11 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

 

TÍTULO: MICROINTERVENÇÃO SOBRE O ACOLHIMENTO À DEMANDA ESPONTÂNEA E PROGRAMADA NO MUNICÍPIO DE TOBIAS BARRETO (SE).

 

ESPECIALIZANDO: WEDJA CARLA DO CARMO

 

ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO

 

COLABORADORES: MURIEL LIMA DO NASCIMENTO; FLAVIA EMÍLIA TEODOZIO NUNES

 

 

Acolher é dar acolhida, admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito, agasalhar, receber, atender, admitir. O acolhimento expressa uma ação de aproximação, um “estar com” e um “estar perto de”, ou seja, uma atitude de inclusão, de estar em relação com algo ou alguém. É uma tecnologia leve, de uso das equipes na sua relação com o usuário e que se propõe a inverter a lógica de organização e funcionamento do serviço de Saúde, partindo dos seguintes princípios: garantir acessibilidade universal, reorganizar o processo de trabalho com base em uma equipe multiprofissional e qualificar a relação trabalhador-usuário (BRASIL, 2013).

O acolhimento é uma das diretrizes da Política Nacional de Humanização(PNH). Ela foi criada em 2003, com intuito de gerar mudanças necessárias na atenção à saúde. Este dispositivo abre espaços para a interação entre a equipe de saúde da família e os usuários da atenção básica, entre os componentes da equipe, e entre os próprios usuários, através da recepção e escuta inicial, direcionamento e tentativa de resolução do problema (BRASIL, 2004).

A implantação do acolhimento da demanda espontânea “pede” e provoca mudanças nos modos de organização das equipes, nas relações entre os trabalhadores e nos modos de cuidar. Para acolher a demanda espontânea com equidade e qualidade, não basta distribuir senhas em número limitado (fazendo com que os usuários formem filas na madrugada), nem é possível (nem necessário) encaminhar todas as pessoas ao médico (o acolhimento não deve se restringir a uma triagem para atendimento médico).

Organizar-se a partir do acolhimento dos usuários exige que a equipe reflita sobre o conjunto de ofertas que ela tem apresentado para lidar com as necessidades de saúde da população, pois são todas as ofertas que devem estar à disposição para serem agenciadas, quando necessário, na realização da escuta qualificada da demanda. É importante, por exemplo, que as equipes discutam e definam (mesmo que provisoriamente) o modo como os diferentes profissionais participarão do acolhimento. Quem vai receber o usuário que chega; como avaliar o risco e a vulnerabilidade desse usuário; o que fazer de imediato; quando encaminhar/agendar uma consulta médica; como organizar a agenda dos profissionais; que outras ofertas de cuidado (além da consulta) podem ser necessárias etc. Como se pode ver, é fundamental ampliar a capacidade clínica da equipe de saúde, para escutar de forma ampliada, reconhecer riscos e vulnerabilidades e realizar/acionar intervenções.” Esse conceito é importante para modificar o modo de trabalho das equipes (BRASIL, 2013).

Na equipe do PSF 11 em Tobias Barreto/Sergipe, existem apenas 3 trabalhadores que são constantes nos diversos locais de atendimento, a médica, a enfermeira e a auxiliar de enfermagem, os atendimentos não são fixos em uma ou duas localidades. Normalmente atende-se em 3 Unidades Básicas de Saúde(UBS), em que os espaços são reduzidos e vários pacientes aguardam o atendimento do lado de fora, ou atende-se em escolas desativadas e pequenos domicílios alugados pela prefeitura.

Essa situação dificulta o processo de acolhimento, deixando a população e a equipe impaciente e irritada, e vai de encontro com os preceitos básicos do acolhimento, pois no campo da Saúde, o termo acolhimento é identificado como uma dimensão espacial, uma recepção formal com ambiente confortável, mas também uma ação de organização administrativa e repasse de encaminhamentos para serviços especializados. Há três formas de defini-lo: enquanto postura – a postura acolhedora da equipe; enquanto processo de trabalho – diretriz reorganizadora do processo de trabalho; e enquanto ferramenta – instrumento para promover o vínculo, acessibilidade, universalidade e humanização em um espaço de recepção para a escuta qualificada (SAVASSI, 2011).

Para a melhoria do processo de acolher, alguns componentes da equipe se reuniram tentando criar uma melhor maneira de implanta-lo em alguns locais de atendimento, mesmo sob diversidade.

Além da estrutura, a maior dificuldade encontrada é o interesse e comprometimento dos componentes da equipe. Em sua maioria, trabalhando há anos na mesma equipe qualquer novidade ou mudança na forma de trabalho cria um ambiente de tensão e insatisfação ao qual temos que contornar.

Foi definido quais atores acolherão os pacientes em cada localidade e como deverá ser realizado. Foi estabelecido um horário de acolhimento e estabelecida a quantidade de fichas de demanda programada e espontânea, esta baseada nas necessidades da comunidade. Por exemplo, nesta época do ano os casos de gripe e resfriados se acumulam, então o acolhimento classifica quais casos necessitam de atendimento médico. Caso o paciente necessite de tratamento de urgência, o mesmo será encaminhado a unidade de pronto atendimento mais próxima, já que as Unidades Básicas de Saúde e os demais locais em que trabalhamos, não possuem instrumentos básicos para intervir.

Foi percebido que nos locais onde foi implantado o acolhimento, mesmo que de forma simples, a qualidade do atendimento melhorou, tornando mais ágil o modo de trabalho da equipe e interagindo com maior firmeza com a população.

 

 

Referências Bibliográficas

 

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção domiciliar. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: política nacional de humanização: documento base para gestores e trabalhadores do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

 

SAVASSI, L. C. M. Iniciação à prática de ESF. Faculdade Senac: Belo Horizonte, 2011.

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