23 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Título: Apoio ao aleitamento materno na Unidade Básica de Saúde CAIC no município de Apodi, RN

Especializando: Ana Lúcia Lins Pinto

Orientadora: Maria Helena Pires Araújo

A amamentação é um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, que repercute no estado nutricional da criança, em sua defesa contra infecções, em seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e em sua saúde no longo prazo, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe (BRASIL, 2015).

Para darmos início a nossa terceira microintervenção, o primeiro passo foi convocarmos uma reunião com a equipe para discutirmos diversos pontos sobre planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério em nossa UBS. Foi utilizada uma lista de questões norteadoras (disponibilizadas pelo próprio curso de especialização) para refletirmos sobre as estratégias realizadas por nossa equipe, a fim de desempenharmos uma ação programática de acordo com a realidade de nossa comunidade.

Uma das questões que notamos grande fragilidade em nosso processo de trabalho foi a orientação e apoio à amamentação. Percebemos que nossas gestantes são orientadas durante as consultas de pré-natal, porém nem sempre conseguem tirar todas as dúvidas devido ao tempo corrido ou por estarem preocupadas com alguma outra questão, e esse assunto acaba subentendido. Isso faz com que muitas delas tirem suas dúvidas com as próprias colegas mais experientes ou não, ou familiares, surgindo conclusões errôneas sobre o tema, que acabam desestimulando o aleitamento materno.

 Nesse sentido, decidimos realizar uma microintervenção que abordasse a importância da amamentação de uma forma ampla. Foram definidos data e horário de acordo com a rotina da UBS e a partir daí os agentes comunitários de saúde ficaram encarregados de avisar às gestantes de suas respectivas áreas sobre o evento, a enfermeira e médica encarregadas de preparar os assuntos e maneira de abordagem.

 Como não dispomos de sala de reuniões, adaptamos um ambiente na própria UBS  onde foi possível a transmissão de vídeo explicativo disponibilizado pela enfermeira (em uma espécie de “cineminha” para gestantes) que abordou diversas questões como: pega correta durante a amamentação, benefícios da amamentação para o bebê (proteção contra diarreias, infecções respiratórias e alergias; redução do risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade; efeito positivo na inteligência e melhor desenvolvimento da cavidade bucal) e para a mãe (redução do peso mais rapidamente após o parto; involução mais rápida do útero, diminuindo o risco de hemorragia e de anemia após o parto; redução do risco de diabetes, câncer de mama e ovário; além de ser um método natural para evitar uma nova gravidez nos primeiros 6 meses desde que a mãe esteja amamentando exclusivamente em livre demanda e ainda não tenha menstruado.) Foi abordado também a questão dos benefícios da amamentação para a família e para o sistema de saúde, o papel do pai/companheiro, número e duração das mamadas, uso da chupeta e mamadeira, início da alimentação complementar, entre outros.

 Mesmo estando comprovados os diversos benefícios do aleitamento materno, existem muitos mitos que envolvem esse momento da vida e que podem ser um empecilho para que as mães amamentem. Nesse sentido, após o término do vídeo, iniciamos uma sessão “tira-dúvidas” com as gestantes e as mesmas ficaram à vontade para perguntarem e comentarem suas experiências. Surgiram dúvidas como: “O leite materno pode ser fraco para nutrir o bebê?”; “Como saber se o bebê está mamando o suficiente?”; “Seios muito pequenos não produzem leite na quantidade suficiente para o bebê?”; “Como evitar ferimentos no peito?” “O que fazer para melhorar quando machucar?”; entre outras.

Apesar da pequena quantidade de usuárias que compareceram, das dificuldades em conseguir data/horário e a estrutura da UBS não ser a ideal, esse foi um momento muito proveitoso tanto para nossa equipe quanto para as gestantes, as quais demonstraram grande satisfação com o evento. Percebemos que as mesmas, além de informações precisas, necessitam, principalmente, de um suporte emocional e apoio integral.     

As prevalências de aleitamento materno no Brasil, em especial as de amamentação exclusiva, ainda estão bastante aquém das recomendadas, e nós, profissionais de saúde temos papel fundamental na reversão desse quadro. Mas para isso precisamos estar preparados, pois, por mais competente que sejamos nos aspectos técnicos relacionados à lactação, nosso trabalho de promoção e apoio ao aleitamento materno não será bem sucedido se não tivermos um olhar atento, abrangente, sempre levando em consideração os aspectos emocionais, a cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre outros (BRASIL, 2015).

Portanto, ficou claro que devemos sempre buscar formas de interagir com a população para que possamos identificar e compreender seus anseios para que possamos desenvolver trabalhos que realmente estejam de acordo com o contexto sociocultural e assim, poder potencializar as ações de promoção à saúde.

 

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