2 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: ACESSO AVANÇADO PARA DEMANDA ESPONTÂNEA E PROGRAMADA

ESPECIALIZANDO: Leopoldo Christian Pessoa Alves

ORIENTADOR: Maria Betânia Morais de Paiva

COLABORADORES: Camila Danielle Carlos de Amorim. Maria Rosenilda Nunes. Nágila de Freitas Oliveira Monteiro. Jaedna Mari Monteiro Dantas.

O capítulo II da segunda Microintervenção trata do Acesso Avançado (AA) para Demanda Espontânea e Programada da Unidade Básica de Saúde (UBS) Antônia Simão, no município de Rodolfo Fernandes-RN. Estruturado em duas partes, a parte I da Microintervenção II ressalta a importância da realização de aperfeiçoamento da equipe e implantação do Acolhimento na UBS, e ainda, explica do que trata os relevantes termos. A parte II traz um relato de experiência sobre como se deu o aperfeiçoamento e a Implantação do acolhimento na UBS Antônia Simão. Além disso, relata como se deu as etapas do processo desde o aperfeiçoamento, passando pela capacitação dos profissionais da Unidade, até chegar à implantação.

Na parte I dessa Microintervenção II o presente trabalho trata, como fundamental, o aperfeiçoamento da equipe para o sucesso da implantação do acolhimento na UBS Antônia Simão, no município de Rodolfo Fernandes-RN.

Antes, porém, de relatar sobre o aperfeiçoamento da equipe e a implantação do acolhimento na UBS Antônia Simão, vale discorrer acerca do tema. Segundo o Ministério da Saúde (2013),  o acolhimento é uma prática presente em todas as relações de cuidado, nos encontros reais entre trabalhadores de saúde e usuários, nos atos de receber e escutar as pessoas, podendo acontecer de formas variadas. Também, é importante ressaltar que esse acolhimento pode acontecer na atenção básica em situações não programadas. Tal procedimento realizado pela UBS facilitará o processo de atendimento evitando a formação de filas e longo tempo de espera do paciente.  (Brasil, 2013).

No ano de 2010, o Ministério da Saúde já defendia a prática do Acolhimento nas Unidades de Saúde. Isso se dava ao fato de favorecer a construção de uma relação de confiança e compromisso entre usuários, equipes e serviços. (Brasil, 2010).

Sobre seu conceito, Ferreira (1975) atesta que acolher é dar acolhida, admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito a, agasalhar, receber, atender, admitir; expressando um ato de aproximação.

Outros autores, também, definem o termo. Para Franco e Merhy (2003), o acolhimento surge como sendo uma possibilidade de universalizar o acesso, abrir as portas dos serviços de saúde a todos os usuários que dela necessitam, possibilitando um novo formato na organização da assistência, a partir da reorganização do processo de trabalho.

Vale ressaltar, ainda, que apesar de não ser considerado um espaço ou local, o acolhimento é visto como uma postura ética que não necessita de horário, tampouco, profissional específico. Isto é, acarreta em dividir saberes, problemas e demandas. (Brasil, 2009).

Levando em consideração as definições sobre acolhimento e, consequentemente, a importância de sua execução em UBS, buscou-se aperfeiçoar a equipe com o objetivo de implantar o Acolhimento na UBS Antônia Simão, em Rodolfo Fernandes-RN, a fim de garantir à demanda espontânea, atendimento imediato.

Todavia, apesar da dedicação em implantar o acolhimento à demanda espontânea, a equipe, ao mesmo tempo, realizou orientações junto à população sobre o agendamento programado com o objetivo de diminuir o tempo de espera e as longas filas que começam a ser formar durante a madrugada por ocasião da retirada de ficha para atendimento.

Para o aperfeiçoamento da equipe no sentido de implantar o processo de acolhimento na UBS Antônia Simão, foram realizados minicursos. A capacitação foi executada por um instrutor do Sistema Único de Saúde (SUS), onde na oportunidade foram repassadas dicas e orientações acerca da operacionalização do sistema informatizado, Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), além das orientações, foram dadas novas metas e estratégias preconizadas pelo SUS.

Realizada a capacitação foram, então, aplicadas as estratégias dadas à equipe. Inicialmente, os profissionais foram distribuídos em suas devidas funções. Isto é, foram postos profissionais responsáveis pelo contato inicial (recepção), na triagem – onde foi realizada uma escuta qualificada – e, por fim, no agendamento para o setor específico na qual o paciente seria designado.

Feito os procedimentos, isto é, as distribuições por função em cada setor a fim de efetivar o acolhimento do paciente, foi realizada a segunda etapa do projeto: a divulgação sobre as mudanças estabelecidas pela equipe da UBS Antônia Simão junto à população. O resultado de tais medidas adotadas para implantar o acolhimento está descrito na Parte II desta segunda Microintervenção.

Realizada as etapas para aperfeiçoamento da equipe e objetivando por em prática o Acolhimento na UBS Antônia Simão, em Rodolfo Fernandes-RN, no sentido de garantir a demanda espontânea, isto é, aos usuários que requerem atendimento imediato, a Parte II desta segunda Microintervenção relata como se deu a implantação do Processo de Acolhimento na UBS.

 

Ao iniciar o processo de acolhimento a equipe deparou-se com algumas dificuldades com a implantação do prontuário eletrônico. O fato ocorreu em virtude da morosidade por parte da equipe em habituar-se ao novo sistema informatizado, bem como, orientar à população sobre o novo método de acolhimento e marcação de consultas.

Para solucionar o problema referente ao prontuário eletrônico foi realizado minicurso onde um instrutor do Sistema Único de Saúde (SUS) repassou dicas e orientações a fim de retirar todas as dúvidas da equipe profissional e orientá-los acerca da operacionalização do sistema.

Uma vez capacitados, os profissionais foram posicionados em seu devido posto de atividade como recepção, escuta qualificada e agendamento para o setor específico na qual o paciente seria designado. Após essa etapa, a equipe intensificou o processo de divulgação sobre as mudanças estabelecidas junto à população.

Observou-se que no principio ocorreram algumas críticas e insatisfações tanto por parte de membros da equipe, quanto por parte dos próprios usuários. A insatisfação de alguns profissionais se deu pelo fato de estarem se sentindo sobrecarregados devido ao acúmulo de função. Já os usuários mostraram-se não ter se adaptado ao novo sistema de marcação de consultas, ou seja, ao PEC. Em outras palavras, na óptica dos usuários o método antigo com a formação de longas filas mostrava-se mais eficiente. Vale ressaltar que antes da implantação do prontuário eletrônico, havia formação de filas e as fichas eram entregues por ordem de chegada.

Outro obstáculo encontrado foi o de convencer o usuário sobre qual tipo de demanda ele se enquadra, uma vez que, a maioria prefere e exige atendimento imediato, isto é, sem a marcação de consulta. O fato gerava desconforto tanto aos profissionais quanto aos próprios usuários.

Diante dos obstáculos apresentados viu-se que o fator predominante para a existência dessas dificuldades é o educacional. Notoriamente, percebe-se que a má formação educacional interfere, consideravelmente, no processo de aceitação do novo método de acolhimento. Todavia, acredita-se que com a continuidade do projeto haverá evoluções por meio do processo de conscientização da comunidade.

Frente às mudanças, isto é, da chegada do acolhimento e marcação de consultas por meio de prontuário eletrônico, gerando uma demanda programada, espera-se que haja inúmeras melhorias. Entre elas: a qualidade dos serviços prestados pela UBS Antônia Simão; a satisfação dos usuários; diminuição das filas; diminuição do tempo de espera para atendimento; e redução do encaminhamento para as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e serviços especializados.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. O SUS de A a Z: garantindo a saúde nos municípios/ Ministério da Saúde, Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde – 3ed – Brasília, 2009. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/SUS_3_edicao_completo.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – 2. ed. 5. reimp. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. 44 p.: il. color. – (Série B. Textos Básicos de Saúde).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – 1. ed.; 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 56 p.: il. – (Cadernos de Atenção Básica; n. 28, V. 1).

FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975. p. 27.

FRANCO, T. B.; BUENO, W. S.; MERHY, E. E. O acolhimento e os processos de trabalho em saúde: o caso de Betim, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública, vol. 15, n.2, pp. 345-353, 1999.

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