SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA.
ESPECIALIZANDO: FERNANDA CARVALHO FRANCO
ORIENTADOR: ISAAC ALENCAR
A importância de se realizar o planejamento familiar e dar assistência adequada ao pré natal e puerpério, assim como de situações pós aborto, na Atenção Primária a Saúde é indiscutível. Entre outras coisas, essas ações fazem com que os direitos sexuais e reprodutivos da população sejam garantidos, conforme previsto na Constituição Federal (BRASIL, 2010).
Dentre as atividades que são englobadas na Atenção a Saúde Sexual e Reprodutiva, a equipe da qual faço parte realiza principalmente a orientação e prescrição de métodos contraceptivos, o que inclui o encaminhamento para realização daqueles de maior complexidade tecnológica; iniciamos a investigação dos casais inférteis e realizamos o devido encaminhamento dos mesmos; assistência pré natal, inclusive o acompanhamento das gestantes de alto risco, já que a minoria delas consegue de fato o acompanhamento em centros especializados, cabendo a atenção básica manejar certos casos por falha do sistema de referência e contra referência; e a assistência puerperal. Além dessas atividades, também cito aqui o diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis e as devidas orientações preventivas, assim como a realização de testes rápidos para HIV, sífilis e hepatite B nos pacientes que apresentam fatores de risco.
Após realizar as reflexões propostas no módulo de “Planejamento Reprodutivo, Pré Natal e Puerpério”, constatamos alguns pontos de fragilidade no serviço que temos prestado à população. Dentre eles, destaco aqui a discussão sobre diversidade de gênero, relações de gêneros e discussão sobre saúde sexual em grupos. De fato, todas essas ações acabam ficando restritas aos atendimentos individuais, principalmente às consultas médicas, onde posso garantir uma abordagem integral da saúde do usuário, incluindo a saúde sexual e reprodutiva dos mesmos.
Baseado nisso, realizamos algumas tentativas de instituir grupos de jovens para a discussão destes temas, porém esbarramos na o de captar interessados para tal atividade. Percebemos que esta dificuldade se dá, entre outras coisas, pelo fato de esse ainda ser um tema que causa constrangimento a muitos ao ser discutido . Dessa forma, após reunião da equipe (com três agentes comunitários de saúde, enfermeira, médica e duas técnicas de enfermagem), optamos por reforçar a inserção deste tema nos atendimentos individuais para naturalizar ao máximo tal discussão com a população e, posteriormente, realizarmos nova tentativa de criarmos grupos para debate deste tema em específico.
Apesar destes pontos de fragilidade acima mensionados, citarei aqui uma intervenção que tem sido realizada e que tem nos dado bons resultados referente ao “levantamento periódico das gestantes do bairro” e “orientação sobre a importância de retorno para as consultas de puerpério”. Isso porquê, até há aproximadamente dois meses, não havia em nossa equipe este levantamento, o que dificultava o monitoramento das gestantes de nossa área e, consequentemente, o retorno das mesmas com seus recém nascidos para as consultas de puerpério na primeira semana pós parto.
Contudo, após a avaliação dos indicadores do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) na unidade de “Observação na Unidade de Saúde”, iniciamos este levantamento que é atualizado semanalmente após as consultas de pré natal. Dessa forma, temos todos os dados das gestantes que acompanhamos registrados em uma tabela e assim conseguimos monitorar a evolução de suas gestações, para quando está previsto seu retorno, e, principalmente para quando está prevista a primeira consulta pós parto afim de facilitar o acesso destas usuárias e garantir que a mesma retornem na primeira semana após o parto (pois é ainda a maior deficiência deste acompanhamento). Além dessa estratégia, temos reforçado nas consultas individuais a importância desse retorno e as orientações sobre a amamentação.
Assim, apesar de estes não serem atualmente os principais pontos de fragilidade da atenção que é prestado pela equipe da qual faço parte, temos consciência de que tal cenário se deve a intervenção que temos realizado ao longo destes últimos meses. Dessa forma, toda essa experiência, apesar de seus insucessos, nos mostrou que nossas ações realmente tem a capacidade de fortalecer aqueles pontos nos quais nossa atuação ainda é deficiente. Com isso, acreditamos que se mantermos essa linha de abordar temas que são considerados de difícil discussão pela população no âmbito individual, até estes serem tratados de forma mais natural para então serem discutidos em grupo, teremos êxito nesta abordagem.
REFERÊNCIA:
BRASIL. Ministério da Saude. Caderno de Atenção Básica n° 26. Saúde sexual e reprodutiva. Brasília, DF, 2010.
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