28 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

 TITULO: ESTUDO DA DEMANDA ESPONTÃNEA E PROGRAMADA EN UMA UNIDADE BASICA DE SAUDE NO INTERIOR DE SERGIPE.

ESPECIALIZANDO:YAMILE IRINA SIERRA QUIALA.

ORIENTADORA: MARIA HELENA PIRES ARAUJO BARBOSA.

 

A organização do acesso das demandas espontânea e programada, por meio da reorganização do processo de trabalho é um desafio para as equipes de saúde da família, assim como na unidade básica de saúde em que atuo. Desta forma, há um ano quase todos os atendimentos eram agendados e não tínhamos espaço para atender os usuários que chegavam procurando atendimento na hora, caso não fossem classificados como urgência.

A agenda programada para grupos específicos (pré-natal puericultura, Hiperdia, saúde mental, saúde sexual e reprodutiva) ficava lotada e nossa equipe dava mais prioridade a esses grupos, o que contribuía para que não houvesse espaço para atendimentos que não eram de urgência. Sendo assim, muitos usuários, partindo da necessidade de atendimento, dirigiam-se à Unidade de Pronto Atendimento. Todavia, como eles não eram classificados como urgência, eram encaminhados novamente a Unidade Básica de Saúde e assim esses iam compondo a demanda reprimida.

Tínhamos várias vulnerabilidades como: problemas no acolhimento pois existia pouco conhecimento na hora de acolher os usuários; Dificuldade na hora de identificação e avaliação dos sinais de alerta, vulnerabilidades sociais e epidemiológicas no momento do atendimento. Além disso, existiam dificuldades com equipamentos como glicosímetros, tensiômetros, dentre outros. Contudo, a principal dificuldade era a agenda dos profissionais, uma vez que eram agendados 15 usuários no horário da manhã e 10 à tarde, e diversos usuários ficavam procurando atendimentos quase todos os dias, até conseguir alguma vaga.

Era preciso trabalhar em equipe para resolver problemas objetivos de atendimento, após de verificar que cerca de 95% dos atendimentos eram consultas agendadas e só 5% dos atendimentos eram consultas de urgência. Desta forma, não existia plano para cobrir a demanda espontânea, fato que gerava desconforto na população e muitas reclamações aos gestores.

Foi necessário reorganizar o processo de trabalho com o principal objetivo de implementar a demanda espontânea partindo da necessidade momentânea de atendimento dos usuários e para facilitar o acesso dos usuários aos serviços de saúde. Essa reorganização foi feita num encontro da equipe e a gerência da Unidade Básica de Saúde no início do ano em curso para estabelecer estratégias novas de atendimentos e estabelecer um protocolo de Acolhimento à Demanda espontânea.

Uma das estratégias implantadas foi capacitar o pessoal sobre acolhimento com o objetivo de identificar e avaliar as queixas comuns e sinais de agravamento de doenças e estabelecer ordem nos atendimentos, pois o acolhimento é o primeiro contato do usuário com o profissional e o serviço de saúde. Essa estratégia é importante uma vez que esses profissionais realizam a avaliação clínica dos usuários, principalmente aqueles com doenças crônicas não transmissíveis, e definem a ordem de prioridade de atendimento.

Aperfeiçoar o processo de acolhimento e disponibilizar os equipamentos necessários foi outra das ações feitas pela gestão, mas como nossa principal vulnerabilidade era a agendamento dos profissionais, foi necessário organizar a agenda de maneira a garantir o acesso da demanda programada e demanda espontânea.

Após feitas as adequações sugeridas pelas equipes assistenciais, agora os profissionais têm a possibilidade de agendar 10 usuários no expediente da manhã, tanto para atendimento médico como de enfermagem, e 6 no expediente da tarde. Desse jeito fica espaço aberto para atendimento da demanda espontânea. Ressalta-se que tanto a demanda espontânea quanto a demanda programada são acolhidas a partir do protocolo da classificação de risco para que seja estabelecida a prioridade de atendimento.

 O dia de Hiperdia foi trocado pelo nome de DCNT (Doenças Crónicas não Transmissível) para evitar confusões, pois anteriormente eram agendados só indivíduos com diagnóstico de diabetes e hipertensão, e o resto das doenças crónicas (asma bronquial, epilepsia, transtornos endócrinos metabólicos, artropatias entre outras) ficavam para dia de demanda livre. Isso também contribuía para que fosse formada a demanda reprimida, visto que alguns usuários ficavam procurando atendimento direto por conta das descompensações das doenças, muitas vezes sem possibilidade de atendimento durante o mesmo dia.

Os agentes comunitários de saúde têm um dia especifico e quantidade de usuários de grupos específicos por microáreas para ser avaliados, tanto pela enfermeira como pela médica. Esses usuários não precisam sair das casas para pegar fichas para próximos atendimentos, caso que algum usuário dos grupos específicos precise ser avaliado. Em um curto prazo de dias, o indivíduo é atendido e o retorno é agendado como estratégia da equipe.

Com a implementação do acolhimento da demanda espontânea se conseguiu atender com qualidade as necessidades iniciais do usuário. Foram diminuídos os números de atendimentos por demanda programada e os atendimentos de urgência, além dos encaminhamentos da unidade de pronto atendimento do município para atenção básica. Além disso, se alcançou maior organização de processo de trabalho e com ele melhor aproveitamento da agenda médica e de enfermagem. Melhorou o acesso, a oferta de serviços e se alcançou melhor resposta para os problemas por meio do atendimento qualificado. Na atualidade existe maior resolutividade nas necessidades do usuário na atenção básica.

Após a reestruturação do atendimento da demanda espontânea e programada, a população tem mais educação com relação a suas necessidades de saúde e suas doenças, além de fatores de risco que ficam expostos. O nível de satisfação da população em relação ao serviço aumentou e há a avaliação é feita por meio de questionários aplicados pelos agentes comunitários de saúde nas microáreas. Atualmente existem poucas queixas e reclamações, tanto na gerencia de unidade básica de saúde quanto na gestão municipal.

 

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