Titulo: Implantação do Acesso Avançado na Unidade Básica de Ivan Bezerra.
Especializando: Yanet Huerta Montana
Orientador: Tulio Felipe Vieira de Melo.
A iniciativa de implantação do acolhimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) Ivan Bezerra partiu da necessidade de organizar a demanda por atendimento, superar filas de espera nas marcações das consultas e favorecer a qualidade na gestão do cuidado das famílias assistidas pelos profissionais desta unidade.
Percebendo-se essa situação agravante do dia a dia da nossa unidade, e sabendo que o processo de trabalho de toda unidade gira em torno do acolhimento decidiu-se realizar uma reunião com todos os integrantes da equipe para iniciar o processo de implantação do acesso avançado com o objetivo de sensibilizar os membros da equipe sobre a importância do acolhimento do atendimento a traves de demanda espontânea para melhoria do acesso da população aos serviços e reorganização do processo de trabalho. Em seguida foram traçadas as estratégias para implantação do mesmo, definindo os papéis de cada integrante da equipe e escolha de um espaço para escuta de acordo com o fluxo da unidade; implantação da estratificação de risco e a avaliação de vulnerabilidade no atendimento a demanda espontânea; realizar orientações aos usuários a respeito do processo de trabalho da equipe q será implantado, do fluxo do cuidado, do tempo de espera e do manejo de cada caso.
O Acesso Avançado (AA) é um sistema moderno de agendamento médico que consiste em agendar as pessoas para serem atendidas pelo médico no mesmo dia ou em até 48 horas após o contato do usuário com o serviço de saúde. Diversos Sistemas Nacionais de Saúde no mundo, tais como Canadá e Inglaterra, por exemplo, implementaram o acesso avançado na Atenção Primaria à Saúde (APS) com o objetivo de melhorar o acesso das pessoas aos cuidados em saúde. O Acesso Avançado tem como objetivos diminuir o tempo de espera por uma consulta médica, diminuir o número de faltas às consultas médicas e aumentar o número de atendimentos médicos da população. Equipes de Saúde da Família, estratégia preconizada pelo Ministério da Saúde como formas de orientação da Atenção Primária no Brasil têm utilizado esse novo sistema com tais objetivos. (1)
Esse modelo visa dar resposta às necessidades de saúde da população, ampliando o acesso das demandas urgentes para o mesmo dia, invertendo uma lógica de agendamento prévio, com grandes períodos de espera. Nesse modelo existe uma distinção entre “demanda espontânea” e “agenda programada”. A definição do que é demanda espontânea não contempla apenas o aspecto biológico, mas depende da necessidade do usuário e da capacidade de resposta da unidade. Nesse modelo, também chamado de “crave-out” ou “primeira geração de acesso avançado”, apenas a “demanda espontânea” terá garantida abreviação do tempo-resposta, enquanto pessoas que procuram o serviço por necessidades não urgentes continuarão tendo suas consultas adiadas para um momento futuro.(1)
Algumas das vantagens ao promover o acesso avançado para os pacientes são agendar de acordo com necessidade (urgência) e no horário de maior disponibilidade para o paciente; atender no horário agendado, diminuindo o tempo de espera; ser atendido pela mesma equipe fortalece o vínculo entre a equipe e a população; fornecer consultas longas, conforme necessário; otimizar o atendimento, evitando encaminhamentos desnecessários entre os profissionais da UBS. (1)
Algumas das vantagens para os profissionais de saúde são: garantir que o seu tempo seja bem utilizado; dar continuidade eficaz e mais rápida a pacientes que já conhecem; reduzir o estresse e finalizar os atendimentos no tempo previsto; promover um bom ambiente de trabalho, fortalecendo a equipe. (1)
Os possíveis benefícios do acesso avançado, para além da redução do tempo de espera por uma consulta, abrangeriam promover a continuidade do cuidado, diminuir as taxas de absenteísmo, aumentar a satisfação de profissionais e usuários, entre outros. No entanto, são atribuídos a esse tipo de sistema de acesso características tais quais a perda da qualidade do seguimento de pacientes com doenças crônicas, a difícil implantação e uma demanda que supera a oferta por serviços de saúde.(2)
Durante o debate houve discrepâncias, pois as consultas programáticas seriam adiadas, pois seria tão lotado cada dia tentando fazer o atendimento no mesmo dia de cada usuário. As agentes de saúde referiram que levavam muito tempo fazendo pesquisas para fazer o cadastramento de pacientes com doenças crônicas, e ajudando na programação de consultas realizadas pelo médico. Que desta forma existia maior controle sobre este grupo de usuários com doenças crônicas.
Explicou-se que o acolhimento é uma prática presente em todas as relações de cuidado, nos encontros reais entre trabalhadores de saúde e usuários, nos atos de receber e escutar as pessoas, podendo acontecer de formas variadas, melhorando desta forma a satisfação da população pois o sistema consiste em oferecer o atendimento às pessoas no mesmo dia em que elas procuram o serviço, ou em até 24 horas. Também se explica que este projeto é um modelo de organização do processo de trabalho que vem sendo amplamente utilizado nas USF, nos diversos municípios do país, é o “acolhimento à demanda espontânea” ou “acolhimento”, que até no momento está dando bons resultados.
O fato de não haver reserva na agenda dos programas não quer dizer que as pessoas deixem de se consultar para revisar sua diabetes, ou acompanhamento de puericultura ou pré-natal, por exemplo. Quando a pessoa hipertensa se consulta por uma infeção respiratória a equipe deve aproveitar a consulta para o cuidado e prevenção da sua doença crônica. O objetivo disso é aproveitar melhor cada encontro com a pessoa e evitar uma consulta programada, fazendo entre um 65% a um 75% de consultas espontâneas e de um 30% a um 35% de consultas programáticas.
Determinou-se que para fazer um bom acolhimento nossa unidade deve-se incentivar mudanças na organização do processo de trabalho para lidar com as necessidades de saúde da população, temos que trabalhar em conjunto baseando nos princípios da atenção primaria como o primeiro contato por exemplo, neste caso refere-se ao fato de ser o primeiro ponto de entrada mais fácil e próximo do usuário, entre outros princípios como são: longitudinalidade, integralidade, coordenação, abordagem familiar e enfoque comunitário.
Para acolher a demanda espontânea com equidade e qualidade se determinará a tarefa a desempenhar de cada integrante da equipe, primeiramente quem vai receber o usuário que chega, como avaliar o risco e a vulnerabilidade desse usuário, o que fazer de imediato, quando encaminhar ou agendar uma consulta médica, que outras ofertas de cuidado além da consulta podem ser necessárias. É fundamental ampliar a capacidade clínica da equipe de saúde, para escutar de forma ampliada, reconhecer riscos e vulnerabilidades e realizar o acionar pertinente.
O acolhimento deve ser visto como dispositivo potente para atender a exigência de acesso e garantir o atendimento qualificado. Para que o mesmo seja mais efetivo se realizarão capacitações dos profissionais para recepcionar, escutar, atender, dialogar, tomar decisão, amparar, orientar e negociar, visando o bem estar do paciente e satisfação dos profissionais de saúde.(3)
Entre toda equipe foi realizado um fluxograma (anexo 1) para realizar o acolhimento. No momento em que o usuário chega à unidade, o mesmo é recebido pela técnica em enfermagem que realiza uma escuta qualificada e o encaminha para o setor referido de acordo com a necessidade do cuidado. De um modo geral, a atividade de acolhimento nesta unidade de saúde fica a cargo da técnica em enfermagem, com a retaguarda do: médico, enfermeiro e odontólogo.
Para melhorar o trabalho da equipe se decidiu fazer uma ficha de acolhimento (anexo 2), onde se registrara o nome do paciente, a queixa por a qual precisa de atendimento médico, de enfermagem ou odontológico, se determinará se precisa de atendimento prioritário, ou serão direcionados para outras ações que são desenvolvidas na nossa unidade, como curativos, medicação, nebulização, vacinação, mensurações para bolsa de família, entre outras atividades.
Já os pacientes que precisam de consultas serão encaminhados para a sala de acolhimento para realizar a escuta com privacidade, e poder registrar as queixas e determinar uma ordem de prioridade para ser atendidos no horário da manhã ou da tarde, desta maneira ficaria mais organizado nosso trabalho. As pessoas que serão atendidas no horário da manha em ordem de prioridade, serão encaminhadas para a sala de espera. Os usuário que vão para atenção médica serão atendidos de 07:00am às 11:00am, dando prioridade ás puericulturas ou pré-natais que haviam sido agendadas para o dia. Sempre deixando o espaço para qualquer urgência ou emergência q chegue á unidade. Na tarde no horário das 13:00 às 15:00 da tarde serão atendidos os pacientes de demanda espontânea que cheguem, com igual classificação que no horário da manhã. No segundo horário das 15:00 às 17:00 serão atendidos os usuários que haviam sido agendados, e se dará lugar também as visitas que sejam solicitadas de demanda prioritária.
Para agilizar os atendimentos médicos a equipe conformou um modelo de RCOP (anexo 3), onde se recolhe todos os dados principais dos pacientes, e registra os dados positivos da anamneses, e os dados positivos ao exame físico por sistema. Assim como um modelo de SOAB (anexo 4), onde se coletam os dados positivos da anamneses (subjetivo), ao exame físico (objetivo), exames e decisões tomadas (avaliação), e diagnóstico e monitoramento (plano).
Tendo como um dos objetivos identificar os pontos positivos observados após a implantação do acolhimento, destacaram-se os seguintes: a universalidade do acesso, a humanização da assistência, a priorização dos casos, a reorganização do processo de trabalho, a possibilidade de uma maior resolutividade do serviço, a ampliação do acesso, a otimização do trabalho da enfermagem, o estímulo ao trabalho em equipe, a resolução dos casos agudos com mais agilidade e o aumento do vínculo entre usuário e equipe.
Dentro das dificuldades encontradas para a implantação do acolhimento se sobressaíram as seguintes: o despreparo dos profissionais, o desconforto de alguns dos pacientes que eram voltados para o atendimento da tarde, ou para o dia seguinte, devido a alta demanda de atendimento, em um intervalo de não mais de 24 para 48 horas para garantir o atendimento.
Apesar das dificuldades, vários pontos positivos após a implantação do acolhimento na Unidade Básica de Saúde para a melhoria da qualidade da assistência e satisfação do usuário. Demonstrou-se também um grande ganho para a equipe em relação á organização do processo de trabalho, pois o acolhimento foi apontado como um dispositivo disparador de mudanças.
Segundo relatos da equipe o acolhimento se tornou essencial ao serviço, pois trouxe mudanças positivas através do trabalho em equipe, centrado nas necessidades do usuário. Ao atuar com foco no usuário e nas necessidades deste, contribuiu para o fortalecimento da relação entre profissional e usuário e para a qualificação da assistência.
O acesso avançado trouxe um desafio, realmente com ele vamos a ter mais trabalho, principalmente no começo no período de adaptação ou implantação dele, mais ele é muito gratificante, ele resgata a possibilidade do cuidar, o que as vezes pode estar perdido, em meio a muita burocracia de agenda. Com ele se quer diminuir ao máximo o número de agendamento, atendendo a todos no mesmo dia, no máximo com um prazo de 48 horas. A meta é oferecer atendimento do total dos usuários que são assistidos na unidade que sejam de demandas urgentes, ou de rotina ou mesmo de prevenção. Realmente será uma experiência muito gratificante para toda equipe, e todos os usuários de nossa unidade.
Anexo 1: Fluxograma:
Usuário que procura a UBS |
Usuário q veio para realização de procedimentos na unidade:
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Usuario que apressenta e deseja consulta medica
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Recepção do paciente |
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Acolhimento com a assistente dental |
Profissional da resposta, separa prontuario e encaminha para acolhimento |
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Usuário encaminhado para o setor correspondente para a realização do procedimento |
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Técnica de enfermagem realiza o acolhimento com classificação de risco e se estabelece uma ordem de prioridade |
Usuario que veio para Consulta odontológica |
Profissional realiza procedimento e orienta usuário. |
Atendimento no segundo horário da tarde
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Atendimento no horário da manhã |
Atendimento de urgencia |
Anexo 2 :
Nome do paciente |
Queixas |
Atendimento de urgência |
Atendimento da manhã |
Atendimento da tarde |
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Anexo #3:
Modelo de RCOP |
Data: |
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Nome completo: |
D/N |
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SUS |
Idade: |
Sexo: |
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Endereço: |
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Município: |
Telefone: (-) |
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# de prontuário: 756 |
Ocupação: |
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APP: |
APF:
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Alergias: |
Altura: |
Peso: |
IMC: |
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Anamneses: |
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Sistemas |
Exame físico por sistemas: |
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Sistema Respiratório: |
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Sistema cardiovascular: |
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Sistema digestivo: |
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Sistema renal |
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Sistema hemolinfopoiético |
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Sistema endócrino: |
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SOMA: |
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SNC: |
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Exames complementários : Data: |
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Impressão diagnostica: |
CID 10 |
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Conduta a seguir: |
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Prognostico: |
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Encaminhamento: |
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Asinatura: |
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Anexo # 4:
Método do SOAB |
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Subjetivo |
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Objetivo |
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Avaliação |
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Plano |
Diagnostico: Terapêutica: Monitoramento Educação em saúde: |
Referencias Bibliográficas:
Ponto(s)