TÍTULO: A DEMANDA PROGRAMADA COMO MARCADOR SENSÍVEL DO PERFIL DE SAÚDE DO USUÁRIO
ESPECIALIZANDO: Indy Lopes Batista
ORIENTADOR: Maria Betânia Morais de Paiva
COLABORADORES: Ana Célia Maria Gadelha
Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) o Brasil tem 207 milhões de habitantes e no momento atual, 77% são dependentes do SUS, que comemora 30 anos em 2018. Toda essa população é acompanhada na Atenção Primária à Saúde (APS), e uma boa parte é cadastrada na Estratégia Saúde da Família (ESF), que com suas 43 mil equipes, atendem 135 milhões de pessoas. A Unidade Básica de Saúde (UBS) é o lugar para o cuidado integral das pessoas, devendo ser a porta de entrada para quase todos os problemas de saúde, especialmente os mais comuns, e ser resolutiva em cerca de 90% dos casos. São responsáveis pelo oferecimento de serviços de assistência à saúde, mas também ações de prevenção, cura e reabilitação para maximizar a saúde e o bem-estar, sempre considerando o contexto onde a pessoa está inserida (SBMFC, 2017).
As UBS oferecem assistência a casos urgentes, como dores fortes, febre, dificuldade para respirar, e também são efetivas para cuidar de pessoas com problemas crônicos como hipertensão, diabetes, asma, dores crônicas e problemas de saúde mental como depressão e ansiedade, além da realização de ações de caráter preventivo como consultas de pré-natal e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de crianças. As ações são desenvolvidas não apenas no consultório, mas também por atendimento domiciliar e proporcionam não só resultados como a redução do número de internações por condições sensíveis à Atenção Básica (AB), mas também, a diminuição das taxas de morbimortalidade em crianças menores de 1 ano, gestantes e portadores de doenças crônicas (SBMFC, 2017).
Muitas vezes, a “qualidade” da oferta de serviços na APS leva muitos usuários buscarem tratamento apenas em situações agudas. Porém, compreende-se que a APS é o campo que melhor deve acolher as pessoas nas suas enfermidades, com um cuidado integral e longitudinal. Assim, é importante conhecer o perfil da demanda espontânea, atentando para que não se faça uma assistência fragmentada e pontual.
O projeto consistiu em identificar os sinais e/ou sintomas ou condições de morbidade mais prevalentes na demanda programada e espontânea da equipe 113, da UBS do Vale Dourado, no período de março a maio do ano de 2018 e com isso, estabelecer intervenção em nível comunitário com soluções de melhor impacto, os condicionantes e determinantes desses problemas de saúde prevalentes. Essa medida amplia o campo da intervenção para além do biológico e incorpora a tecnologia da promoção da saúde. Os dados são oriundos do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) e o próprio programa quantifica e classifica as condições pelos sistemas de Classificação Internacional de Doença (CID-10) e Classificação Internacional de Atenção Primária (CIAP), sendo dispostos em formato de tabelas (Figuras 1, 2 e 3).
A promoção da saúde é uma função essencial da saúde pública. Segundo a Carta de Otawa, em 1986, tem-se a definição de promoção da saúde como “o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação da comunidade no controle desse processo”. A Carta de Otawa preconizava também cinco campos de ação para a promoção da saúde: elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis; criação de ambientes favoráveis à saúde; reforço da ação comunitária; desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação do sistema de saúde.
Fundamentados nessas concepções, é que apontamos a necessidade de que sejam promovidas ações de saúde voltadas para intervirem nos problemas de saúde da comunidade com proposição de um trabalho intersetorial que envolva os profissionais de saúde, as famílias, a escola, entre outros. A microintervenção sugere a discussão das queixas mais prevalentes, seus condicionantes e determinantes e, conseqüentemente, as formas de intervenção. Assim, a ação intersetorial e a construção de alianças estão entre as frentes de trabalho que têm maior poder de resolutividade dos problemas de saúde encontrados nessa população.
Conclui-se de fato que as condições mais prevalentes realmente são as doenças/condições crônicas não-transmissíveis (DCNT) sendo elas a hipertensão, obesidade, diabetes mellitus, dislipidemia, tabagismo, doenças psiquiátricas e neurológicas. Podendo algumas condições sobreporem-se no mesmo usuário. Elencando esse ranking insere-se também o atendimento a gestante no programa de pré-natal. Viu-se alto índice de quadros virais, principalmente, em nível de trato respiratório, os quais correspondem as principais queixas da demanda espontânea e têm seu aumento justificado pela estação do ano e alterações climáticas do período vigente. Em relação às doenças, este levantamento de dados foi ao encontro dos dados da literatura, revelando que a hipertensão arterial sistêmica e o diabetes mellitus são as mais prevalentes na Atenção Básica (AB), corroborando os esforços para o diagnóstico e seguimento dessas patologias. O objetivo da intervenção consistiu em levar a informação aos usuários sobre a importância do conhecimento dos fatores modificáveis das DCNT como o uso do tabaco, a inatividade física, o uso nocivo do álcool, dietas pouco saudáveis e o combate aos mesmos como medida adjuvante no controle da sua condição de saúde.
Referências
BRASIL.Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Disponível em: <www.sbmfc.org.br/default.asp?site_Acao=MostraPagina&PaginaId=11&mNoti_Acao=mostraNoticia noticiaId=1273.> Acesso em 03 ago.2018.
BRASIL.Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade (SBMFC). Disponível em: <www.sbmfc.org.br/default.asp?site_Acao=MostraPagina&PaginaId=11&mNoti_Acao=mostraNoticia noticiaId=1273.> Acesso em 03 ago.2018.
CANADÁ.Carta de Ottawa. In: 1ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. Ottawa, Canadá,1986. Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carta_ottawa.pdf > Acesso em 03 ago.2018.
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