Titulo: O acolhimento uma prioridade para minha equipe.
Especializando: Sandor Miguel Fenollar Acosta
Tutor: Janio Rodrigues Rego.
Em setembro de 1978 foi realizada a primeira Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, organizada pela OMS e UNICEF em Alma-Ata, capital do Kazaquistão. A Conferência foi assistida por mais de 700 participantes e resultou na adoção de uma Declaração que reafirmou o significado da saúde como um direito humano fundamental e uma das mais importantes metas sociais mundiais (MENDES, 2004).
No Brasil a Reforma Sanitária buscou garantir a saúde como um direito do povo brasileiro, com equidade e acesso universal a um sistema público de saúde, solidário e inclusivo. (BRASÍLIA 2014).
Tempos depois, a Constituição da República anunciou as garantias para sistematizar as ações e os serviços de saúde inscritos pela universalidade do acesso, equidade e integralidade da assistência em um Sistema Único de Saúde (SUS), (MITRE, 2012).
A Atenção Primária à Saúde (APS), adquire importância nesse contexto, pois durante os anos que se seguiram à criação do SUS, tornou se a principal estratégia do Estado Brasileiro para fazer valer o princípio da universalidade. Para tanto, investiu-se na constituição de equipes multiprofissionais mais próximas da população, capazes de cuidado mais integral e longitudinal, numa lógica de corresponsabilidade entre o profissional cuidador e o cidadão sujeito do cuidado, por meio, hoje com nome Estratégia Saúde da Família (ESF), criada na década de 1990, bem como por um conjunto de políticas implantadas nacionalmente (MENEZES et al, 2017).
A Política Nacional de Humanização do SUS estabelece o acolhimento como um dos processos constitutivos das práticas de produção e promoção da saúde (GUERRERO et al, 2013). O acolhimento tem se configurado como uma das principais diretrizes operacionais para assegurar e materializar os princípios do SUS, particularmente os da integralidade da atenção à saúde, universalização do acesso e equidade (GUERRERO et al, 2013).
Por estas razões que conheci com o estudo da literatura científica utilizando os portais de busca recomendados pelo curso, motivado também pelo estudo do módulo a necessidade de aperfeiçoar o trabalho, discutir com minha equipe os aspectos relacionados ao acolhimento, reconhecendo que na nossa UBS não existe estratégia de acolhimento efetiva.
O atendimento realiza-se por ordem de chegada, a maior parte das consultas são agendadas e programadas, só duas ou três vagas são destinadas diariamente para a demanda espontânea, não existindo um equilíbrio entre as ações programáticas e o atendimento à demanda espontânea. A marcação de consultas se faz por meio dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), constituindo-se uma barreira para conseguir a consulta com o médico, já que a UBS fica em uma área rural por isso é mais difícil o acesso dos pacientes. Vale ressaltar que a assistência é centrada só no médico pois a enfermeira não realiza todo seu potencial técnico, ademais a auxiliar de enfermagem limita-se as atividades próprias da sua função, ela tem o primeiro contato com o paciente na verificação de sinais vitais, pois não se realiza uma escuta adequada. Na maioria das vezes não tem avaliação as necessidades e riscos dos pacientes para garantir um fluxo segundo as necessidades de cada um deles, já que muitas vezes poderia ser resolvida sua situação pela enfermeira sem necessidade de atendimento pelo médico. Por não haver uma classificação do risco isso vai de contra as prioridades dos pacientes.
Durante a reunião da equipe também se abordou a necessidade de qualificar todos os trabalhadores da UBS, incluindo auxiliar de serviços gerais, vigilante, recepcionistas, para praticarem uma postura capaz de acolher, escutar e acordar respostas mais adequadas aos usuários que procuram nossos serviços de saúde, ou qual foi incluído em nossas ações a partir de uma reunião com o diretor da UBS.
Além de que, acordamos uma capacitação para equipe sobre protocolos de classificação de risco, realizar um levantamento das demandas mais comuns de nossa área e assim estabelecer a ordem de prioridades. Devemos utilizar cartões de cartolina coloridos para informar aos pacientes sobre a ordem do atendimento de acordo as prioridades. A escuta inicial será realizada pela técnica de enfermagem com a minha supervisão e da enfermeira. Depois devemos debater um acordo para essa implantação com a comunidade, para tanto, realizaremos reunião com seus líderes, palestras na sala de espera da UBS, e os ACS informarem nas visitas domiciliares.
Os debates evidenciaram que temos possibilidade de implementar o acolhimento com sucesso, tendo como a motivação e compromisso dos membros da equipe e sua capacitação com o estudo do módulo.
Penso que a equipe com esforço e muito trabalho vá conseguir trocar a realidade em relação ao acolhimento da população para uma relação acolhedora e humanizada com um maior vínculo entre a equipe e a população, melhorar o acesso das consultas, redução do tempo de espera por uma consulta, melhor qualidade, equidade, integralidade das consultas. Com a satisfação dos usuários e dos membros da equipe.
REFERÊNCIAS
MENDES, Isabel Amélia Costa. Desenvolvimento e saúde: a declaração de Alma-Ata e movimentos posteriores. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto , v. 12, n. 3, p. 447-448, June 2004 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692004000300001&lng=en&nrm=iso>. access on 09 July 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692004000300001.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Projeto Promoção da Saúde. As Cartas da Promoção da Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Projeto Promoção da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
MITRE, Sandra Minardi; ANDRADE, Eli Iola Gurgel; COTTA, Rosângela Minardi Mitre. Avanços e desafios do acolhimento na operacionalização e qualificação do Sistema Único de Saúde na Atenção Primária: um resgate da produção bibliográfica do Brasil. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 17, n. 8, p. 2071-2085, Aug. 2012 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012000800018&lng=en&nrm=iso>. access on 09 July 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012000800018.
MENEZES, Erica Lima Costa de et al. Modos de produzir cuidado e a universalidade do acesso na atenção primária à saúde. Saude soc., São Paulo, v. 26, n. 4, p. 888-903, Dec. 2017 Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902017000400888&lng=en&nrm=iso>. access on 09 July 2018. http://dx.doi.org/10.1590/s0104-12902017170497.
GUERRERO, Patricia et al . O acolhimento como boa prática na atenção básica à saúde. Texto contexto – enferm., Florianópolis , v. 22, n. 1, p. 132-140, Mar. 2013 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072013000100016&lng=en&nrm=iso>. access on 09 July 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072013000100016.
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