TÍTULO:PLANEJAMENTO REPRODUTIVO, PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO NA UBS CENTRO UM, NOVA CRUZ.
ESPECIALIZANDO: ISABEL ZAYAS FERRER
ORIENTADOR: MARIA BETÂNIA MORAIS DE PAIVA
Planejamento familiar é o conjunto de ações de educação e saúde nas quais são oferecidos todos os recursos cientificamente aceitos para a concepção e anticoncepção. Para ser real, o direito de planejar o número de filhos implica no efetivo acesso a métodos contraceptivos ou conceptivos para todas as pessoas em idade reprodutiva, de acordo com suas necessidades e expectativas. Garantir o acesso significa oferecer a possibilidade de escolha do método que melhor atenda às necessidades de cada pessoa ou casal, entre uma variedade de métodos seguros, eficazes e a um custo acessível. (1)
Quando uma mulher consegue planejar sua família, ela tem possibilidades de planejar sua vida como um todo. A garantia de acesso ao planejamento familiar voluntário tem o potencial de ampliar a autonomia das mulheres e, ainda, reduzir em um terço as mortes maternas e em até 20% as mortes infantis. Informações e serviços de planejamento familiar podem contribuir para o controle da epidemia de AIDS e outrasInfecções Sexualmente Transmissíveis (IST). (1)
Controlar a fertilidade é o primeiro passo para planejar o momento mais adequado para ter filhos. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), feita em 2006, financiada pelo Ministério da Saúde, revelou que 46% das gravidezes não são planejadas. (2)
Em 2016, a morbilidade e mortalidade evitáveis relacionadas com a gravidez, continuam excessivamente elevadas. Apesar dos substanciais progressos alcançados, os países precisam consolidar e aumentar os seus avanços e de alargar as suas agendas para além da sobrevivência, com vista a maximizar a saúde e o potencial das suas populações.(3)
Segundo o Ministério da Saúde (MS), a mortalidade materna no Brasil caiu 58% entre 1990 e 2015, de 143 para 60 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos. Levando em consideração os dados de 2010 e 2015, sendo o último ano ainda com dados preliminares, a proporção da mortalidade materna diminuiu de 12%, saindo de 67,9 para 60 óbitos por 100 mil nascidos.(4)
A morte materna ocorre durante a gestação ou 42 dias após o parto, quando as mulheres são acometidas por doenças obstétricas, em razão da gestação, ou por complicações de doenças pré-existentes. Entretanto, para o professor da Universidade Federalde São Paulo (Unifesp), é muito difícil encontrar algo que contraindique a gravidez. O que acontece, segundo ele, são condições de risco que merecem um pré-natal mais cuidadoso. As principais causas de morte são pressão alta durante a gravidez, hemorragia após o parto, infecções e aborto. (4)
A saúde reprodutiva é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, em todos os aspectos relacionados com o sistema reprodutivo e as suas funções e processos e não de mera ausência de doença ou enfermidade. A saúde reprodutiva implica, por conseguinte, que a pessoa possa ter uma vida sexual segura e satisfatória, tendo autonomia para se reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e quantas vezes deve fazê-lo. Implícito nessa última condição está o direito de homens e mulheres de serem informados e de terem acesso a métodos eficientes, seguros, permissíveis e aceitáveis de planejamento familiar de sua escolha, assim como, outros métodos de regulação da fecundidade, de sua escolha, que não sejam contrários à lei e o direito de acesso a serviços apropriados de saúde que dêem à mulher condições de atravessar, com segurança, a gestação e o parto e proporcionem aos casais a melhor chance de ter um filho sadio. Em conformidade com a definição acima de saúde reprodutiva, a assistência à saúde reprodutiva é definida como a constelação de métodos, técnicas e serviços que contribuem para a saúde e o bem-estar reprodutivo, prevenindo e resolvendo problemas de saúde reprodutiva. Isso inclui também a saúde sexual, cuja finalidade é a intensificação das relações vitais e pessoais e não simples aconselhamento e assistência relativos à reprodução e a doenças sexualmente transmissíveis. (5)
Em nossa Unidade Básica de Saúde (UBS) a equipe trabalha em atividades de planejamento reprodutivo de aconselhamento, em atividades clínicas e em atividades educativas. A equipe aborda ações educativas sobre a decisão de ter filhos ou não; oferta métodos contraceptivos básicos como: barreira, hormonais, assim como aconselhamento sobre métodos contraceptivos comportamentais, embora sua eficácia não seja ideal. A equipe também discute conteúdos sobre diversidade sexual, relações de gêneros e prevenção de Vírus da Imunodeficiência Humana/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/AIDS) e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) assim como, pesquisa de casos novos em população de risco e realiza notificação e encaminhamento adequados dos casos diagnosticados de HIV. Além disso, tratamos adequadamente as DSTs diagnosticadas. As atividades para discutir saúde sexual em grupos (jovens, gestantes, idosos) são escassas porque contamos com pouco tempo e uma área de atendimento muito grande.
O pré-natal é feito principalmente pela médica e a enfermeira, mas contamos com o apoio de toda a equipe. Fazemos busca ativa das gestantes da Unidade, inclusive adolescentes; realizamos levantamento periódico das gestantes do bairro, incluindo as que fazem pré-natal em serviço privado, às quais realizamos acompanhamento na UBS. Preenchemos adequadamente a caderneta da gestante e solicitamos todos os exames complementares recomendados segundo o trimestre da gravidez. Tratamos as DSTs, quando diagnosticadas nas gestantes e seus parceiros, fazendo o acompanhamento dos casos doentes até a cura. Orientamos quanto aos cuidados nutricionais na gestação, com a avaliação do Índice de Massa Corporal (IMC) e o ganho de peso em cada consulta. Estimulamos hábitos de vida saudáveis e, se precisar, contamos com o apoio de um especialista em nutrição que faz parte do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) para dar um melhor acompanhamento. Também orientamossobre a importância de retornar para a consulta de puerpério e orientamos sobre amamentação, ressaltando os benefícios, a manejo adequado e as melhores formas de amamentar.
Foi feita uma reunião na Unidade Básica de Saúde (UBS) onde listamos as ações educativas que são feitas pela equipe e as ações que ainda faltam por fazer. Um problema identificado que precisa de pronto atendimento foi dentro do tema de planejamento reprodutivo e a equipe escolheu começar por essa parte. Em nosso município todos os casais têm acesso a métodos anticoncepcionais, mas alguns escolhem não usá-los em casos que precisam esperar e planejar o momento da gravidez devido a doenças, problemas familiares, o que causa dificuldades para a saúde da mulher no parto e no desenvolvimento futuro das crianças. Por isso, foram feitas atividades educativas com mulheres em idade fértil e seus parceiros sobre como fazer um adequado planejamento reprodutivo. Além disso, foram feitas várias ações educativas as quais precisarão de um trabalho contínuo por parte da equipe.
Depois da realização da microintervenção, foram identificadas as potencialidades e as fragilidades que temos e como podemos melhorar o trabalho de planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério em nossa área de atendimento, com o objetivo de melhorar a saúde reprodutiva de nossa população.
Nossa equipe está organizada para fazer o acompanhamento da saúde reprodutiva, embora às vezes não tenham todos os recursos que precisamos como: disponibilidade de alguns anticoncepcionais na rede de farmácias, exames de média e alta complexidade e a presença de alguns especialistas para grávidas que precisam de acompanhamento pela atenção secundária. Por isso propomos trabalhar em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para fazer estratégias que melhorem o serviço.
Com esta experiência a equipe aprendeu quais são as atividades que ainda precisam de um melhor trabalho, como a criação de grupos de promoção da saúde reprodutiva e a realização de atividades educativas dentro das escolas. Encontramos um desafio para realizar um adequado desenvolvimento dessas ações, o qual foi a presença de duas microáreas descobertas sem Agente Comunitário de Saúde (ACS), o que dificulta nosso trabalho, mas a SMS já está trabalhando para resolver esse problema.
Gostei da disposição da equipe quanto a reconhecer a importância de realizar um adequado planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério, além da participação do NASF na realização das atividades educativas e de aconselhamento.
Depois de feita essa microintervenção, acho que na saúde reprodutiva é uma parte fundamental da saúde de nossa população.
REFERÊNCIAS