta de informações das gestantes sobre fatores de risco na gravidez. (VALADARES, 2018)
Segundo o Relatório “A criança e o adolescente nos objetivos do desenvolvimento sustentável”, divulgado pela Associação dos fabricantes de brinquedos (ABRINQ), o Amapá registrou em 2015 a taxa de 82,7 mortes maternas a cada 100.000 nascimentos. Foi o 4º maior do país nesse ano, sendo quase 30 pontos percentuais maior que a média nacional que ficou em 54,9 óbitos a cada 100.000 nascimentos. (ABRINQ, 2017)
Sabe-se que a atenção básica, segundo os preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS), é a porta de entrada das usuárias grávidas aos serviços de saúde para realizarem o pré-natal. Essa rede de atenção tem suas ações voltadas para a prevenção de agravos, promoção e proteção da saúde, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e de forma geral, manutenção da saúde (ARAUJO, 2011).
Nesse contexto a equipe 010 da ESF, atuante na UBS Piçarreira, na microintervenção I, conformou uma matriz de intervenção para dar solução a carência de ações de tipo educativas com grupo vulneráveis, as grávidas. Teve participação de vários professionais que trabalham na atenção básica, equipe da ESF, Agentes Comunitários de Saúde, os professionais do NASF, Odontólogo da equipe e outros.
Sendo assim, o presente relato visa caracterizar as ações e orientações de educação em saúde, com vistas à prevenção de agravos, planejadas na microintervenção, desenvolvida nos meses de maio e junho. Primeiramente foram capacitadas e treinadas todas as agentes comunitárias de saúde, receberam aulas de promoção em saúde, fizeram as visitas domiciliares e preencheram as fichas de controle, para garantir o conhecimento da quantidade de gravidas exatas tem nossa área de abrangência, atualizando assim o cadastro.
A outra ação desenvolvida foi a conformação do grupo de grávidas, as quais participaram das palestras oferecidas pelos profissionais atuantes. Foi convocado o grupo de forma semanal e receberam palestra de Nutrição pelo Nutricionista do NASF. Barreto; Santos; Demétrio (2013) argumentaram, ainda que há um significativo desvio ponderal pré-gestacional e/ou peso insuficiente ou excessivo na gestação que reforça a necessidade de orientação nutricional no pré-natal, visando o adequado estado nutricional antropométrico e minimização de riscos no grupo materno-fetal.
O médico da equipe, palestrou sobre a importância de ter conhecimentos de como prever doenças muito importantes na gravidez: a infeção vaginal, infeção urinaria, hipertensão arterial, diabetes gestacional e anemia. A enfermeira destacou o conhecimentos dos exames que a grávida e seu parceiro deveriam realizar durante o pré-natal, que doenças pesquisam e as datas certas para realizar os mesmos. Sousa et al (2012, p. 03) argumentaram que, durante toda a gravidez serão realizados exames e avaliações complementares com vistas a identificar e tratar precocemente as situações de risco que podem trazer prejuízos à saúde da mãe ou da criança.
Um momento importante das palestras foi quando a Psicóloga do NASF fez sua intervenção, com o tema a preparação psicológica da grávida para o parto, as gestantes mostraram muito interesse nesse tema.
É importante dizer que uma das ações do grupo, foi convidar o parceiro a participar do pré-natal, aí foi explicado para eles a importância de sua inserção no processo do pré-natal, os exames e os procedimentos que seriam sugeridos, as vacinas oferecidas. Foram aconselhadas as legislações que se referem aos direitos dos pais, que eles têm direito de participar durante todo o período de trabalho do parto até o direito de ter licença paternidade de 5 dias.
Posso relatar que foi uma excelente ideia ter escolhido trabalhar esse tema da educação em saúde durante o pré-natal, pois a gente tem que incrementar as ações de promoção em saúde, cumprindo um dos objetivos da Atenção Básica no Sistema Único de Saúde. A equipe teve a experiência de trabalhar com as gravidas de forma grupal, a maioria das vezes as ações educativas se fazem na sala de consulta, então foi importante fazer promoção em saúde em espaço aberto e coletivo.
Tivemos vários desafios, pois as gestantes não acreditavam na possibilidade de formar um grupo com várias delas, o trabalho das ACS foi ótimo para o convencimento e conseguir a motivação delas. Outro desafio foi, que as vezes a sala de espera onde seriam desenvolvidas as palestras ficava lotada por outros pacientes no aguardo de suas consultas, por isso foi mudada a hora para desenvolver as atividades para outro horário.
Ainda temos muitas coisas por fazer nesta área, ter a consciência de todos os professionais da ESF, o grande valor que tem este tipo de atividades. Pontua-se ainda a relevância das ações com as grávidas, sempre vão ser insuficientes, tendo na consideração que sempre se precisa do bem-estar da grávida e sua família que não deseja uma gravidez conturbada, com gastos com tratamentos, exames especializados, medicamentos, que nem sempre estão disponibilizados no Sistema Único de Saúde (SUS).
Referencias
VIEIRA, S. M; BOCK; ZOCCHE, L. F. D. A.; PESSOTA C. U.; Percepção das Puérperas Sobre a Assistência Prestada Pela Equipe de Saúde no Pré-Natal. Rev. Texto Contexto Enferm. Florianópolis, 2011, v.20, pp. 255-62.
Ministério da Saúde. Ministério da Saúde investe na redução da mortalidade materna
http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/43325-ministerio-da-saude-investe-na-reducao-da-mortalidade-materna, acesso em 18 de julho 2018.
VALADARES, Warlen. Mortalidade materna: principais causas e estratégia de combate no país. Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG. 2018.
ABRINQ, Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos.2017. Disponível em: http://www.abrinq.com.br/ Acesso em 30/04/2018.
ARAUJO. M.L.A. et. al. Educação em saúde- estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes. Revista da Abeno. v.11, n. 2. pp. 8-13. 2011. Disponível em: https://revabeno.emnuvens.com.br/revabeno/article/viewFile/57/57 acesso em: 25/04/2018.
BARRETO,A. S.; SANTOS, D. B.:DEMETRIO F.O orientação nutricional no pré-natal segundo estado nutricional antropométrico: estudo com gestantes atendidas em unidades de saúde da família. Revista Baiana de Saúde Públic. v.37, n.4, pp.952-968 out./dez. 2013.
SOUZA, A. J. C. K;MENDONÇA, A. E. O.:TORRES, G. V. Atuação do Enfermeiro no Pré-natal de Baixo Risco em uma Unidade Básica de Saúde Carpe Diem: Revista Cultura e Científica do UNIFACEX. v. 10, n. 10, pp. 2237- 8586 2012. Disponível em: https://periodicos.unifacex.com.br/Revista/article/view/205. Acesso em 20/07/2018.
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