GESTANDO SAÚDE
AMANDA PEREIRA TRIANI
ROMANNINY HEVILLYN SILVA COSTA ALMINO
A partir das reflexões geradas pelo módulo de Planejamento Reprodutivo, Pré-natal e Puerpério irei relatar sobre a situação atual da nossa equipe de saúde e a proposta de criação de um grupo de gestantes para educação em saúde das mesmas.
Esta ferramenta é um dispositivo importante na Atenção Básica, pois representa um dos principais métodos para promoção da saúde e contribui para emancipação dos sujeitos ao proporcionar um espaço de troca de saberes e experiências.
Quanto ao planejamento reprodutivo, não promovemos ações educativas, para homens e mulheres, sobre a decisão de ter filhos ou não. Eventualmente, durante as consultas, predominantemente, de mulheres em idade fértil, a questão é discutida quando surge a oportunidade. Homens são menos abordados sobre o tema.
Nossa Unidade Básica de Saúde – UBS dispõe de métodos contraceptivos hormonais e de barreira. Os preservativos masculinos e femininos ficam expostos na recepção e no balcão da farmácia, para fácil acesso do usuário, e os métodos hormonais são dispensados com receita médica após consulta.
Porém, há a necessidade de abordar com mais frequência os métodos contraceptivos disponíveis na rede e modo correto de utilizá-los. Essas informações são feitas apenas de modo individualizado durante as consultas.
A diversidade sexual, relações de gêneros e prevenção de HIV/AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis – ISTs não são discutidas com a população, exceto quando surgem dúvidas durante as consultas.
Não possuímos grupos de educação em saúde ou qualquer outra estratégia de promoção à saúde e prevenção de doenças para abordar a saúde sexual de nossa comunidade. No entanto, dispomos de testes rápidos para HIV, sífilis, hepatite B e C. Quando diagnosticados, tais agravos são tratados e notificados conforme as orientações do Ministério da Saúde.
Quanto ao pré-natal e puerpério, possuímos algumas dificuldades. Não há uma estratégia para busca ativa de gestantes, nem levantamento periódico das mesmas bem como a pesquisa das faltantes das consultas pré-natais e respectivos motivos.
Temos um corpo reduzido de agentes comunitários de saúde-ACS e estes estão sendo, frequentemente, deslocados para ações de vacinação devido ao surto de sarampo que estamos vivendo, o que tem prejudicado o acompanhamento das gestantes e puérperas.
Outro desafio para nossa equipe, é que, atualmente, a maioria das nossas gestantes são imigrantes venezuelanas que moram num abrigo para refugiados no bairro vizinho, ou mesmo na rua.
Trata-se de uma população extremamente vulnerável, com dificuldade para realizar os exames solicitados, devido dificuldade de locomoção, e pouca assiduidade nas consultas pré-natais.
Dispomos da caderneta da gestante em nossa UBS que é adequadamente preenchida, todos os exames são solicitados, incluindo os específicos para região amazônica, como a pesquisa de Plasmodium. Há rastreio diagnósticos para DSTs bem como disponibilidade de tratamento adequado, quando detectadas.
As orientações sobre cuidados nutricionais e hábitos de vida saudáveis são realizadas durante as consultas ao longo da gestação. As orientações sobre as técnicas de amamentação, sua importância e demais dúvidas das gestantes também são realizadas ao decorrer das consultas e enfatizadas no último trimestre. As consultas de retorno para o puerpério precisam ser mais enfatizadas por nossa equipe, visto que a maioria das gestantes não retornam na primeira semana pós parto.
Após as reflexões abordadas acima, propõe-se a criação de um grupo para educação em saúde das gestantes, afim de promover trocas de saberes e experiências, bem como a discussão de dúvidas.
Serão feitos pequenos encontros semanais, ou quinzenais, antes do início das consultas. O primeiro tema abordado será prevenção da toxoplasmose, visto que muitas gestantes têm apresentado IgG e IgM negativos para tal agravo em nossa comunidade.Os demais assuntos serão propostos pelas gestantes.
Atualmente, nosso maior desafio é trabalhar em conjunto. Nossa UBS dispõe de apenas uma equipe de Saúde da Família, composta por uma médica, um enfermeiro, uma técnica de enfermagem e quatro ACSs.
A Secretaria Municipal de Saúde de Boa Vista-RR, têm deslocado frequentemente o enfermeiro e os ACSs para ações de vacinação em decorrência do surto de sarampo. Ainda não realizamos nenhuma outra reunião de equipe, para discutir nossas estratégias, após a reunião convocada para fazermos nossa autoavaliação com os critérios do Programa de Melhoria de Acesso e Qualidade da Atenção Básica. Há ainda uma pressão da gestão para atendimentos de demanda imediatas, em detrimento das ações programáticas da Atenção Básica.
As gestantes e puérperas são parcelas especialmente sensíveis da população e a atenção a sua saúde não pode ser negligenciada. É preciso haver um esforço da equipe e da gestão para que elas recebam uma atenção integral de qualidade, visto que a Estratégia de Saúde da Família é o único local da rede em que podemos atuar de forma mais consistente na promoção à saúde e prevenção de doenças.
Ponto(s)