Relato de Experiência III de DARINA RODRIGUEZ BRINGA

A PROMOÇÃO DA SAÚDE NO PLANEJAMENTO FAMILIAR, PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO NA UNIDADE ILDONE CAVALCANTE DE FREITAS

 

 

ESPECIALIZANDO: DARINA RODRIGUEZ BRINGA

 

ORIENTADOR: ISAAC ALENCAR PINTO

 

 

Esse relato de experiência foi realizado mediante a microintervenção sobre pré-natal e puerpério da ESF Ildone Cavalcante de Freitas, com o objetivo de relatar as estratégias de promoção e educação em saúde voltadas para o atendimento as gestantes na unidade, abordando o pré-natal e o puerpério.

Na ESF Ildone Cavalcante de Freitas, onde atendo como médica da família, faço um trabalho de educação e orientações em saúde com os grupos de risco, como diabéticos, hipertensos (frisando meu projeto de intervenção voltado para a Hipertensão, conforme a introdução), gestantes, mulheres, homens, crianças e adolescentes.

De modo geral, a Promoção da Saúde é vista como o conjunto de ações cujo objetivo é tratar as doenças: avaliações médicas preventivas, consultas, exames, ou ainda, há quem pense em programas de vacinação ou mutirões de profissionais da ‘saúde/doença’ na expectativa de promover saúde. Segundo Lefevre, “Promoção da Saúde representa uma possibilidade concreta de ruptura de paradigma no campo da saúde” (2007, p.31).

Em relação a lidar coma prevenção, promoção e educação em saúde voltada ao atendimento em pré-natal e puerpério na Unidade Ildone Cavalcante, tratamos do manual do Ministério da Saúde de linha do cuidado da criança, pois melhorar o acesso, a cobertura e a qualidade da atenção à gestante e ao recém-nato implica na reorganização do sistema, com a compreensão da necessidade de integração das ações básicas com as de média e alta complexidade, conformando-se uma rede articulada de assistência que responda à necessidade da gestante e do recém- nascido (BRASIL, 2006).

Sabemos que mais da metade das mortes maternas e neonatais ocorrem durante a internação para o parto. É necessário organizar a referência e contra referência da gestante para o parto, com disponibilidade de meios seguros de transporte para a mulher e a criança, quando necessário, e a garantia da assistência imediata e de qualidade no hospital/ maternidade, para que a conduta adequada seja tomada em tempo hábil para ser eficaz (BRASIL, 2006).

O puerpério ou pós-parto é muito enfatizado na ESF, pois se trata de outro momento de cuidado especial com a mulher e os serviços de saúde devem se organizar para garantir a atenção à puérpera. Em nossa Unidade de Saúde, elaboramos a ação “Primeira Semana Saúde Integral”, quando o teste do pezinho é recomendado, e atendemos as mães em um momento especial e de maior vulnerabilidade na vida da mulher e da criança.

Assim, a Equipe da ESF executa estratégias de atendimento ao pré-natal e puerpério como busca ativa das gestantes da Unidade e adolescentes grávidas de forma periódica no bairro; levantamento de gestantes que estão realizando o pré-natal na Unidade e particular; levantamento de gestantes que possuem a caderneta da gestante; exames complementares são solicitados a todas; fazemos investigação de DSTs e tratamento; orientamos quanto aos cuidados nutricionais na gestação e hábitos de vida saudáveis; orientamos sobre a importância de retornar para a consulta de puerpério.

Em nossa Unidade, reunimos o grupo de gestantes a cada 15 dias, mediante horários pré-estabelecidos, realizamos palestras abordando diversos temas relacionados a saúde do bebê e da mãe, fornecemos orientações ao aleitamento exclusivo, ao teste do pezinho, as vacinas principalmente a BCG, a importância das primeiras consultas do puerpério,  acompanhamos essas gestantes em nossa ESF e importância do planejamento familiar.

Eu gostaria de relatar sobre a experiência de realizar educação em saúde com os adolescentes atendidos pela Unidade, pois os números de casos de adolescentes grávidas de uma gravidez indesejada têm aumentado na população adstrita.

A Unidade oferta métodos contraceptivos básicos para toda a população como as camisinhas e oferecemos orientações para o planejamento familiar feitas pela enfermeira, onde discute vários conteúdos sobre as relações pessoais e sexuais e a prevenção das DSTs e HIV/AIDS, cuja notificação acontece se o caso for identificado na ESF, resultando em um acompanhamento e tratamento.

Diante do problema de alto índice de adolescentes grávidas, foi necessário reunir-se com a equipe e propor uma educação em saúde voltada para as escolas do bairro.

 

O médico de uma ESF cujas demandas prevalentes são adolescentes grávidas em número crescente, deve obter uma visão diferenciada e ampla do contexto biológico e psicologicamente positivo, sobre o tema abordado, como é que se constitui a base do amor, do prazer, da convivência humana. O ser humano tem que ser encarado como um todo, corpo-mente-sexualidade, esses elementos não podem ser dissociados, pois cada um desses fatores interfere diretamente no surgimento ou não de sérios problemas (VIEIRA et al., 2002).

Desse modo, a equipe optou por realizar as ações sobre a Educação em saúde no Pré-natal das adolescentes grávidas são:

 

• Elaboração da Intervenção: através de um treinamento sobre a importância da realização da prevenção da gravidez indesejada, para que a mesma seja capaz de acolher adolescentes e orientá-los mediante os objetivos do projeto. Será realizada uma reunião com a equipe onde serão apontados os tópicos e objetivos do projeto, os dias para ser desenvolvido, a contribuição de cada colaborador da equipe. Reunião simples e objetiva, com um coffe break ao final para confraternização;
• Convite para participar da palestra: ocorre a organização dos agentes comunitários de saúde para estarem realizando as visitas domiciliares, com o objetivo de convidar os adolescentes a comparecerem na escola e na UBS no dia da ação, para participarem do encontro de educação em saúde que acontecerá no dia determinado. Geralmente são convidadas também nas escolas, através de um convite elaborado conforme o tema abordado, pela enfermeira da unidade, a qual irá em um dia determinado fazer o convite, explicando a importância de comparecerem e mostrando que será um dia legal de troca de informações e sorteio de brindes para quem for participar;
•  Organização dos materiais: onde se faz o levantamento dos recursos necessários para a execução do projeto, consulta as possibilidades financeiras e recorre a Secretaria municipal de Saúde para conseguir os matérias e insumos necessários. É realizada outra reunião para definir essas situações, com a equipe e deixar tudo pronto para planejar as atividades. A ajuda da Secretaria Municipal de Saúde é imprescindível, na qual será feita uma visita para falar com o Secretário de Saúde, expor o projeto e através de um ofício, solicitar o apoio para a realização do mesmo, sendo apoio com recursos materiais;
• Planejamento da ação educativa sobre a prevenção de uma gravidez indesejada:  bem como o uso dos métodos contraceptivos para prevenção também das doenças sexualmente transmissíveis, com base no cronograma elaborado e a organização do tempo empenhado. Iniciar as atividades grupais que serão desenvolvidas por meio de Círculos de Cultura, como divisão das tarefas, distribuição dos convites aos ACS e ajustes finais da intervenção;
• Na ESF: São realizadas palestras sobre a importância dos métodos contraceptivos, ministrada pelo médico da unidade e pela enfermeira. São abordados os principais métodos, seu uso correto, sua importância através do uso de cartazes e panfletos. Ao final, é realizado o sorteio de alguns brindes;
• Na Escola Municipal do Bairro: ida a Escola em 03 dias programados, para abordar as turmas do Ensino Médio para conscientização sobre os métodos contraceptivos. São abordados os principais métodos, seu uso correto, sua importância através do uso slides e projetor.

 

Ao final das atividades, foram marcadas reuniões com a equipe, avaliando as ações mediante o alcance dos objetivos. Concluiu-se que os objetivos foram alcançados com sucesso e que a equipe de saúde aprendeu muito com essa experiência, apesar dos desafios de lidar com uma população de adolescentes que tem seu jeito de ver a vida.

Os adolescentes participaram e gostaram e se irão realmente procurar a unidade de saúde para se informar melhor. O que eu mais gostei nessa intervenção foi a abordagem de um publico diferenciado que realmente merece toda essa atenção da equipe. As dificuldades foram em relação a motivação da equipe em realizar as ações, que a princípio sentiram receio em lidar com adolescentes, mas depois foram caminhando para resultados positivos como o interesse dos próprios adolescentes em querer saber mais sobre os conteúdos abordados.

Acredito que muitas outras ações podem ser feitas para melhorar esse atendimento, como por exemplo educação em saúde constantes nas escolas, indo até os usuários e promovendo essa aproximação de vínculos entre ambas as partes.

A relevância da educação em saúde voltada para o pré-natal de adolescentes grávidas e para o planejamento familiar tem possibilidade de beneficiar o conhecimento dos profissionais de saúde, de forma a contribuir para a redução dos índices de gestação não desejada, abortos, mortalidade materna e gravidez em mulheres portadoras de patologias graves. Além disso, poder contribuir com informações para consolidar as práticas de educação em saúde sobre o planejamento familiar, preconizadas pelo Ministério da Saúde.

 

 

REFERENCIAS

 

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Linhas de cuidado da criança. Brasília, Cadernos de Atenção Básica, 2006.

 

LEFEVRE H . Lógica forma e lógica dialética. 9 Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2007.

 

VIEIRA, H. L. Planejamento familiar. 2002 Disponível em: http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo049a.shtml. Acesso em 03 de julho de 2018.

 

Ponto(s)