O ACOLHIMENTO À DEMANDA ESPONTÂNEA NA UBS CID SALEM DUARTE
ESPECIALIZANDO: LEDYS HERRERA BECERRA
ORIENTADOR: MARIA BETANIA MORAIS DE PAIVA
COLABORADORES: MEIRE SOUSA, AMANDA KALINE, IONE DE ARAUJO, MARIA EDLEUZA SOARES, POLIANA SANTANA.
O SUS sem dúvida, é atualmente um dos maiores exemplos de política pública no Brasil desenvolvido ao longo dos últimos 20 anos com a implantação de um conjunto de políticas de saúde que visam levar saúde até os cantos mais inacessíveis da geografia brasileira, tendo um grande impacto social na população, porém, ainda há inúmeros desafios a serem enfrentados pelo sistema e para isso precisamos fazer algumas mudanças.
Nos paradigmas atualmente propostos pela Estratégia de Saúde da Família (ESF), os trabalhadores de saúde são convidados para o constante desafio de repensar suas práticas, valores e para uma reestruturação do serviço que seja voltado para as necessidades do contexto social em que a equipe está inserida. Assim, os trabalhadores de saúde, gestores, usuários e comunidade que estejam vinculados ao serviço, passam a ter corresponsabilidade pelo reconhecimento e adequação da oferta às reais necessidades, bem como a conquista de um sistema hierarquizado de assistência à atenção básica e de construção de novos saberes (COELHO; JORGE; ARAÚJO, 2010).
Destacamos o caráter estruturante e estratégico que a Atenção Básica (AB) deve ter na construção das redes de atenção à saúde, na medida em que a atenção básica se caracteriza pela grande proximidade ao cotidiano da vida das pessoas, além de identificar e compreender as várias demandas, problemas e necessidades de saúde de nossa população. Nesse sentido a capacidade de acolhida e escuta das equipes aos pedidos e manifestações dos usuários no domicilio, nos espaços comunitários e nas unidades de saúde é um elemento indispensável.
Nesse contexto, se faz necessário buscar um conceito de acolhimento e demanda espontânea que não é mais que uma prática presente em todas as relações de cuidado, nos encontros reais entre as necessidades de saúde dos usuários e a capacidade dos serviços de atendimento, e ainda, que garanta o acesso aos serviços de acordo com a situação, bem como, a integração entre unidades assistenciais de diferentes perfis. De fato, é uma realidade que o acolhimento a demanda espontânea costuma desestabilizar o atendimento planejado pela unidade básica de saúde, uma vez que não se controle dessa demanda.
Garuzi et. al.(2014), afirma que o acolhimento é uma das principais diretrizes éticas, estéticas e políticas da Política Nacional de Humanização (PNH) do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Definido em documentos oficiais como a recepção do usuário no serviço de saúde, compreende a responsabilização dos profissionais pelo usuário, a escuta qualificada de sua queixa e angústias, a inserção de limites, se for preciso, a garantia de assistência resolutiva e a articulação com outros serviços para continuidade do cuidado quando necessário.
Albuquerque et al (2014), complementa ainda que o acolhimento da demanda espontânea é tido como uma avaliação de risco e vulnerabilidades e alguns dos mecanismos de coordenação do cuidado.
A microintervenção não só tem grande importância para meu desempenho profissional como médica da área, mais também, contribui para elevar o nível de satisfação da população, dando assim, um passo positivo na identificação de problemas que tanto acontece no dia a dia no agendamento programado como na demanda espontânea assistida. Nessa direção, o objetivo primordial é traçar ações estratégicas de trabalho para aperfeiçoar o atendimento médico de acordo com as prioridades e necessidades de saúde da população adscrita, sem ter que aguardar um longo tempo de espera para a atenção requerida, provocando por sua vez, acúmulo e insatisfação dos usuários com assistência prestada pela equipe.
As ações foram elaboradas no coletivo e estão sendo encaminhadas com a perspectiva de aperfeiçoar o sistema de acolhimento e demanda espontânea; fortalecer a organização da equipe de trabalho; estabelecer prioridades dos problemas de saúde das pessoas.
A Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Cid Salem Duarte, na qual fazemos parte, está localizado em zona urbana, no bairro Abolição IV, modelo Equipe de Saúde da Família (ESF), conta com 1 emfermeira,1 técnica de emfermagem,6 agentes de saúde,1 dentista e a médica integrando a equipe de saúde 114.
A nossa área tem adstrita uma população de 3.726 habitantes. Entre esses temos 670 crianças, 346 adolescentes, 2096 adultos e 614 pacientes com 60 anos ou mais. Nossa equipe é insuficiente para desenvolver o serviço prestado a população e ainda há o aumento progressivo da população da área.
Nesta UBS pelas manhãs das sextas feiras fazem o agendamento das consultas médicas para a próxima semana, nessa lógica de organização são agendadas 30 pessoas, além de 10 urgências diárias, perfazendo um total de 40 atendimentos por dia. O cronograma da equipe se dá da seguinte maneira: Na segunda- feiras são disponibilizados atendimento a comunidade em geral. Às terças-feiras temos atendimentos destinados às pessoas com doenças crônicas. As quartas-feiras, são dedicadas atenção aos usuários com transtorno mental. Às quintas-feiras atendemos as grávidas e puericulturas.
Para minimizar esta problemática e dar resolutividade as inúmeras queixas e insatisfações da população devido à dificuldade e sacrifício para conseguir as fichas de agendamento disponíveis para a próxima semana, reunimos toda a equipe para aperfeiçoar estratégias de trabalho e através de demonstrações, experiências e ideias aportadas pela equipe, decidimos fazer as seguintes mudanças: foi pactuado com a equipe a alteração das consultas agendadas das sextas-feiras para o agendamento no dia e dessa forma o paciente deverá marcar sua consulta uma hora antes do início do atendimento.
Com esse novo processo de reorganização seria distribuído 15 vagas por turno, classificadas e organizadas pelos profissionais da enfermagem, levando-se em conta a ordem de prioridade, a depender dos problemas de saúde e das necessidades de atendimento. Além disso, seriam disponibilizadas 5 fichas para as urgências, ou seja, para as doenças agudas e crônicas que poderá aparecer ao longo do turno de trabalho. Essa lógica de trabalho se reproduzirá no turno da tarde. Para tanto se faz necessário abrir um registro com os dados dos pacientes que serão atendidos diariamente pela médica.
UBS: Dr Cid Salem Duarte
Para enfrentar o desafio face a transformação que as tais ações implicaria, foi constatada a necessidade de sintonia no trabalho em equipe, uma vez que que precisaríamos do engajamento de todos os profissionais da UBS para a execução da nova intervenção, pois quando se trabalha em equipe é muito mais fácil desenvolver as atividades e alcançar os resultados esperados.
A intervenção de início parecia muito difícil de ser executada em virtude das dificuldades e obstáculos que aconteciam na implementação da nova forma de acesso. Mudar o jeito de fazer saúde é difícil, mas não impossível, resistências no meio do percurso com alguns desacordos entre a gestão e a equipe e o estranhamento da população são atitudes previstas, uma vez que todo processo de mudança se requer um prazo para as devidas acomodações.
Diante da realidade apresentada, foi visto que é possível melhorar a qualidade da atenção à saúde da população por meio de ações cotidianas implantadas no serviço e que para transformar a nossa realidade em prol da satisfação dos pacientes não necessitam de grandes investimentos, basta comprometimento, corresponsabilidade e mobilização da equipe no enfrentamento das situações.
REFERENCIAS
ALBUQUERQUE, Maria do Socorro Veloso deet al. Acessibilidade aos serviços de saúde: uma análise a partir da Atenção Básica em Pernambuco. Saúde em Debate [online]. 2014, v. 38, n. spe [Acessado 5 Julho 2018] , pp. 182-194. 2014.
COELHO, M; JORGE, M; ARAÚJO, M. O acesso por meio do acolhimento na atenção básica à saúde. Revista Baiana v33 n3, 2010.
GARUZI M, et al. Acolhimento na Estratégia Saúde da Família: revisão integrativa. Rev Panam Salud Publica. 2014;35(2):144–9. 2014
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