TÍTULO : Acolhimento com Classificação de Risco à demanda espontânea “ Sem muros, sem barreiras”.
ESPECIALIZANDO : ZOILA GUETHÓN SILVA
ORIENTADOR : TULIO FELIPE VIEIRA DE MELO
Este relato trata-se da experiência de planejar e executar uma estratégia para a implementação do acolhimento à demanda espontânea com classificação de risco pela equipe 57 da ESF de Pompéia, Distrito Norte I, Natal/RN, com o objetivo de melhorar e facilitar o acesso com qualidade da nossa comunidade aos serviços básicos de saude.
Tem sido um desafio desenhar uma estratégia para a implementação do acolhimento à demanda espontânea com classificação de risco, já que nunca foi feito pela UBS. Sabemos que é difícil modificar condutas e práticas estabelecidas há muitos anos, tanto para a UBS, para comunidade e para equipe, mas para melhorar a qualidade e a humanização dos serviços de saude temos que começar a mudar pelo acolhimento.
A nossa equipe tem uma demanda de atendimento muito elevada, com uma população de mais de 6000 pacientes, o que gera dificuldades para o acesso. Na avaliação da AMAQ, na primeira microintervenção, foi um dos principais problemas identificados, e adotamos o acolhimento com classificação de risco como prioridade a ser resolvido.
A microintervenção teve início com as rodas de conversa com toda a equipe, a direção da UBS e integrantes do NASF para definir o problema, as potencialidades e dificuldades na elaboração e execução da estratégia. Avaliamos a necessidade de educação permanente da equipe em quanto a classificação do risco, alguns já conheciam, mas não compreendiam a forma de utilização da mesma em atenção primária. Utilizamos como base cadernos de atenção básica, protocolos e fluxogramas preconizados pelo ministério da saúde (BRASIL, 2011).
Foi pactuado pela equipe que o 60% dos nossos atendimentos seriam de consultas programadas, e 40% para demanda espontânea (consulta do dia ou atendimento de urgência). Todos os pacientes que chegassem na UBS seriam acolhidos e orientados. Também foi feito o levantamento da demanda expontânea e estabelecido os critérios da equipe para a classificação de risco e a identificação de vulnerabilidades, estabelecendo-se a seguinte classificação para os casos de demanda espontânea como:
1.1 Vermelho: Atendimento de Urgência (alto risco de vida);
1.2 Amarelo: Atendimento prioritário (risco moderado)
1.3 Verde: Atendimento no dia (risco baixo ou ausência de risco com vulnerabilidade importante)
2. Situação Não Aguda
2.1 Azul: Agendar para uma consulta eletiva (consulta de enfermagem, médica, em grupo ou visita domiciliar);
Participam do acolhimento a enfermeira, técnica de enfermagem, a médica (quando precisar) e uma ACS “líder reconhecida” pela equipe e comunidade, já que, como sabemos, o acolhimento é um encontro complexo que gera compromissos e eventualmente gera tensões. Como produto das ações realizadas pela equipe, foram confeccionados um banner com a tabela de classificação de risco e cartões de diferentes cores de classificação de risco. Ficou pactuado o monitoramento mensal na reunião da equipe para avaliar os resultados e possíveis soluções.
As principais dificuldades encontradas para a implementação do acolhimento foi o desafio de que nunca foi feito o acolhimento à demanda espontânea com classificação de risco pela UBS; número de usuários elevados para a equipe; a médica só trabalha 32 horas por semana (tendo um dia de especialização) o que diminui a oferta de atendimentos; ainda falta preparo pela equipe para aplicar a classificação de risco, diante da necessidade de trabalhar este tema no momento de educação permanente.
Já as principais potencialidades, encontra-se a motivação da equipe para a execução da estratégia; apoio da direção da UBS e da equipe do NASF; presença do “líder” ACS; aceitação pela comunidade; e a motivação da equipe.
Ainda temos muitos desafios, sabemos que é só o início, nossos primeiros passos, precisamos também avaliar os resultados com toda a equipe e a comunidade, por enquanto melhoramos o acolhimento, oferecemos uma maior resolutividade dos casos avaliados, conseguimos fazer trabalho compartilhado de toda a equipe. Nosso objetivo final é elaborar uma estratégia que permita facilitar o acesso com qualidade da nossa comunidade aos serviços de saude, ao final a população agradece.
ANEXO I:
Classificação de risco para as principais doenças:
❖ Vermelho (Atendimento de Urgência) :
➢ Criança com febre maior de 39ºC;
➢ Doença diarreica aguda com desidratação;
➢ Hipoglicemia;
➢ Asma brônquica com sibilos;
➢ Dor torácica ou abdominal aguda;
➢ Intoxicação aguda;
➢ Crise hipertensiva (PA maior de 180/120);
➢ Gestantes com dor abdominal, sangramentos ou hipertensão arterial.
❖ Amarelo (Atendimento prioritário)
➢ Crianças com febre menor de 39ºC;
➢ Recém nascidos e puérperas;
➢ Doença diarreica aguda sem desidratação;
➢ Hiperglicemia;
➢ Cefaleia tensional e enxaqueca;
➢ Dor abdominal não aguda;
➢ Dor de ouvido;
➢ Dor de garganta;
➢ Dor lombar;
➢ Hipertensão arterial com PA até 179/119;
➢ Urgência oftalmológica “ olho vermelho”;
➢ Urgências odontológicas;
➢ Pacientes com neoplasias.
❖ Verde ( Atendimento no dia, priorizar vulnerabilidade)
➢ Doenças da pele: Impetigo, Erisipela, Herpes Simples, Herpes Soster, Escabiose, Dermatites;
➢ Doenças Sexualmente Transmissíveis;
➢ Sangramento genital anormal ;
➢ Disúria;
➢ Tonturas e vertigem;
➢ Sintomáticos respiratórios de mais de 21 dias.
❖ Azul (agendar consulta eletiva)
➢ Procedimentos administrativos, soliciar e avaliar exames, agendar visitas domiciliares, emitir receituários, tomar vacinas.
Figura 1.
Fonte: Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. 2012.
(Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II).
Figura 2. CARTÕES DE DIFERENTES CORES DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
Referência:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Acolhimento à demanda espontânea/Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2011.
56 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume I).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Básica.–Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 290 p.: il. – (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II)
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