15 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

 

TÍTULO: ESTUDO DO PERFIL DA DEMANDA ESPONTÂNEA E PROGRAMADA DA UBS GETÚLIO SAVIO SOBRAL.

 

ESPECIALIZANDO: ROSA MARLIE JARROSAY FROMETA

 

ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO

 

 

Na atenção básica, entre os seus desafios atuais, destacam-se aqueles relativos ao processo de acolhimento, a efetividade das suas práticas, ao recrutamento, à capacidade de gestão /coordenação do cuidado e, modo mais amplo, as suas bases de sustentação social. A estratégia hoje apresentada como política nacional, foi criada com o objetivo de fortalecer a Atenção Primária, no redirecionamento do modelo assistencial vigente (GUSSO; LOPES, 2012).

A organização do acolhimento a demanda espontânea e dos marcadores de saúde surge como uma estratégia de ampliação da oferta de consulta médica, enfermagem, odontologia e os demais profissionais do Núcleo de Apoio da Saúde da Família que compõem a carta de serviços do município. Assim o acolhimento possibilitará escuta das queixas, a identificação dos riscos/vulnerabilidade e a responsabilização pela resposta ao problema de saúde dos usuários, através de ações e práticas de saúde interdisciplinares. O acolhimento do usuário pauta-se em ações de promoção, prevenção e assistência para vincular o usuário à equipe de saúde da Família (BRASIL, 2013).

O acolhimento constitui uma forma de humanizar e organizar o trabalho em saúde, indo ao encontro das propostas da Estratégia da Saúde da Família (ESF). A equipe de ESF do município de Itaporanga D´Ajuda identificou que a demanda dos usuários por consultas médicas imediatas, se não correspondida, conduzia a riscos potenciais à saúde como a automedicação, sendo também importante motivo para faltas a consultas marcadas, o que congestionava ainda mais os agendamentos. Este trabalho visou descrever a implantação do acolhimento como forma de organização do trabalho em saúde da ESF. O acolhimento foi visto pelos profissionais da equipe envolvida como parte constituinte do trabalho da ESF. Para estes, o acolhimento deve ser realizado por cada membro da equipe, ouvindo os usuários e oferecendo respostas para suas necessidades (GOI, E. et al., 2017).

A Esfera de gestão é municipal e a Unidade de Saúde Itaporanga d´Ajuda acaba sendo uma referência para os pacientes do município, pois, não possuímos hospital. A grande maioria dos habitantes não possui automóvel o que dificulta o deslocamento dos mesmos até o recurso. A Unidade conta com serviços de um Clínico Geral que atende Atenção Básica sendo realizado encaminhamentos para diversas especialidades em municípios da região.

Tendo como objetivo geral relatar a vivência da Implantação ao acolhimento de demanda espontânea, deparamo-nos com os desafios de construir um modelo de atenção que consiga responder às necessidades de saúde da população, garantindo o acesso aos serviços e a oferta de uma atenção integral de boa qualidade. Nesse sentido, torna-se de fundamental importância reorganizar as práticas de saúde e os processos de trabalho da equipe de saúde pautado no que é preconizado nos documentos oficiais do Ministério da Saúde para garantir qualidade do acesso e da Atenção Básica. Para isso, organizou-se o agendamento das consultas pautado no estudo da demanda e fluxogramas de atendimento de enfermagem, consultas médicas e odontológicas de saúde.

A equipe sentia necessidade de mudanças no recebimento dos pacientes, no qual em uma das reuniões rotineiras a técnica de enfermagem sugeriu agendamento com horário marcado, onde após discussão a equipe aderiu à proposta. Verificou-se a necessidade de se implantar do acolhimento da demanda espontânea, sabendo a importância do mesmo para a qualidade do desenvolvimento do programa PMAQ.

A partir da aplicação do Instrumento de Autoavaliação da Qualidade do Acesso e da Atenção Básica (AMAQ), identificaram-se ações importantes que não eram realizadas pela equipe, por exemplo: reuniões de equipe, educação permanente, discussão de casos, trabalho de prevenção e promoção de saúde, acolhimento a demanda espontânea agendamento, interações NASF e SF etc.

Foi percebida a necessidade de mudanças na forma de agendamento de consultas, pois os pacientes eram agendados para o turno e atendidos por ordem de chegada, com distribuição de fichas, sobrecarregando e tumultuando o início de cada turno e deixando vago outros horários, prejudicando o andamento das atividades do dia e fazendo com que os pacientes tivessem que esperar por bastante tempo.

Pensando em uma melhor organização do serviço e comodidade para os pacientes, organizou-se a agenda médica, enfermagem e odontológica com horário marcado. A agenda foi organizada pela Técnica de Enfermagem e a Recepcionista.

Em relação à agenda de consulta médica foi organizada no formato mensal. O agendamento acontece na recepção da Unidade de Saúde no horário de atendimento disposta de forma que no período da manhã inicia com 07 consultas médicas agendadas com hora marcada, 5 consultas de retorno e 03 consultas extras para urgência e emergência. No período da tarde inicia com, 5 consultas de retorno, 08 consultas médicas agendadas com hora marcada e 03 consultas extras para urgência e emergência.

As consultas agendadas terão um intervalo de meia hora, no qual será possível encaixar entre elas as consultas de urgência e emergência, tendo o cuidado com os horários evitando atrasos que prejudicam os pacientes que agendaram consulta. Os prontuários dos pacientes com consulta agendada serão levados para o consultório médico com ficha identificando o número e horário da consulta. As consultas de retorno serão identificadas com ficha consulta retorno e as consultas extras serão identificadas com números e escritas consulta de urgência.

Em relação a agenda da odontologia, os agendamentos são feitos toda segunda-feira pela manhã (para a semana seguinte) e os casos de urgência serão atendidos logo que informados pelo paciente, após o preenchimento de uma ficha de urgência odontológica, conforme protocolo da Equipe de Saúde Bucal.

Em relação à agenda do NASF foi organizada de forma que fosse ofertada a população outras possibilidades de atenção, para disponibilizar ações e práticas de saúde com uma visão integral e interdisciplinar, de modo que os usuários são direcionados para o profissional desejado.

A divulgação da nova proposta de agendamento e serviços foi feita para toda comunidade através do informativo mensal, entregue pelas ACS do mês, onde esclareceram a nova agenda de consulta médica.

Antes da implantação do Acolhimento da demanda espontânea o médico realizava em torno de 35 consultas diárias e os pacientes aguardavam por longos períodos. Após a implantação, pode-se perceber que o tempo de espera reduziu e a quantidade de consultas médicas também. Introduziu-se ainda a consulta de enfermagem, que possibilita a escuta e identificação dos agravos de saúde. Além disso, contribui na organização diária e otimiza a oferta de outros serviços, tais como: nutricionista, fisioterapeuta, dentista, médico, fonoaudióloga ou psicóloga, fazendo com que o número de consultas médicas diminuísse por meio do encaminhamento adequado, que nem sempre é a consulta médica imediata.

 Portanto, podemos dizer que o acolhimento na Unidade de Saúde de Itaporanga D´Ajuda  se deu de forma enriquecedora, o que gerou mobilização e compromissos coletivos culminando com uma melhora significativa da qualidade dos serviços ofertados, quais sejam: ampliação do acesso dos usuários aos serviços da unidade, humanização das relações em serviço, potencialização do conhecimento e contribuição com o trabalho em equipe.

 

Referências

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 56 p. (Cadernos de Atenção Básica; n. 28, v. 1).

 

GOI, E. et al. Demanda espontânea em uma estratégia da saúde da família: uma experiência vivenciada. Salão do Conhecimento, [S.l.], set. 2017. ISSN 2318-2385. Disponível em: <https://publicacoeseventos.unijui.edu.br/index.php/salaoconhecimento/article/view/7649>. Acesso em: 14 jul. 2018.

 

GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade: Princípios, Formação e Prática. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. v 1.

 

 

 

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