27 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

CAPÍTULO II: Acolhimento à Demanda Espontânea e Programada na Unidade Básica de Saúde (UBS) Clemildo Amâncio dos Santos, no município de Umbaúba, do estado Sergipe.

Especializando: LIENI GARCIA MARTIN

Orientador: MARIA HELENA PIRES ARAUJO BARBOSA

             As situações vividas no dia a dia na Unidade Básica de Saúde (UBS) Clemildo Amâncio dos Santos, no município de Umbaúba, do estado Sergipe, serviram como objeto de conversa, decisão e análise pelos membros da equipe de saúde 004 nas reuniões de avaliação.  Aproveitando as ferramentas existentes e experiências anteriores, tem conseguido que a demanda apresentada pelo usuário seja acolhida, escutada, problematizada e reconhecida. Contudo o nível de resolução ainda não é de 100%. 

            Os trabalhadores da atenção básica, têm que estar abertos para perceber as peculiaridades de cada situação que se apresenta, buscando agenciar os tipos de recursos e tecnologias (leves, leve-duras e duras) que ajudem a: aliviar o sofrimento, melhorar e prolongar a vida, evitar ou reduzir danos, (re)construir a autonomia, melhorar as condições de vida, favorecer a criação de vínculos positivos, diminuir o isolamento e abandono (BRASIL, 2013).

            A maior parte das consultas da equipe 004 é agendada. Contudo, torna-se importante destacar que pode haver consulta programada com atendimento no mesmo dia, assim como a consulta de demanda espontânea e de urgência. O maior problema que interfere em conseguir um maior número de consultas por demanda espontânea é o alto número de usuários, visto que há 5600 pessoas na área de abrangência da unidade. Outro fator é a distância da UBS da maioria dos povoados, que contribui para que o atendimento demande uma grande organização.

            Com relação à demanda espontânea foi preciso explanar para alguns membros da equipe que tem usuários que são acompanhados regularmente pelos programas da saúde, que podem apresentar exacerbações no quadro clínico da doença de base ou novas doenças. Sendo assim, eles podem precisar de ações de atenção à saúde antes do dia da consulta agendada pois o usuário não tem como ficar sabendo o momento em que vai ficar doente. Diante disso, se o indivíduo estiver precisando de uma consulta no dia ou apresentar alguma situação caracterizada como urgência, acontecerá o atendimento médico que deverá ter caráter resolutivo e esse poderá demandar o apoio de outros serviços de saúde como Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), dentre outros.

            O momento que o usuário necessita do serviço de saúde é um bom momento para a criação e fortalecimento de vínculo com a atenção básica. As experiências de acolhimento vividas pelos usuários podem facilitar a construção de vínculos com os trabalhadores. Ressalta-se que as equipes de saúde da atenção básica, para a garantia da resolutividade, devem ter tanto a capacidade ampliada de escuta (e análise) quanto um escopo ampliado de ofertas para lidar com a complexidade de sofrimentos, adoecimentos, demandas e necessidades de saúde às quais as equipes estão constantemente expostas (BRASIL, 2013).

            Para acolher a demanda espontânea é importante que a UBS tenha estrutura física e ambiência adequadas. A UBS onde fica o equipe 04 tem sala de espera com cadeiras, ventilação e iluminação boas para que os usuários possam aguardar confortavelmente; Sala de acolhimento multiprofissional para a realização do acolhimento individual da demanda espontânea, por meio da escuta qualificada; Consultórios do médico e o do enfermeiro para qualificar as condições de escuta e respeitar a intimidade dos clientes; Sala de curativos e sala de vacinação; E há também uma de sala de observação para permitir o adequado manejo de algumas situações mais críticas que requerem período maior de intervenção ou acompanhamento. Além disso, para viabilizar adequada atenção à demanda espontânea, a UBS está equipada com materiais e medicamentos.

             O atendimento e acolhimento na UBS se realiza por hora marcada, nos diferentes formatos como estratégia de melhoria. Mas é comum que usuários agendados fiquem irritados, com o fato de alguns usuários de demanda espontânea serem priorizados, assim como acontece que aqueles com risco baixo exigirem atendimento médico imediato. Essas situações evidenciam a necessidade de haver conversas entre trabalhadores e usuários sobre o modo de funcionamento da unidade, em diferentes ocasiões, tais como: nas consultas, na sala de espera, durante as visitas domiciliares, nas atividades coletivas comunitárias, nas reuniões dos conselhos locais de saúde, nos grupos. Acolher a irritação e ansiedade dos usuários, nesses casos (em vez de reagir), escutar o conteúdo expresso nesses ruídos e problematizá-los (sem deslegitimar a manifestação deles) são atitudes que podem facilitar a construção de consensos e entendimentos a esse respeito.

            Como dificuldade apontada pela equipe para realizar o acolhimento tem-se o fato do acolhimento ter uma tendência a sobrecarregar os profissionais pelo fato de abrir as portas frente a uma grande demanda reprimida e as expectativas criadas. Para reduzir essa problemática foi necessária a incorporação da avaliação da classificação de risco e avaliação das vulnerabilidades pelos profissionais da equipe que fazem o acolhimento, assim como a diversificação das ofertas, facilitando a garantia do acesso com equidade.

            Como fortaleza destaca-se o apoio dos gestores municipais de saúde e a boa interrelação entre NASF-AB, CAPS e Conselho de Saúde Municipal para que a UBS tivesse as características e materiais necessários para acolher a demanda espontânea. Além disso, melhorou a interação entre os usuários da área de abrangência e a equipe de saúde da família. Pois muitas pessoas achavam que para a Unidade Básica de Saúde só iam os usuários que estivessem saudáveis; se estivessem doentes, tinham que ir para a Urgência da cidade. Foi com o trabalho diário que os trabalhadores da Equipe Básica de Saúde têm conseguido mudar essas percepções.

            No entanto conlui-se que, o trabalho da equipe na atenção básica não pode ser de jeito nenhum estático nem rígido. Ele demanda a necessidade de experimentação de diferentes modelagens, dependendo das situações vividas no dia a dia. É importante que as equipes realizem discussão dos problemas e dificuldades, para definir ou redefinir ações e responsabilidades. E um elemento importante para isso é o planejamento dinâmico e flexível das agendas dos professionais para dar atenção aos usuários.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea. 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 56 p.

 

 

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