27 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

 

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DO PRÉ-NATAL.

ESPECIALIZANDO: Dra. Isnayeisi Bernal Rodríguez.

ORIENTADORA: Maria Betânia Morais de Paiva.

COLABORADORES: gestantes da área e membros da equipe.

             Atualmente, no Brasil, é reconhecida a importância de se ter um acompanhamento abrangente no pré-natal, que inclua não só as questões biológicas, mas, também, outros aspectos relevantes ao desenvolvimento infantil, como a saúde emocional da mãe, o apoio que ela encontra nos familiares, no trabalho, na escola e na comunidade, bem como, as orientações sobre a importância da construção do vínculo com o bebê e da participação do pai.

           Assim, deve-se tratar com igual atenção e importância os aspectos relacionados à vida psíquica da gestante, sua família e seu ambiente social direto e indireto. Isto porque o impacto que se tem com essa abordagem ampliada do pré-natal, trabalhando os aspectos físicos, emocionais e sociais da gestante e seu ambiente, potencializa o desenvolvimento infantil em suas múltiplas dimensões: motora, intelectual, de linguagem, social e emocional1.

O atendimento proporcionado nessas consultas deve ser registrado e monitorado no Cartão da Gestante, pelos profissionais envolvidos, utilizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do País e também pelos profissionais que a atenderão no parto. Por meio desse monitoramento, é possível fazer o acompanhamento, o diagnóstico e o tratamento de doenças pré-existentes ou das que podem surgir durante a gravidez.

          Durante o pré-natal, a gestante deve receber informações sobre seus direitos, hábitos saudáveis de vida como alimentação, exercícios, medicamentos que precisa tomar e os que deve evitar e as mudanças que ocorrem durante a gravidez, como a maior incidência de sono e alterações no ritmo intestinal. Também tem de receber informações sobre sinais de risco em cada etapa da gravidez, como lidar com dificuldades de humor, temores em relação à sua saúde e a saúde do bebê, enjoos, inchaço, manchas na pele, sinais de parto etc.

       Um pré-natal bem realizado deve, sobretudo, valorizar a participação da gestante, fortalecendo a sua autoconfiança para que possa chegar ao momento do parto tendo maior clareza sobre o que está sentindo, sobre o parto e os limites para enfrentar todo o processo, além de ser orientada sobre como, quando e para quem ela pode pedir ajuda.

       A assistência do pré-natal bem estruturada pode promover a redução dos partos prematuros e de cesárias desnecessárias, de crianças com baixo peso ao nascer, de complicações de hipertensão arterial na gestação, bem como da transmissão vertical de patologias como o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), sífilis e as hepatites.

No entanto, para que essa assistência seja efetiva, é importante a observação dos seguintes aspectos:

  • Captação precoce – quanto antes a gravidez for diagnosticada e a gestante receber os cuidados da equipe perinatal, mais precocemente poderão ser detectados problemas passíveis de controle ou de cura.
  • Frequência e periodicidade adequadas – é preciso garantir que a gestante receba o atendimento necessário em seis consultas, no mínimo, durante a gravidez.
  • Extensão de cobertura – é fundamental que a assistência atinja 100% das gestantes de uma cidade, de um estado e de todo o País. No entanto, dados oficiais do Ministério da Saúde do Brasil, de 2011, indicam que 4,6% de mulheres grávidas estavam sem assistência de pré-natal.2
  • Qualidade – de nada adianta captar precocemente e oferecer o número adequado de consultas se não houver uma prática que garanta tecnologias atuais, apropriadas e precisas que causem impacto positivo da saúde perinatal, fortalecendo a integralidade 2

 

 

 

Em nossa unidade de saúde oferecemos palestras à população como ações educativas para homes e mulheres sobre a decisão de ter filho ou não, onde explicamos que toda pessoa tem autonomia para se reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e quantas vezes deve fazê-lo, tendo acesso a métodos eficientes, seguros, permissíveis, aceitáveis de planejamento familiar de sua escolha, assim como, outros métodos da regulação da fecundidade de sua escolha, que não sejam contrários à lei e o direito de acesso a serviços apropriados de saúde que dêem à mulher condições de atravessar, com segurança a gestação e o parto e proporcionem aos casais a melhor oportunidade de ter filhos sadios.

     Em nossa unidade de saúde o planejamento reprodutivo, envolve três tipos de atividades: Aconselhamento, Atividades clínicas e Atividades educativas, as mesmas, são desenvolvidos de forma integrada. Discutimos conteúdos sobre diversidade sexual, relações de gênero e prevenção de HIV/AIDS e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), essa discussão é realizada, nas escolas e com os grupos de adolescentes que atuam no posto.

      Outros grupos de comunicação são menos frequentes devido à disponibilidade limitada do tempo das pessoas. A equipe tem conhecimento de como fazer notificação e encaminhamento dos casos de HIV, pois em minha área os casos suspeitos são referenciados para outro ponto de atenção da rede de saúde. Fazemos teste rápido de HIV, sífilis, hepatites B e C e outros, mas os casos de suspeita ou positivos são encaminhados adequadamente.

      A atenção pré-natal em nossa UBS é realizada de forma ativa, todos os membros fazem busca ativa das gestantes, inclusive adolescentes, atividade apoiada principalmente, pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), pois eles estão em contato direto com a população, trabalhamos para fazer uma captura precoce de toda gravidez com a qualidade necessária para um adequado acompanhamento, solicitação de todos os exames complementares recomendados, tratando todas as doenças diagnosticadas durante a gravidez, sejam as DST ou outras; quando não podem ser tratadas na UBS são encaminhadas para consulta de alto risco localizada em outro município, nem sempre conseguimos um adequado acompanhamento para as situações fora do âmbito da Atenção Primaria de Saúde (APS).

            Orientamos às grávidas acerca da importância de alimentação adequada para prevenir múltiplas doenças durante a gravidez, estimulamos hábitos de vida saudáveis e quando é necessário encaminhamos para avaliação do  Índice de Massa Corporal (IMC) da gestante. Em cada consulta falamos sobre a importância de um aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida, explicando vantagens e desvantagens, também orientamos importância de retornar para consulta do puerpério, última etapa da atenção pré-natal, onde podem aparecer complicações até a morte por não cumprir com as orientações médicas.

Minha equipe está organizada para realizar um adequado acompanhamento em planejamento reprodutivo, atenção pré-natal e puerpério, só que, não temos disponibilidade de todos os recursos humanos e materiais, precisamos ainda de muita ajuda, por isso propomos mais apoio de nossos funcionários da Secretaria de Saúde do Município (SMS).

Com nosso atendimento oferecemos uma assistência de qualidade, além de informar aos usuários do SUS que o pré-natal é um direito e pode reduzir as principais causas de mortalidade materna e infantil, as orientações iniciais e o acompanhamento durante o pré-natal são fatores importantes a serem considerados para a assistência humanizada junto ao pré-natal de baixo risco pois as grávidas classificadas alto risco recebem atendimento com especialista em obstetrícia em outro serviço.

Contamos com um expediente e dia fixo da semana para atendimento a gestantes, onde os cuidados pré-natais constituem uma ferramenta importante de avaliação dos cuidados em saúde nessa etapa da vida incluindo a promoção da saúde, o rastreio, o diagnóstico e a prevenção das doenças, com uma implementação oportuna e adequada de práticas baseadas em evidências, os cuidados pré-natais podem salvar vidas, são uma oportunidade para comunicar e apoiar as mulheres, as famílias e as comunidades.

 

Então decidimos fazer uma estratégia de promoção com as grávidas de nossa área, pois o maior problema foi a presença da gestante na consulta do pré-natal e com alta incidência de grávidas com alto risco obstétrico (ARO).

Nessa direção, foi elaborado um planejamento de atividades cujo principal objetivo será de valorizar a consulta de pré-natal, ressaltando sua importância em cada avaliação médica na perspectiva promover um nascimento e parto sem complicações.

Os principais responsáveis pela execução da estratégia é a equipe sendo os protagonistas: médico e enfermeira em parceria com a dentista, técnica de enfermagem e os ACS, com uma frequência semanal no dia destinado ao atendimento programado para as gestantes. Nas ações serão utilizados recursos materiais de apoio como murais informativos e ilustrativos, além de recursos audiovisuais destacando as diferentes etapas do pré-natal. Os temas a serem trabalhados emergiram da equipe e serão abordados por ordem das consultas. Desse modo, serão discutidos as seguintes temáticas : a importância da primeira consulta com as orientações gerais para promoção da saúde e prevenção de agravos; avaliação médica dos exames laboratoriais assim como, a interpretação dos mesmos;  a importância da avaliação odontológica na gravidez; a importância da assistência na consultas programadas para evitar riscos ou complicações; avaliação sistemática da saúde materno-fetal, participação do pai e a família, horário de sono da grávida, entre outros.

O objetivo final de nossa estratégia de promoção à saúde da gestante é ofertar informações que serão realizadas ao longo do pré-natal levando-se em consideração a idade gestacional, o risco obstétrico e a presença ou não de doenças crônicas, assim como, prevenir o surgimento de complicações destacando a importância da assiduidade à consulta do pré-natal como uma ferramenta de cuidado para mãe e o seu bebê.     

Esta experiência contou com a adesão das gestantes cadastradas na área de abrangência que participaram efetivamente das atividades planejadas, elaboradas de acordo com as diretrizes médicas e os princípios de promoção e prevenção na atenção básica. Como fragilidades destacamos a dificuldade para realização dos exames como as ultrassonografias obstétricas por trimestre ou exames de alta complexidade pela pouca disponibilidade de recursos do município, mais contamos com o poio da gestão na disponibilização de transporte para que esses exames sejam realizados em municípios vizinhos.

 

REFERÊNCIAS

      

1-Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual técnico/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2005

2-Fundamentos do desenvolvimento infantil: da gestação aos 3 anos / [organizador Saul Cypel]. — São Paulo: Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, 2013.

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