19 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: PROCESSO DE APERFEIÇOAMENTO DO ACOLHIMENTO NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DR. JOSÉ FERNANDES ARAÚJO.

 ESPECIALIZANDO: MANUEL EDEL SALINA FERNÁNDEZ

ORIENTADORA: ROMANNINY HEVILLYN SILVA COSTA

 

            Como sabemos a Atenção Básica é a porta de entrada dos usuários, sendo a unidade básica de saúde (UBS) a sua principal entrada, por essa razão é de vital importância um acolhimento de qualidade para poder cumprir com a demanda espontânea e as consultas programadas de uma maneira adequada, devendo-se caracterizar o mais possível à realidade do dia a dia da comunidade.

A Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), inclui ações de responsabilização na realização de ações coletivas de promoção da saúde, prevenção de doenças e tratamento e/ou reabilitação dos indivíduos no território. Ela conta com uma política de humanização a qual é norteadora das práticas de saúde em todas as instâncias do SUS (BRASIL, 2010).

Entendo que através da conscientização sobre a importância de ter um bom acolhimento oferecido pelos membros da equipe de saúde à comunidade favoreça um maior grau de satisfação da população, tornando essa política de humanização cada vez mais eficaz.

Em virtude da diversidade de sujeitos e atores sociais existentes, as demandas e necessidades de saúde são variadas, fator esse que contribui e dificulta diretamente o processo de acolhimento da comunidade dentro das equipes de saúde e associado a isto outros fatores inerentes como a estrutura física da unidade e o grau de conhecimento dos profissionais da equipe acerca do    na minha Unidade de Saúde Dr. José Fernandes Araújo que pertence ao município Rosário do Catete, pude perceber que apesar de possuirmos uma boa estrutura física e recursos humanos necessários, o processo de acolhimento ainda é ineficiente.

            Partindo do ponto que de modo geral a “escuta” e “respostas” aos usuários são ações que ficam na maioria das vezes a cargo da recepção, não ocorrendo o envolvimento dos membros da equipe de saúde multidisciplinar, o que torna-se cada vez mais evidente a falta de planejamento e formulação de estratégias para acolher melhor ao usuário.

Percebo ainda que apesar das dificuldades enfrentadas no cotidiano, os profissionais deveriam estar mais preocupados em atender bem as pessoas que buscam os serviços, principalmente, através da criação do vínculo já citados anteriormente (usuários e equipe de saúde).

Em reunião com a minha equipe de saúde familiar III discutimos juntos estratégias que pudessem melhorar o acolhimento em nossa Unidade de Saúde, principalmente através da criação de estratégias para romper e eliminar as barreiras que dificultam o acesso dos usuários aos serviços ofertados.

Partimos do ponto que toda equipe deveria reconhecer o acolhimento como a ferramenta útil na organização de todos os processos de trabalho, para desta forma, procurarmos reorganizar o processo de trabalho onde a equipe de saúde estaria na linha de frente para acolher, entender e ouvir com atenção ao usuário de forma humanizada e qualificada.

Neste momento, além de discutirmos os problemas de saúde da nossa área, sensibilizamos aos demais membros da equipe sobre a importância do acolhimento como fator fundamental para a melhoria do acesso da população aos serviços, gestão do cuidado e reorganização do processo de trabalho.

Após essa sensibilização, traçamos algumas estratégias para implantação do mesmo, como: a definição dos papéis de cada membro da equipe, a criação de um espaço para a escuta de acordo com o fluxo da unidade, a implantação da estratificação de risco e a avaliação de vulnerabilidade no atendimento a demanda espontânea, além do envolvimento dos outros profissionais da equipe, incluindo a equipe de saúde bucal.  

Visamos também que durante a sala de espera dos usuários estaríamos sempre dando orientações aos mesmos acerca do processo de trabalho da equipe, dos fluxos do cuidado não apenas na Unidade de Saúde, mas em todos os outros serviços da rede de atenção à saúde do município, além de informações acerca do tempo de espera e do manejo de cada caso.

A classificação de risco é feita pela enfermeira junto às técnicas em enfermagem, estabelecendo assim as prioridades para o atendimento.

O protocolo feito na unidade é seguindo as recomendações do ministério da saúde do Brasil (BRASIL, 2012).

O protocolo feito na unidade considera também o grau de sofrimento psíquico e físico de cada paciente, e segundo isso será feita a classificação de risco em cor vermelha, amarela, verde e azul com alguns dos exemplos de casos que mais prevalecem em nossos serviços.

 Os pacientes classificados com a cor vermelhaterão um atendimento imediato por apresentarem alto risco de morte (emergências). Exemplos: febre alta, perda de consciência, dor intensa, dispneia intensa, diabetes descontrolada (hemoglucoteste acima de 300 mg/dl), crise hipertensiva (160/100 mmHg), crises convulsivas vômitos e diarreias com desidratação, entre outros. Esses casos serão encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na ambulância. Os casos enquadrados na cor amarelasão as urgências, onde terão um atendimento mais rápido dependendo do quadro. Exemplos:  gestantes com complicações, idosos, pacientes que não deambulem, pacientes com crise de enxaqueca já diagnosticada, dor de ouvido, dor de garganta, hemorragia bucal, lombalgia, vômitos e diarreias sem sinais de desidratação, dentre outros.

Os casos encaixados na cor verde são os casos com baixo risco como as lombalgias leves, tosse, disúria, rinite, renovação de receitas de medicamentos, curativos, avaliação de exames feitos. Temos os casos enquadrados na cor azul que não constituem situações agudas e são aqueles que serão orientados quanto a ofertas da unidade, agendamentos. O mais importante é a comunicação da equipe para que as dúvidas possam ser esclarecidas e poder dar um atendimento ótimo a esse usuário que está-o precisando. Assim, vamos agilizar os atendimentos e evitamos as longas filas.

Desta forma, a implantação deste modelo de acolhimento na Unidade Básica de Saúde, contribuirá ao aperfeiçoamento da equipe durante o acolhimento destes usuários, através de modificações importantes e positivas ao atuar segundo as necessidades deste, contribuindo para o fortalecimento da relação entre o profissional e o usuário. Teremos tanto melhoria na qualidade da assistência quanto uma reorganização do processo de trabalho na Unidade de Saúde.

Uma das dificuldades identificadas após a reunião foi que no dia das consultas das gestantes e crianças, não tínhamos atendimento para a demanda espontânea; mas agora dependendo da quantidade de gestantes e crianças serão atendidos os usuários de forma espontânea nesse dia.

Não obstante, apesar das dificuldades relativas à implantação do novo modelo acolhimento, estamos certos de que quando compreendido e aprendido melhorará, consideravelmente, a resolutividade do serviço e humanização da prática assistencial.

Como a demanda espontânea é muito grande em nosso dia a dia, e sendo a satisfação dos nossos usuários de muita importância destacamos que no mesmo dia estes podem ser acolhidos e atendidos seja pelo médico, enfermeira ou outro membro da equipe, ou seja, todos os dias faremos atendimentos de demanda espontânea em conjunto com as pessoas agendadas, com o objetivo de evitar a diminuição do número de atendimentos ofertados à comunidade, em virtude  dos usuários faltosos que acabam gerando vagas na agenda dos profissionais.

Esperamos ainda que outros pontos possam ser destacados mais a frente e que de fato haja melhoria da qualidade da assistência e satisfação do usuário e, portanto, sempre estaremos discutindo sobre o tema em nossas reuniões mensais, avaliando sempre os pontos positivos e negativos, e se necessários implantaremos as mudanças necessárias.

Assim diante dessa microintervenção aumentamos o nível de conhecimento dos membros da equipe sobre acolhimento com classificação de risco.

 

 Referências

BRASIL. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, v. 2, 2012. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/caderno_28.pdf>. Acesso em: 2 maio 2018.

______. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

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