23 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO II: Melhorias no Acolhimento e implantação do acesso avançado na

UBS Parque dos Coqueiros

ESPECIALIZANDO: Wlysses Jhonatas Abreu Tavares

ORIENTADOR: Túlio Felipe Vieira de Melo

 

A atenção básica, hoje um dos eixos estruturantes do SUS, vive um momento especial ao ser assumida como uma das prioridades do Ministério da Saúde e do Governo Federal. Os principais desafios atuais, relativos ao acesso e acolhimento, à efetividade e resolutividade das suas práticas, ao recrutamento, provimento e fixação de profissionais, à capacidade de gestão/coordenação do cuidado e, de modo mais amplo, às suas bases de sustentação e legitimidade social (Ministério da Saúde, 2013).

O acolhimento é a capacidade da captação das queixas e angustias do usuário e a interação da equipe de saúde a fim de concretizar ações e medidas para satisfazer as necessidades do usuário. Nos serviços de saúde, os acolhimentos são considerados como processo de relações humanas e devem ser realizados por todo os trabalhadores de saúde em todos os setores de atendimento. Não se limita ao ato de receber, mas constitui uma sequência de atos e modos que compõem o trabalho em saúde (FRACOLLI e ZOBOLI, 2004).

No processo de acolhimento, as equipes de saúde da atenção básica têm que estar abertas para perceber as peculiaridades de cada situação que se apresenta, buscando agenciar os tipos de recursos e tecnologias (leves, leve-duras e duras) que ajudem a: aliviar o sofrimento, melhorar e prolongar a vida, evitar ou reduzir danos, (re)construir a autonomia, melhorar as condições de vida, favorecer a criação de vínculos positivos, diminuir o isolamento e abandono. A atenção básica, para ser resolutiva, deve ter tanto capacidade ampliada de escuta (e análise) quanto um repertório, um escopo ampliado de ofertas para lidar com a complexidade de sofrimentos, adoecimentos, demandas e necessidades de saúde às quais as equipes estão constantemente expostas. Paradoxalmente, aqui reside o desafio e a beleza do trabalho na atenção básica e, ao mesmo tempo, algumas chaves para sua efetivação e legitimação na sociedade. Neste contexto, o “acolhimento” é um dos temas que se apresentam com alta relevância e centralidade. ²

Para iniciar o Acesso Avançado fizemos diversos processos de capacitação com todas as equipes da Unidade Básica de Saúde Parque dos Coqueiros. Nessas reuniões ficou acordado que dividiríamos o acolhimento por equipes, onde cada equipe ficará responsável por um dia da semana e na sextas-feiras ocorrerá um revezamento entre as equipes. Essa estratégia trouxe grandes melhorias no apoio às demandas espontâneas da população que agora passa a ser acolhida e ouvido as queixas pelos agentes comunitários de saúde e transferidos primeiro para as técnicas de enfermagem, que irão fazer o segundo passo do atendimento e classificação de risco. Se as técnicas de enfermagem não forem capazes de dar resolubilidade ao caso, as mesmas encaminham para a enfermeira que será responsável pelo terceiro passo do atendimento. Se a enfermeira não conseguir resolver o caso então é encaminhado para o médico do acolhimento que será responsável pela resolubilidade das queixas e agravos de saúde do usuário.

Com o avançar do processo de Acesso Avançado, divulgação e empoderamento da população às mudanças, uma das equipes, a equipe 88, que é a equipe com menor demanda reprimida devido nunca ter ficado um periodo sem médico, e tem liderado 100% dos atendimentos clínicos através de demanda espontânea e agendamentos apenas de paciente com doenças crônicas. As demais equipes estão em processo de desmame reduzindo gradualmente os agendamentos. No início a população estranhou a modificação mas agora já está adaptada e é nítida a melhora no atendimento e a satisfação do usuário na resolutividade dos casos. Ainda enfrentamos grandes dificuldades com alguns profissionais que não possuem muita destreza e delicadeza para atuar frente ao acolhimento. 

Enfim, o acolhimento é sem dúvidas a porta de entrada do usuário ao atendimento e a nossa função como prestadores de um serviço de qualidade, é não barrar e/ou limitar o acesso ao atendimento. Devemos responder aos anseios de modo criativo explorando ao máximo as tecnologias e as habilidades que possuímos para resolver as questões que surgirem. Atuando dessa forma, pode-se observar que com o início da implantação do acesso avançado a demanda reprimida, evidenciada pelas grandes filas e reclamações cotidianas dos usuários, tem diminuido.

 

 

Referências

FRACOLLI, L.A; ZOBOLI, E.L. Descrição e analise de “acolhimento”: uma contribuição para o programa de saúde da família. Revista da Escola de Enfermagem da USP, V.38, N2. P 143, 2004.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – 1. ed.; 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

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