ACOLHIMENTO DE IDOSOS NA UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA SÃO SEBASTIÃO
ESPECIALIZANDO: MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA LIMA
ORIENTADORA: DANIELE VIEIRA DANTAS
Na nossa área de abrangência existe um grande número de idosos. De acordo com levantamento realizado pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), em 2016, existiam mais de 600 usuários com idade superior a 65 anos. Muitos destes idosos ao serem questionados sobre os motivos pelos quais não aderem aos tratamentos propostos relatam dificuldade em marcar consultas, dúvidas sobre o tratamento, e impossibilidade de esclarecimento de suas dúvidas com os profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF).
A acessibilidade pode ser compreendida como a possibilidade de obter acesso aos serviços de saúde em qualquer momento que estes se façam necessários e em condições favoráveis e convenientes. Quando referente à Atenção Primária à Saúde, entende-se que o conceito de acesso é multifacetado e dependente de questões como a existência de unidades de saúde, localização destas, disponibilidade de horários de atendimento, tempo de funcionamento, possibilidade de atendimento à demanda espontânea, características e processos assistenciais, dentre outros (ASSIS; JESUS, 2012).
O acolhimento funciona como uma das bases para a humanização da assistência nas instituições, a fim de possibilitar resolutividade, vínculo e responsabilização entre trabalhadores de saúde e usuários, contribuindo na democratização e na melhoria da qualidade da assistência prestada e se constitui em instrumento potente para a reorganização da atenção à saúde no Programa Saúde da Família (PSF) (BECK; MINUZI, 2008).
A falta de acolhimento realizado de maneira satisfatória e contínua na Unidade de Saúde da Família (USF) São Sebastião resulta no poder de resolutividade baixo, fazendo os usuários da unidade procurarem com frequência os serviços de emergência no setor secundário, recorrerem a consultas particulares e aumento da procura por especialidades médicas. No caso de idosos, que comumente não conseguem se dirigir a outros serviços verifica-se muitas vezes o abandono do tratamento e agravamento do quadro de doença. Geralmente durante o turno de atendimento médico atendemos à demanda programada com duas a três vagas disponíveis para demanda espontânea.
Entretanto, diariamente mais de dez idosos procuram por atendimento na ESF, sem conseguir de fato viabilizar o atendimento médico. Há uma queixa da equipe e até relatos de que quando é idoso, a vaga de demanda espontânea pode estar livre, mas o agendamento não é feito porque segundo um dos profissionais “os idosos querem atendimento por qualquer coisa”.
Diante de tal constatação a Microintervenção foi realizada tendo como foco a capacitação da equipe assistencial e a melhoria no acolhimento dos idosos, conforme a seguinte programação:
Durante cinco dias da semana (segunda a sexta-feira), foram realizadas reuniões com a Equipe de Saúde, com os seguintes temas:
Dia 1: Peculiaridades do Idoso e do Processo de Envelhecimento.
Dia 2: Importância do acolhimento e Humanização no trato ao idoso.
Dia 3: Acolhimento X Adesão ao tratamento.
Dia 04: Rede de Apoio do Idoso.
Dia 05: Visitas domiciliares e notificação de vulnerabilidades.
A cada dia, foram ouvidos diversos sujeitos da Equipe de Saúde, para depois estabelecer mudanças nos processos de atendimento.
Dia 01: Discussão sobre possíveis melhorias nas visitas domiciliares. Os ACS argumentaram sobre fragilidades e possibilidades nas visitas aos idosos.
Dia 02: Discussão sobre marcação de consultas, horários de atendimento e triagem: médico relatou os principais pontos a serem considerados na triagem e prioridades no atendimento.
Dia 04: Discussão sobre possíveis melhorias na marcação e consulta de enfermagem: secretária e equipe de enfermagem apresentaram as fragilidades e sugestões de mudanças.
Dia 05: Elaboração das Estratégias e discussão sobre acessibilidade. Foram estabelecidas mudanças para favorecer o acolhimento e acessibilidade do Idoso na ESF. A marcação das consultas, por exemplo, poderá ser feita por telefone, dispensando assim a necessidade do idoso e/ou seu cuidador se dirigir até a Unidade. Além disso, todo idoso que chegar até a ESF para ser atendido, deverá antes de ser “dispensado” como era feito passar por uma triagem, em que será avaliado os sinais vitais, e a condição de saúde inicial, estabelecendo assim a necessidade ou não de consulta no dia. Caso não haja necessidade de consulta imediata, o idoso terá uma consulta agendada para os dias próximos, garantindo assim a efetividade do atendimento.
Os ACS e Equipe de Enfermagem realizaram uma força tarefa com as visitas domiciliares levando lembretes impressos sobre as mudanças nos processos, telefone para marcações e dias de atendimento.
A secretária também fez um levantamento dos idosos que procuraram tratamento no último mês, sem conseguir consultas, e realizou o agendamento para todos os que ainda possuíam queixas pendentes.
REFERÊNCIAS
ASSIS, M. M. A.; JESUS, W. L. A. Acesso aos serviços de saúde: abordagens, conceitos, políticas e modelo de análise. Ciência & Saúde Coletiva, v.17, n.11, p. 2865-75, 2012.
BECK, C. L. C.; MINUZI, D. User embracement as a proposal for health assistance reorganization: a bibliographical analysis. Saúde, Santa Maria, v. 34, n.1-2, p.37-43, 2008.
Ponto(s)