21 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

TÍTULO: APERFEIÇOAMENTO DO ACOLHIMENTO PARA ORGANIZAÇÃO DA DEMANDA NA UBS DO POVOADO SÃO MATEUS EM GARARU (SE).

ESPECIALIZANDO: OSVALDO SOTOLONGO HERNÁNDEZ

ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO

 

Nesta microintervenção vamos a falar sobre o aperfeiçoamento da equipe básica de saúde para implantar o acolhimento, mas antes de começar devemos de conhecer alguns aspectos relacionados com o acolhimento. Primeiro, o que entendemos por “acolhimento”?

Acolher é dar acolhida, admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito a, agasalhar, receber, atender, admitir. O acolhimento como ato ou efeito de acolher expressa em suas várias definições, uma ação de aproximação, um “estar com” e um “estar perto de”, ou seja, uma atitude de inclusão (FERREIRA, 1975).

Essa atitude implica, por sua vez, estar em relação com algo ou alguém. É exatamente nesse sentido, de ação de “estar com” ou “estar perto de”, que queremos afirmar o acolhimento como uma das diretrizes de maior relevância ética/estética/política da Política Nacional de Humanização do SUS (BRASIL, 2006).

O acolhimento é um modo de operar os processos de trabalho em saúde, de forma a atender a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e dar respostas mais adequadas aos usuários. Ou seja, prestar um atendimento de resolutividade e responsabilização, orientando quando for o caso, o paciente e a família em relação a outros serviços de saúde, para a continuidade da assistência, e estabelecendo articulações com esses serviços, para garantir a eficácia desses encaminhamentos. Uma postura acolhedora implica estar atento e poroso ás diversidades cultural, racial e étnica (BRASIL, 2006).

O acolhimento é um conceito frequentemente utilizado para expressar as relações que se estabelecem entre usuário e profissionais na atenção à saúde. No entanto, não se trata de uma simples relação de prestação de serviço. Mais do que isso, o acolhimento implica uma relação cidadã e humanizada, de escuta qualificada (BRASIL, 2010).

Com base nesse conceito, o desenvolvimento do acolhimento como tecnologia essencial para a reorganização dos serviços caracteriza-se como elemento-chave para promover a ampliação efetiva do acesso à Atenção Básica (AB) e aos demais níveis do sistema (RAMOS; LIMA, 2003).

O acolhimento relaciona-se, portanto, com o vínculo entre o usuário e o serviço de saúde, com a resolubilidade do atendimento e com a adequação do serviço às necessidades dos usuários (LIMA et al, 2007).

Em razão do acolhimento na Atenção Básica ser um tema de relevante importância tanto para gestores, trabalhadores e usuários que comparecem em nossas UBS na procura da primeira escuta para serem orientados devidamente e ajudados a resolver da melhor forma os problemas de saúde, nesta microintervenção vamos a abordar sobre este tema.

Na equipe de saúde o acolhimento merece uma atenção especial pois é o ponto central no atendimento ao usuário. A maioria das vezes o desenvolvimento das ações de promoção de saúde e prevenção de doenças ficam dificultadas devido ao aumento da demanda e a sobrecarga de trabalho dos profissionais que atuam na equipe (médico e enfermeira).

Na nossa equipe de trabalho pertencente à UBS do povoado São Mateus do município Gararu, estado Sergipe, enfrentávamos várias dificuldades no dia a dia como, por exemplo, a presença do aumento na demanda e sobrecarga de trabalho da equipe de saúde, pois não existia o agendamento de consultas, nem avaliação das necessidades dos pacientes, a falta de privacidade do local do acolhimento para o usuário ficar à vontade de falar do problema de saúde, déficit de ferramentas como tensiômetro e balança para crianças.

Devido a todas essas dificuldades foi preciso fazer uma reunião da equipe com a gerente da UBS para implementar o acolhimento como uma opção de resposta as necessidades dos usuários que procuram nossos serviços. Durante a reunião foram geradas várias opiniões, mas prevaleceu a ideia de que o profissional que fica na sala de acolhimento é quem vai a realizar a primeira escuta, avaliar de acordo as necessidades e prioridades do paciente nesse momento e assim poder orientar ou encaminhar o paciente para consulta médica, consulta de enfermagem, agendar para outro dia da semana, agendar uma visita domiciliar ou agendar para o NASF. Dessa forma, o paciente não fica sem resposta ou atendimento pelo simples fato de não estar agendado nesse dia. Além disso, foi sugerido a compra de tensiômetro e balanças para crianças.

 No início tudo isto gerou diferentes opiniões na população, principalmente nos usuários que eram asissitidos pela UBS por demanda espontânea e que muitas vezes não precisavam consulta no mesmo dia, mas pouco a pouco a população foi aceitando e compreendendo a importância da organização dos serviços desse jeito.

Nossa reunião de equipe foi muito importante, pois além de identificar os principais problemas que tínhamos com o acolhimento, foram compartilhadas várias opiniões e estratégias para tentar resolver os mesmos. Por outro lado, apesar dos vários obstáculos enfrentados pelos profissionais de saúde no início, ainda continuamos esforçando-nos para melhorar a qualidade do atendimento e criar o vínculo entre usuários e equipe de saúde.

 

Referências

 

FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. Brasília: MS; 2006

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. Brasília: MS; 2010.

 

LIMA, Maria Alice Dias da Silva et al . Acesso e acolhimento em unidades de saúde na visão dos usuários. Acta paul. enferm., São Paulo, v.20, n.1, p.12-17. 2007.

 

RAMOS, D. D.; LIMA, M. A. D. S. Acesso e acolhimento aos usuários em uma unidade de saúde de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública,  Rio de Janeiro,  v.19, n.1, p. 27-34. 2003.

 

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