UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
SECRETARIA DE EDUCAÇAO A DISTANCIA
CAPÍTULO I: Acolhimento à Demanda Espontânea e Programada SEDIS / PEPSUS / LAIS / UFRN / MS
TÍTULO : O acolhimento na Unidade de Saúde da Família Salem Duarte: uma estratégia de classificação de riscos.
ESPECIALIZANDO: DR JUAN DE DIOS MIRANDA RIEUMONT.
ORIENTADOR: MARIA BETÂNIA MORAIS DE PAIVA.
Colaboradores.
Enfermeira: Aldenora Fernandes de Queiroz .
Técnica de enfermagem: Maria Luzanira Viana de Oliveira .
Dentista: Kelly Patrisa Oliveira.
Auxiliar de saúde Bucal: Antonieta Fernandes de Queiroz.
Agente de saúde comunitária: Cosma Nunes da Silva Medeiros.
Agente de saúde comunitária: Emmanuele Tayana dos Santos.
Agente de saúde comunitária: Maria Alcineide Ferreira Duarte de Meneses.
Agente de saúde comunitária: Maraia das Dores Lopes Duarte Cavalcante.
Agente de saúde comunitária: Maria da Gloria Silva.
Agente de saúde comunitária: Juana Fernandes da Silva
Essa microintervenção diz respeito à prática do acolhimento na UBS Salem Duarte e quais as estratégias foram propostas para aumentar a resolutividade dos problemas em relação a demanda espontânea e a funcionalidade do acolhimento.
A maioria das pessoas que necessitam de atendimento em saúde estava excluídas dos serviços ou procuravam-nos em busca de consulta do médico mesmo sem necessidade. O trabalho dos demais profissionais ficava subestimado no processo de trabalho, reduzindo a oferta de serviços.
Com a implantação da estratégia de acolhimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Salem Duarte, fomos orientados a reservar o turno da manhã para o acolhimento dos usuários.
No ano de 2018 houve resultados positivos em virtude a implantação da classificação de risco, que consiste em avaliar os pacientes desde a sua chegada ao serviço, priorizando o atendimento dos casos mais graves, para assim reduzir a morbimortalidade das doenças mais graves.
Desta maneira, espera-se melhorar a gestão dos serviços oferecendo um processo de trabalho humanizado e com equidade, a partir do diagnóstico rápido proporcionado por essa ferramenta.
A demanda espontânea tem uma importância na atenção básica porque, a despeito da existência de formas cientificamente fundadas de definição objetiva das necessidades de saúde e das formas de lidar com elas, é preciso entender que a ciência e os profissionais de saúde não são os únicos definidores das necessidades de saúde (BRASIL, 2013).
O usuário também define, com formas e graus variados, o que é necessidade de saúde para ele, podendo apresentá-la enquanto demanda ao serviço de saúde. E é importante que a demanda apresentada pelo usuário seja acolhida, escutada, problematizada, reconhecida como legítima (BRASIL, 2011).
Às vezes, há coincidência da demanda e do olhar técnico-profissional. No entanto, quando isso não acontece, é necessário um esforço de diálogo e compreensão, sem o qual são produzidos ruídos que se materializam, por exemplo, em queixas, reclamações, retornos repetidos, busca por outros serviços (BRASIL, 2011).
A segunda razão é que os vários tipos de demanda podem, em grande parte, ser acolhidos e satisfeitos na atenção básica, inclusive com as modalidades de tecnologias leve- duras (conhecimentos, protocolos) e duras (materiais, equipamentos), que podem e devem estar disponíveis nesse tipo de serviço (BRASIL, 2011).
Vejamos alguns exemplos de situações não programadas que podem ser acolhidas na atenção básica: usuário com cefaleia ou tontura; pessoa com ardência ou dor ao urinar; alguém que está com insônia há uma semana; criança com febre; mulher com sangramento genital, entre outros. Essas situações revelam que, apesar de ser necessário programar o acompanhamento das pessoas nas agendas dos profissionais (sob pena de a atenção básica se reduzir a um pronto-atendimento), também é fundamental que as unidades de atenção básica estejam abertas e preparadas para acolher o que não pode ser programado, as eventualidades, os imprevistos (BRASIL, 2011).
Como um usuário poderia decidir o dia e hora em que ficaria gripado ou teria dor de cabeça? Seria possível prevenir todos os casos de ansiedade e dor muscular? É evidente que não. O que não quer dizer que, diante desses casos, o modo de atuar seja somente do tipo queixa-conduta.
Muitas vezes, o acolhimento a essas situações demandará continuidade no cuidado. Em outras, poderá requerer, inclusive, apoio matricial e/ou encaminhamento para outros serviços. Outra razão é que, muitas vezes, esses momentos de sofrimento dos usuários são fundamentais para a criação e fortalecimento de vínculos. São momentos em que se sentem, comumente, desamparados, desprotegidos, ameaçados, fragilizados. Nessas situações, é bastante razoável que muitos deles recorram às unidades de atenção básica quer pela proximidade física, quer pelos vínculos que possuem com os profissionais em quem eles confiam (BRASIL, 2011).
O fato de conhecer um usuário, sua história, não só facilita a identificação do problema (evitando, às vezes, exames e procedimentos não necessários ou indesejáveis), como também o seu acompanhamento. Não devemos esquecer, também, que mesmo os usuários que são acompanhados regularmente pelas ações programáticas podem apresentar exacerbações em seu quadro clínico e demandar atenção em momentos que não o de acompanhamento agendado (BRASIL, 2011).
Perde-se legitimidade perante eles uma unidade que os acompanha na atividade programada e não os acolhe no momento de agudização. Constrói-se a imagem na sociedade de que “a unidade básica de saúde só serve para quando a pessoa estiver saudável; se estiver doente, tem é que ir a um pronto-atendimento (BRASIL, 2011).
Os objetivos propostos com essa microintervenção são a classificação de risco de uma forma dinâmica, priorizando o atendimento aos casos mais graves; a inserção da classificação de risco no processo de trabalho da Atenção Primária e a redução da morbimortalidade das doenças mais graves.
Demanda espontânea restritivo no Centro de Saúde em determinados dias da semana, por exemplo: faz acolhimento na segunda e quinta-feira de manhã. – Distribuir fichas para delimitar o teto de pessoas que serão escutadas. Se a demanda estiver acima de sua capacidade operacional, a equipe realiza abordagem coletiva dos usuários e negociar outras possibilidades de atendimento. – Burocratizar a negativa, ou seja, comunicar o limite com cartazes na recepção ou orientação aos usuários.
O objetivo da classificação de risco é avaliar os pacientes desde a sua chegada ao serviço, priorizar o atendimento dos casos mais graves, para assim reduzir a morbimortalidade das doenças mais graves e, com isso, a iatrogenia (complicações causadas por tratamento médico) da gestão dos serviços, devido a um processo de trabalho pouco humanizado e sem equidade. Assim, a partir do diagnóstico rápido proporcionado por essa ferramenta, quebram-se algumas práticas de organização do atendimento pouco humanizadas, conforme citado anteriormente.
Para realização da microintervenção proposta no módulo de Acolhimento à demanda espontânea e programada, foi agendada reunião técnica a fim de realizar a leitura e debate dos padrões e indicadores expostos no material.
Foram convocados para reunião todos os membros da equipe de saúde. Houve a presença do médico, enfermeira e Agentes Comunitários de Saúde. A principal característica é que cada usuário é acolhido pelos profissionais da nossa equipe, de modo que um ou mais profissionais realizam a primeira escuta, negociando com os usuários as ofertas mais adequadas para responder às suas necessidades.
Utilizamos diferentes maneiras de desenvolver esta modelagem; apenas para citar algumas: a) o enfermeiro de cada equipe realiza a primeira escuta, atendendo à demanda espontânea da população residente na sua área de abrangência e também os seus usuários agendados; nestas situações, o médico faz a retaguarda para os casos agudos da sua área e também atende os usuários agendados; b) mais de um profissional está simultaneamente realizando a primeira escuta dos usuários de sua área de abrangência organizando o acesso dos usuários num determinado momento, posteriormente assumindo suas demais atribuições, a enfermeiro realiza a primeira escuta do acolhimento até determinada hora, a partir da qual desempenha outras atribuições, passando a primeira escuta do acolhimento a ser realizada pelo técnico de enfermagem, estando o enfermeiro e o médico na retaguarda. A principal vantagem dessa modelagem é a potencialização do vínculo e responsabilização entre equipe e população.
O técnico de enfermagem da equipe fica na linha de frente do acolhimento, atendendo aos usuários que chegam por demanda espontânea. Nossa área tem os problemas citados na metodologia de abordagem, que, por sua vez não mescla totalmente a classificação de risco com a vulnerabilidade social e densidade populacional.
Como mudança positiva destaca-se a solidariedade entre trabalhadores e usuários, que os trabalhadores compreendem as angústias e os diferentes critérios de urgência construídos legitimamente por parte dos usuários; que os usuários compreendem o esforço dos trabalhadores em organizar o acesso de modo a garantir a melhor qualidade no cuidado a todos.
Referente as potencialidades encontradas na realização dessa microintervenção, tempos o apoio constante da equipe multidisciplinar bem como o apoio dos gestores locais. As dificuldades encontradas foram em relação a compreensão da população sobre o novo método de triagem com a classificação de risco, mas aos poucos foram se familiarizando.
As mudanças que ocorreram com essa microintervenção foram nítidas, referentes a agilidade no atendimento, podendo atender um número maior de consultas por dia; ao conforto e bem-estar do paciente, que esperou menos tempo na fila; a uma melhor organização do fluxo de trabalho e conscientização da equipe.
Com a continuidade dessa estratégia de acolhimento, espero que os resultados sejam cada vez mais positivos, e que possamos atender um numero cada vez maior de usuários que dependem dos serviços de saúde e estão carentes de um bom atendimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – 1. ed.; 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento à demanda espontânea. Secretaria de Atenção à Saúde. 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.488/GM, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Seção 1, 24 out. p. 48-55, 2011.
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