TÍTULO: ACOLHIMENTO À DEMANDA ESPONTÂNEA E PROGRAMADA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE SANTO AMARO DAS BROTAS (SE)
ESPECIALIZANDO: RAFAEL CINTRA ALCOLEA
ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO
O acolhimento teve seu início com as propostas de reorientação da atenção à saúde, sendo o mesmo peça chave para a reorganização da assistência em diversos serviços de saúde, direcionando a modificação do modelo tecno-assistencial. (APARECIDA, 2011)
O modelo assistencial de saúde do Brasil, da maneira como tem sido implementado, a partir da Reforma Sanitária, iniciada nos anos 80, contempla a assistência integral à saúde e a unificação das ações curativas e preventivas. Esse modelo requer um novo perfil de trabalhadores em saúde, bem como a especificação de qual serviço oferecer aos usuários. Entretanto, embora os avanços conquistados no setor da Saúde com as novas políticas de saúde, percebe-se, ainda, a necessidade de mudanças nos próprios serviços em que a assistência à saúde é produzida e disponibilizada, para que tais objetivos propostos pelas políticas em saúde sejam alcançados (BENEVIDES; PASSOS, 2005).
O acolhimento sugere a inversão da lógica de organização e funcionamento do serviço de saúde, com base na oferta de atendimento a todas as pessoas que o procuram. Ele está baseado em três princípios: acessibilidade universal; reorganização do processo de trabalho descentralizando, para formação de uma equipe multiprofissional; e a qualificação da relação profissional-usuário a partir de métodos humanitários de solidariedade e cidadania (CAMPOS et al., 2009).
O acolhimento favorece a concepção de uma ligação de confiança e compromisso dos usuários com a equipe e os serviços, sendo uma ação fundamental para a humanização do SUS e depende unicamente dos profissionais inseridos na rede de Atenção Básica (APARECIDA, 2011)
O acolhimento deve ser visto como um dispositivo potente para se atender os princípios e diretrizes estabelecidas pelo SUS, pois o mesmo facilita a acessibilidade, favorece o desenvolvimento de vínculo entre equipe e população. Baseado nele pode-se questionar o processo de trabalho e ressalta a integralidade, dentre outros benefícios que identificaremos no decorre deste trabalho (SOUZA et al., 2008).
Acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), que não tem local nem hora certa para acontecer, nem um profissional específico para fazê-lo: faz parte de todos os encontros do serviço de saúde. O acolhimento é uma postura ética que implica na escuta do usuário em suas queixas, no reconhecimento do seu protagonismo no processo de saúde e adoecimento, e na responsabilização pela resolução, com ativação de redes de compartilhamento de saberes. Acolher é um compromisso de resposta às necessidades dos cidadãos que procuram os serviços de saúde. (APARECIDA, 2011)
Para se implantar um acolhimento efetivo nas diversas unidades deve-se partir do principio da própria falta de conscientização dos profissionais da atenção básica de saúde quanto à importância do acolhimento e o não reconhecimento dos mesmos dos benéficos adquirido com a realização do acolhimento, esta problemática deve ser trabalhada como ponto de partida. (APARECIDA, 2011)
Pelo anteriormente falado encaminhamos nosso trabalho a obter base teórica para sensibilizar e mobilizar os colaboradores de minha equipe para praticar um melhor acolhimento.
Como ponto de partida nossa equipe de saúde analisou como está sendo feito o atendimento no serviço: qual o “caminho” do usuário desde que chega ao serviço de saúde, por onde entra, quem o recebe, como o recebe, quem o orienta, quem o atende, para onde ele vai depois do atendimento, enfim, todas as etapas que percorre e como é atendido em cada uma dessas etapas.
Para representação de um padrão de fluxos dos usuários na unidade básica de saúde, foi construído um fluxograma com base nas linhas guias da secretaria de estado de a saúde e adaptado à realidade da atenção primaria a saúde de Santo Amaro e, portanto, devem ser considerados no momento do acolhimento:
Usuário procura UBS |
Usuário veio para realização de procedimento ( vacina, exames, curativo, inalação, medicamento, etc) |
Usuário apresenta um problema e deseja consultar-se |
Usuário e encaminhado ao setor correspondente para realização de procedimento |
Profissional da recepção separa prontuário e encaminha ao acolhimento |
Profissional realiza procedimento e orienta o usuário |
Profissional realiza acolhimento com classificação de risco segundo protocolo da unidade |
Resolve |
Encaminha |
Cria vínculo |
Profissional da recepção recebe e escuta |
Fluxograma do acolhimento à demanda espontânea (CASTRO e SHIMAZA-KI, 2006).
A partir dessa reunião nossa equipe determinou que pode haver mudanças na entrada, na sala de espera, por exemplo, para que haja um profissional de saúde que acolha o usuário antes da recepção, forneça as primeiras orientações e o encaminhe para o local adequado.
A recepção também pode mudar, utilizando-se a classificação de risco, ela não tem com objetivo definir quem vai ser atendido ou não, mas define somente a ordem do atendimento com plena parceria com os enfermeiros da equipe.
A classificação de risco é feita por enfermeiros, de acordo com critérios pré-estabelecidos em conjunto com os médicos e os demais profissionais. A classificação de risco não tem como objetivo definir quem vai ser atendido ou não, mas define somente a ordem do atendimento. Todos são atendidos, mas há atenção ao grau de sofrimento físico e psíquico dos usuários e agilidade no atendimento a partir dessa análise. Os usuários que têm sinais de maior gravidade, aqueles que têm maior risco de agravamento do seu quadro clínico, maior sofrimento, maior vulnerabilidade e que estão mais frágeis tem uma maior prioridade no atendimento.
Também um pós-consulta, ou seja, uma orientação ao usuário depois da consulta, a partir do encaminhamento que tiver sido feito na consulta.
Matriz do Acolhimento com Classificação de Risco da Unidade de Atenção Primária à Saúde de Santo Amaro
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O que |
Resultado Esperado |
Resultado do Processo |
Onde |
Quando |
Quem |
Instrumento de Referência |
Registro |
Recepção |
Recebimento e acolhimento do usuário, identificação do problema que levou a procurar a unidade, encaminhamento de acordo com fluxograma e atualização das informações do prontuário. |
Realização de um atendimento de acordo com critérios clínicos estabelecido no protocolo de acolhimento da Unidade Santo Amaro, no ponto de atenção certo, no tempo certo e de forma segura, ética e com qualidade. |
Na recepção da UBS Santo Amaro |
De 7:00 às17:00 Segunda a sexta feria |
Enfermeira |
-Protocolo de atendimento -Fluxograma |
Caderno de registro e Prontuário |
Classificação de Risco |
Priorização do atendimento de acordo com critérios clínicos no tempo adequado e não por ordem de chegada |
Nos consultórios de realização do acolhimento |
De 7:00 às17:00 Segunda a sexta feria |
Enfermeira e Medico |
Protocolo de acolhimento da UBS Santo Amaro |
Prontuário familiar, fichas de produção do acolhi- mento e de acompa- nhamento familiar |
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Assistência |
Assistência com priorização do atendimento de acordo com critérios clínicos no local, com tratamento e custos adequados |
Nos consultórios e salas da UBS |
De 7:00 às17:00 Segunda a sexta feria |
Medico |
Protocolo |
Prontuário, caderno de registro |
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Encaminhamen- to |
Encaminhamento de um paciente para outro ponto de atenção, podendo ser interna ou externa, de forma segura. |
Nos consultórios e salas da UBS |
De 07:00 às 17:00h, de segunda a sexta feria sempre que necessário |
Auxiliar adminis- Trativa |
Protocolo |
Prontuário familiar e receituário |
Nossa maior potencialidade é que contamos com o capital humano necessário para cumprir a tarefa desde nossa recepção até o motorista que traslada os pacientes; todos eles integram o processo de acolher.
O trabalho todo teve muita importância porque potencializa a organização e o direcionamento da assistência, qualificando a utilização dos diversos recursos existentes, valoriza cada colaborador em sua individualidade, pois pode e deve ser praticado por todos para que seja alcançado o objetivo esperado, ele descentraliza as ações e aprecia a autonomia. As possibilidades de melhorar o acolhimento são muitas e o importante é que as melhorias sejam feitas com a participação de toda a equipe que trabalha no serviço.
Referências
APARECIDA, S.T. Os benefícios do acolhimento na atenção básica de saúde: uma revisão da literatura. Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família. UFMG, 2011.
BENEVIDES, R.; PASSOS, E. Humanização na saúde: um novo modismo? Interface – Comunicação, Saúde e Educação. v. 9, n. 17, p. 389-406, 2005. >. Acesso em: 19 mai. 2018.
CAMPOS, J.S; ARAÚJO, V.R; ANDRADE, F.B; SILVA, A.C.O. Acolhimento na Atenção Básica em Saúde: O Passo para Integralidade. João Pessoa-PB; 2009. Disponível em: < http://www.abeneventos.com.br/SENABS/cd_anais/pdf/id74r0.pdf>. Acesso em: 19 mai. 2018.
CASTRO, A. J. R.; SHIMAZAKI, M. E. Protocolos clínicos para unidades básicas de saúde. Belo Horizonte: Editora Gutenberg, 2006.
SOUZA, E.C.F; VILAR, R.L.A; ROCHA, N.S.P.D; UCHOA, A.C.U; ROCHA, P.M.R. Acesso e acolhimento na atenção básica: uma análise da percepção dos usuários e profissionais de saúde. Cad. Saúde Pública vol.24 suppl.1 Rio de Janeiro 2008. Acesso em: 19 mai. 2018.
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