TÍTULO: ATIVIDADES EDUCATIVAS EM SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA NA ATENÇÃO BÁSICA NA UNIDADE DE SAÚDE DE SANTA LUZIA I
ESPECIALIZANDO: Joice Cristina Dantas Brandão Marinho
ORIENTADORA: Maria Betânia Morais de Paiva
COLABORADORES: Enfermeira Louyse Mayara, Agentes Comunitários de Saúde Ediene, Suely e Isis
Dando continuidade às intervenções propostas neste módulo, minha equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) se reuniu mais uma vez, a fim de propor ações simples e possíveis de serem executadas a curto prazo sobre saúde sexual e reprodutiva.
Serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) são considerados relevantes para a Saúde Sexual e Reprodutiva (SSR) de indivíduos e grupos populacionais. O Programa de Ação da IV Conferência Internacional de População e Desenvolvimento(UNFPA, 2004) e a Plataforma de Ação da IV Conferência Internacional da Mulher(UNIFEM, 2004), marcos internacionais na definição e visibilidade da SSR, apontam a APS como nível prioritário. No Brasil, a APS é estratégica para a efetivação de políticas de SSR no Sistema Único de Saúde (SUS) (FERRAZ, 2009; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
A constituição do campo da SSR remete a noções ampliadas de saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos, influenciados por políticas de população e desenvolvimento, e pela participação de movimentos sociais que tematizam a sexualidade e as relações de gênero(COOK, DICKENS, FATHALLA, 2005).
A saúde reprodutiva é tomada como completo bem-estar das funções e processos reprodutivos; a assistência a ela inclui métodos, técnicas e serviços que contribuem para o bem-estar reprodutivo e para a prevenção e resolução de problemas. A saúde sexual tem como finalidade a melhoria na qualidade de vida e nas relações pessoais, não sendo restrita ao aconselhamento reprodutivo e à assistência às pessoas com doenças sexualmente transmissíveis (DST)(COOK, DICKENS, FATHALLA, 2005).
Diante desses aspectos e analisando a atenção fornecida a esse grupo em minha unidade de saúde, durante a reunião com a enfermeira e Agentes Comunitários de Saúde (ACS), identificamos algumas fragilidades em nossa rede de atenção à SSR da população adscrita e realizamos a primeira intervenção com objetivo de modificar essa realidade.
Percebemos que um significativo número de gestantes em nossa área possui menos de 15 anos. De um total de 31 gestantes que acompanhamos neste mês de junho, 10 delas possuem entre 12 a 15 anos, correspondendo a 32% das grávidas acompanhadas no pré-natal.
Diante desta realidade, decidimos realizar atividades educativas nas escolas abordando os temas de gravidez na adolescência e suas repercussões na vida social do jovem e planejamento reprodutivo e anticoncepção.
Decidimos implantar também grupos de gestantes com idades gestacionais semelhantes, com reuniões mensais, para se discutir sobre os sintomas daquela determinada fase gestacional, bem como os medos, anseios e realizar troca de ideias e sugestões entre as pacientes.
Começamos pelas atividades educativas em parceria com a escola municipal local. Acordamos com a direção da escola para realizarmos uma palestra por semana com as turmas de adolescentes a partir dos 12 anos, onde foram abordados os temas:
– Repercussões sociais da gravidez na adolescência;
– Como evitar a gravidez indesejada e a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (métodos contraceptivos e de prevenção de doenças)
– O que fazer caso ocorra a gravidez e quem procurar (conversa com a família, procura da UBS para dar início ao pré-natal)
Realizamos durante 3 semanas essa conversa com os mesmos grupos de adolescentes, onde a cada semana um tema era abordado. Os jovens se mostraram bastante participativos, demonstrando interesse sobre o tema, questionando, opinando e dando exemplos de casos que eles já presenciaram. Dividimos os grupos por faixa etária, então ainda falta realizar a atividade educativa com alguns grupos.
Queremos dar continuidade a esta atividade, abordando novos temas de acordo com as sugestões dos adolescentes, a fim de criarmos e estreitarmos o vínculo do jovem com a Equipe de Saúde da Família (ESF), contribuindo para a melhora da qualidade desse grupo.
Das dificuldades encontradas, destaca-se apenas a incompatibilidade de horários da equipe com algumas turmas dos jovens, atrasando a frequência das atividades educativas.
Discutindo-se outras necessidades no que se refere à SSR, vimos também a importância de se criar um grupo de gestantes para se trabalhar as fases da gestação e compartilhar experiências entre as grávidas.
Convidamos as grávidas com idades gestacionais semelhantes e organizamos três grupos: gestantes no primeiro trimestre, no segundo e no terceiro. A partir dessa identificação das mulheres e formação dos grupos, organizamos uma apresentação para cada trimestre de gestação, mostrando a evolução do embrião/feto no decorrer da gravidez, bem como os sintomas mais comuns apresentados.
Até o momento, conseguimos realizar dois encontros nesse projeto, o qual pretendemos dar continuidade, pois foi bastante proveitoso para as pacientes. Através do uso de recursos audiovisuais, apresentamos slides mostrando as modificações no corpo feminino desde a concepção, além de sintomas decorrentes dessas modificações e alterações hormonais. Após isso, algumas gestantes reconheceram nelas mesmas tais sintomas e modificações, trocaram experiências entre si e relataram o que fizeram para melhora desses sintomas.
Apesar de bastante proveitosa esta intervenção, sentimos a necessidade da participação nesses grupos de profissionais do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), como nutricionista e educador físico para esclarecer algumas importantes dúvidas das gestantes). Já articulamos com o NASF do município para estarem presentes nas próximas reuniões dos grupos.
Esperamos com essas duas intervenções, continuar promovendo uma melhor qualidade de vida no âmbito da saúde sexual e reprodutiva não apenas às mulheres, mas seus parceiros, além de orientar desde cedo os jovens a se cuidarem, evitando gravidez indesejada e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
REFERÊNCIAS:
J.; DICKENS, Bernard M.; FATHALLA, Mahmoud F. Saúde reprodutiva e direitos humanos: integrando medicina, ética e direito. Rio de Janeiro: CEPIA; 2004[ Links ] acesso em 28 de Julho de 2018.
FERRAZ, Dulce Aurélia de Souza; NEMES, Maria Ines Battistella. Avaliação da implantação de atividades de prevenção das DST/AIDS na atenção básica: um estudo de caso na Região Metropolitana de São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 25, supl. 2, p. s240-s250, 2009.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. 300 p. : il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 26).
United Nations Fund for Women. Platform of Action. Adopted at the International Conference on Women, Beijing, 1995. New York: UNIFEC; 2004. [ Links ] acesso em 28 de Julho de 2018.
United Nations Population Fund. Programme of Action. Adopted at the International Conference on Population and Development, Cairo, 5-13 September 1994. New York: UNFPA; 2004 [cited 2017 Mar 9]. Available from: https://www.unfpa.org/sites/default/files/event-pdf/PoA_en.pdf [ Links ] acesso em 28 de Julho de 2018.
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